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Actualizado de Segunda a Sexta

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Economia e Negócios

O Indicador do Clima Económico (ICE) registou um agravamento ligeiro, apontando para uma avaliação negativa durante o mês de Fevereiro, apesar dos indicadores de perspectiva de emprego e da procura mostrarem uma trajectória ascendente para os meses seguintes. Esta informação foi tornada pública esta terça-feira (06), pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

 

Num comunicado enviado à nossa Redacção, o INE descreve que a situação desfavorável da conjuntura económica moçambicana ficou a dever-se à apreciação negativa dos sectores de alojamento, restauração e similares, bem como do sector de construção, suplantando assim as avaliações abonatórias dos sectores de comércio, de produção industrial e de outros serviços não financeiros.

 

“No período em análise, o indicador da perspectiva da procura registou uma subida ligeira, facto que acontece após um ligeiro abrandamento no mês anterior. Entretanto, o respectivo saldo manteve-se abaixo da média da série temporal em referência, tendo o indicador de emprego futuro sido ligeiramente favorável se comparado com o mês anterior, mostrando, assim, sinais de recuperação para os próximos meses”, lê-se no documento.

 

A nossa fonte avança que no mesmo período a expectativa dos preços de bens e de serviços continuou em queda pelo segundo mês consecutivo, ainda que de forma ligeira, se comparado com o mês de Janeiro, tendo o respectivo saldo permanecido abaixo da média da sua série temporal.

 

De acordo com o INE, em média, 58% das empresas inquiridas enfrentaram algum obstáculo durante o mês de Fevereiro, o que representou um incremento de 4% de empresas com dificuldades face ao mês anterior.

 

“O aumento de empresas com constrangimentos no mês em análise foi influenciado, principalmente, pelo incremento de empresas com dificuldades em todos os sectores, com maior destaque para os sectores de alojamento, restauração e similares (75%), produção industrial (65%), de transportes (58%) e de comércio (57%), com a maior frequência relativamente aos outros sectores de inquérito”, concluiu a nota do INE. (Carta)

Após o lançamento amplamente aclamado do segundo livro de NJ Ayuk, CEO da Centurion Law Group (www.CenturionLG.com) e Presidente Executivo da Câmara Africana de Energia (www.EnergyChamber.org), Biliões Em Jogo: O Futuro Da Energia E Dos Negócios Em África, este ousado e deliberado livro tornou-se no e-book mais vendido da Amazon, no 2º e-book mais vendido do Wall Street Journal, no 4º e-book mais vendido da lista de não-ficção business do USA Today e no 10º mais vendido da lista combinada de não-ficção do Wall Street Journal.

Biliões Em Jogo tornou-se o número um na Amazon em várias categorias apenas alguns dias após o seu lançamento inicial em 2019, tornando-o num dos livros mais vendidos sobre a energia de África. Esta segunda edição, que abre mais uma vez com um prefácio de S.E. Mohamed Sanusi Barkindo, Secretário-Geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), apresenta um novo capítulo dedicado ao impacto da pandemia COVID-19 nos mercados de petróleo africanos, narrado por Adera Gandy e Boet Schouwinck.

Numa forte indicação da popularidade de Ayuk em todo o mundo, Biliões Em Jogo: O Futuro Da Energia E Dos Negócios Em África vendeu 7.020 unidades com um pico de vendas a atingir 2.803 unidades num só dia. Esta é uma ótima notícia porque prova que ainda podemos contar a complexa história da energia de África com uma narrativa de esperança e ainda assim ser um best-seller nos Estados Unidos. Não temos que ser negativos ou continuar a sustentar uma mentalidade de individualismo destrutivo que nunca nos ajudou.

Qualquer conquista perde sentido sem agradecer a todas as mãos e corações que nos ajudaram a atingi-la. Agradeço-vos muito e continuo a expressar os meus pensamentos e experiências da melhor maneira que sei'', disse NJ Ayuk.

O best-seller da Amazon descreve o caminho para o plano de recuperação do continente, procurando dissecar a necessidade de legislação e de política energética, a falta de acesso à energia, o papel que o acesso à energia fiável, sustentável e acessível pode desempenhar na aceleração do crescimento económico e, talvez o mais importante, o porquê da indústria energética do continente precisar de mais mulheres.

 

O livro está atualmente disponível nos principais distribuidores, incluindo Exclusivebooks.com (https://bit.ly/3sWb3N3), TakeAlot.com (https://bit.ly/3fO1yLV), Google Books (https://bit.ly/3uvt1WO), eBooks.com (https://bit.ly/3ww1K8E), Kindle (https://amzn.to/31NrLlQ) e muitos mais!(Carta)

A Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) considera que a recente decisão do Governo de rever a exclusividade atribuída à Sociedade Portos de Cabo Delgado (PCD), na gestão dos Terminais Portuários e Logísticos de Pemba e Palma, é plausível, mas diz haver riscos que podem afectar as empresas. Tais riscos centram-se no abandono da utilização daquelas infra-estruturas por causa da insegurança.

 

Em representação do sector empresarial privado do país, a CTA fundamenta que a medida é plausível por abrir espaço para que outros portos nacionais entrem na logística de hidrocarbonetos.

 

Em contrapartida, disse o Director Executivo da Confederação, Eduardo Sengo, a retirada da exclusividade pode afectar o conteúdo local, pois, por questões de insegurança, as petrolíferas que operam em Cabo Delgado podem não utilizar aquelas bases logísticas, por portos estrangeiros, por exemplo, da vizinha Tanzânia.

 

Face ao risco de abandono dos Terminais Portuários e Logísticos de Pemba e Palma, Sengo diz que o Governo deve estar atento para que as empresas nacionais, principalmente as Pequenas em Médias Empresas que prestam serviço às petrolíferas, não fiquem sem negócio, o que vai afectar o desenvolvimento do conteúdo local.

 

Refira-se que a justificação do Governo para rever os Termos da Concessão dos Terminais Portuários e Logísticos de Pemba e Palma, aprovados pelo Decreto n.º 87/2013, de 31 de Dezembro, é de querer assegurar a defesa do interesse nacional, a salvaguarda das relações e actividades dos agentes económicos e todos os intervenientes na logística de hidrocarbonetos e a promoção contínua do desenvolvimento sócio-económico da região. (Evaristo Chilingue)

A empresa pública Aeroportos de Moçambique (ADM) garante que o aeroporto de Chongoene, em construção na província de Gaza, estará pronto até Outubro próximo. A garantia é dada pelo Administrador Financeiro e Porta-voz da instituição, Saíde Júnior.

 

Em entrevista exclusiva à “Carta”, Júnior lembrou que por efeitos da crise pandémica, as obras de construção da infra-estrutura demoraram um semestre, mas garantiu-nos que daqui a seis meses o aeroporto estará aberto ao tráfego aéreo nacional e regional.

 

Em termos de execução da infra-estrutura, que conta com um terminal de carga de 300 metros quadrados, o nosso entrevistado falou de níveis acima de 80%.

 

Refira-se que um ano antes do término das obras, a ADM desencadeou uma campanha, em que prevê investir 1.6 milhão de Meticais em marketing daquele aeroporto, de modo a evitar que após abertura ao tráfego não se torne num “elefante branco”, como o aeroporto internacional de Nacala, na província de Nampula.

 

Conforme noticiamos recentemente, o investimento está a ser aplicado para a realização de actividades como reuniões, espectáculos musicais, material de publicidade e campanhas de comunicação, formação de pessoal de atendimento/protocolo, técnico e operacional para o acto de inauguração da infra-estrutura.

 

Ademais, a empresa pública que gere os aeroportos em Moçambique pretende tornar aquela infra-estrutura sustentável, através do desenvolvimento de diversos negócios, com destaque para turísticos e logísticos.

 

O aeroporto de Chongoene está projectado para receber 220 mil passageiros por ano. A infra-estrutura está avaliada em 60.3 milhões de USD, financiados pela China. (Evaristo Chilingue)

Volvidos dois meses após a entrada em funcionamento do Sistema de Bilhética Electrónica, introduzido pela Agência Metropolitana de Transportes de Maputo (AMTM), com objectivo de modernizar o processo de cobrança nos transportes urbanos de passageiros, há utentes que já abandonam o serviço devido a falhas no seu funcionamento. As constantes “faltas de sistema” e a duplicação ou mesmo triplicação de cobranças das tarifas são algumas das razões que levam alguns utentes a abandonar o serviço.

 

Lembre-se que o sistema de bilhética electrónica foi introduzido no passado dia 01 de Fevereiro em quatro corredores (6, 5, 3 e 4), abrangendo 46 rotas. O sistema está sendo operado pela empresa tanzaniana Maxcom e é avaliado em mais de 1.4 bilião de Meticais.

 

“Carta” visitou, há dias, o maior terminal de transportes públicos da cidade de Maputo (o da Praça dos Trabalhadores), de modo a ver in loco a operacionalização do projecto, assim como “medir” a satisfação dos clientes em torno do mesmo. Essencialmente, queríamos saber que mudanças o sistema trouxe na vida dos utentes e se o mesmo corresponde às expectativas.

 

Durante o período em que a nossa reportagem esteve no local foi possível contar a dedo os passageiros que passavam o seu cartão para efeitos de pagamento da tarifa referente às suas viagens. Dos autocarros que pudemos testemunhar a chegar a partir, menos de 10 pessoas recorreram ao famoso “cartão FAMBA” para pagar as suas viagens.

 

Claúdia Nhamposse, de 33 anos de idade e residente no Distrito Municipal KaTembe, é uma das citadinas da capital do país que parou de recorrer ao Sistema de Bilhética Electrónica para efectuar o pagamento das suas viagens.

 

Explica que desistiu do serviço pelo facto de não ter conseguido, por duas vezes, passar o cartão na saída devido à enchente que se registava na porta de saída do autocarro (que lhe obrigou a usar a porta de entrada) e nas viagens seguintes constatar que o valor havia sumido. Sublinhar que o passageiro é obrigado a passar o cartão na máquina à entrada e à saída do autocarro.

 

“Quando comecei a usar este cartão, convidei a minha família a aderir, porque pensei nos vários benefícios que teria. Mas parei de usar por várias irregularidades. Por vezes entrava no autocarro e não tinha sistema e quando eu não tivesse valor no bolso o cobrador mandava descer”, revela a fonte.

 

Quem também irá parar de usar o “cartão FAMBA” é Elisa Tembe, de 27 anos de idade. À “Carta” afirmou que irá cessar o seu contrato com o serviço pelo facto de ter “gasto” o dinheiro reservado ao mês em apenas 15 dias, devido às constantes falhas do sistema.

 

“Eu já atrasei ao serviço por não ter dinheiro para pagar o transporte. Confiei no meu cartão e quando entrei no autocarro havia falha de sistema e tive de pedir a uma vizinha pagar para mim. Outra situação que me deixou constrangida foi por conta de uma viagem que me esqueci de passar o cartão na saída e quando fui viajar dia seguinte, me retiraram um valor a mais”, referiu.

 

Já João Muchanga, de 49 anos de idade, também residente em KaTembe, admite ainda estar a usar o cartão, mas garante não se sentir satisfeito pelos serviços oferecidos. “Já tive várias situações em que desci e, ao invés de me cobrarem a tarifa correspondente, cobravam valores exagerados. Por exemplo, já fui cobrado 12 Meticais, numa viagem que devia pagar 10 Meticais e fui retirado 15, onde devia pagar 12 Meticais”, conta o utente, sublinhando já ter reclamado junto aos provedores do serviço, mas sem solução.

 

AMTM admite falhas, mas fala de erros dos passageiros

 

“Carta” conversou com a Agência Metropolitana de Transportes de Maputo (AMTM), na pessoa do Gestor do projecto, José Nhavotso, que admitiu as falhas de ambas partes (do sistema e dos passageiros), justificando com o facto de o sistema ainda ser novo para os passageiros e operadores.

 

Segundo Nhavotso, o passageiro paga pela viagem realizada, através da marcação na entrada e na saída, pelo que, nos casos em que os passageiros se esquecem de passar o cartão na saída, a Agência não se responsabiliza pelos danos. “Os passageiros têm de se lembrar sempre de fazer a marcação na saída para que não sofram as consequências de descontos frequentes”, afirmou.

 

Questionado sobre a duplicação/triplicação na cobrança de tarifas, a fonte respondeu: “já tivemos várias reclamações de sumiço de valores nos cartões, entretanto, nós procuramos explicar aos passageiros que é por não terem feito a marcação na saída no local onde desceram. Mas também já tivemos casos de erros operacionais, onde os nossos operadores fazem desvio ou encurtamento de rota e, neste caso, a consequência directa disso recai para o passageiro”.

 

Relativamente ao famoso “não há sistema”, José Nhavotso recomenda os passageiros a levarem consigo o dinheiro, de modo a não serem retirados dos autocarros pelas falhas no sistema de pagamento electrónico. Porém, revela haver situações em que os próprios operadores desligam as máquinas.

 

“Em relação às desistências, na nossa interpretação podem ser por falta de confiança no sistema por ser novo ou porque podem ter passado por uma situação de ter um erro operacional e os passageiros já não acreditam muito que estes erros sejam temporários. Outros passageiros desistem de usar o cartão porque acham que não é conveniente ir à cabine para recarregar, pois, em toda a área metropolitana, existem apenas 49 cabines de recarregamento e outros passageiros não sabem que podem fazer o recarregamento via Mpesa”, acrescentou Nhavotso.

 

Refira-se que a Maxcom venceu a concorrência do consórcio moçambicano Sir Comércio Internacional e BCI; da CC Investimento, SA; do Consórcio ITC-Works; e da SA Transit Connect. (Marta Afonso)

Face a esta nova vaga de propagação da pandemia do novo coronavírus que aumenta as incertezas sobre o futuro, com impactos cada vez mais visíveis no sector empresarial, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) diz ser urgente a adopção de novas medidas de estímulo e apoio ao sector empresarial.

 

Das várias medidas, a CTA quer que se trave a introdução ou agravamento de quaisquer taxas e impostos, pois, mesmo num contexto altamente desafiador como este, tem-se assistido um grande apetite do Governo, particularmente a nível dos Municípios, de introdução ou agravamento de taxas e/ou impostos que aumentam o sufoco do sector empresarial.

 

Falando em conferência de imprensa, que antecipa as decisões do Governo para o próximo Estado de Calamidade Pública, o vice-presidente da CTA, Prakash Prehlad, referiu que, apesar dos desafios que se afiguram devido a este quadro adverso, o sector empresarial vem tentando sobreviver aos impactos negativos desta crise, mantendo a sua actividade e salvaguardando os postos de trabalho.

 

“Portanto, para valorizar este esforço e evitar o colapso do sector empresarial e da economia de forma geral, defendemos que se deve, imediatamente, travar todas as intenções de introduzir ou agravar taxas e/ou impostos durante o período da crise, impelindo, assim, o agravamento da carga tributária que já se afigura bastante pesada para as empresas nacionais, particularmente para as Pequenas e Médias Empresas”, afirmou o empresário.

 

Noutro desenvolvimento, Prehlad propôs prorrogação, adaptação e alargamento da abrangência da medida referente à redução do custo de electricidade, por um período de 12 meses e, por outro lado, seja reestruturada de modo que seja mais abrangente, incluindo, para além das Pequenas e Médias Empresas, as empresas de todas as dimensões dos sectores críticos mais afectados pela pandemia, tais como o sector da hotelaria e restauração, comércio e agricultura.

 

A CTA exige ainda o pagamento das dívidas do Estado com as empresas. Concretamente, quer que o Governo acelere a liquidação das dívidas junto das empresas, incluindo dívidas referentes ao fornecimento de bens e serviços e o reembolso do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA), de modo a capitalizá-las, evitando, assim, um colapso do tecido empresarial. Uma outra alternativa seria a titularização destas dívidas e permitir que títulos possam ser usados para o pagamento de impostos e demais obrigações com o Estado.

 

O sector privado defende ainda a reestruturação da linha de financiamento em moeda estrageira (linha dos 500 Milhões de USD), pois, segundo Prehlad, desde a introdução desta linha de financiamento (no segundo semestre de 2020), nota-se que os bancos comerciais, praticamente, não a utilizaram devido, essencialmente, ao facto de ser uma linha comercial com uma taxa de juros pouco razoável, de cerca de 7%.

 

Na óptica da CTA, para que esta linha seja efectivamente utilizada pela banca comercial, que irá posteriormente repassar o efeito para a economia real, é necessário que seja reestruturada de tal forma que os 500 milhões de USD sejam transaccionados no Mercado Cambial Interbancário (MCI), através de uma operação de venda directa aos bancos comerciais.

 

Enfim, o vice-presidente da CTA sublinha que, com esta postura, será possível limitar a forte depreciação cambial que vem caracterizando a economia moçambicana, aumentando a oferta de moeda externa no mercado, minimizando, assim, o excesso de procura. (Evaristo Chilingue)