Mais de 900 empresas concorreram à linha de 1,6 mil milhões de meticais (quase 19 milhões de euros) face à covid-19 e seriam necessários mais 8,4 mil milhões de meticais (99 milhões de euros) para responder à procura, anunciou ontem o BNI.
No total, 925 empresas concorreram a linha de financiamento disponibilizada pelo Governo face ao impacto da covid-19 e, segundo o presidente do Banco Nacional de Investimento (BNI), Tomás Matola, a procura por apoio foi maior do que a instituição esperava, havendo um défice de 8,4 mil milhões de meticais para responder à demanda.
"Estamos a trabalhar com os nossos parceiros para ver se conseguimos incrementar este valor e muito provavelmente vamos conseguir", declarou Tomás Matola, durante uma conferência de imprensa que marcou o encerramento da submissão de candidaturas para a linha de financiamento.
Segundo a fonte, as empresas do ramo comercial foram as que mais pediram o apoio, com 37 %, seguido do setor da hotelaria e turismo, com 10 %, sendo que os restantes pedidos foram de empresas de áreas como a agricultura, transporte, construção, educação, entre outras.
Do total de pedidos, 515 (55%) são de empresas do Sul do país, 230 do Centro e 180 do Norte de Moçambique, acrescentou Tomás Matola.
Das propostas que o BNI recebeu, pelo menos 225 já foram analisadas e, deste número, a entidade aprovou 100, 50% das quais de empresas da zona Sul, 35 do Centro e 15 do Norte.
Dos 1,6 mil milhões de meticais disponíveis para as empresas, mil milhões ( 11 milhões de euros) foram disponibilizados pelo Governo e 600 milhões ( 7, 4 milhões de euros) são do BNI.
O fundo foi anunciado em maio pelo Governo moçambicano, no âmbito das medidas económicas visando a mitigação dos efeitos do novo coronavírus.
A taxa de juro do financiamento será de 8% a 12%, em função do perfil de risco do devedor, mas sempre abaixo da taxa de juro de referência ('prime rate') fixada pelo Banco de Moçambique e Associação Moçambicana de Bancos.
O fundo destina-se ao apoio à tesouraria e às necessidades de investimento e aquisição de equipamento das empresas, bem como a manutenção e geração de novos postos de trabalho face ao efeito do novo coronavírus.
Moçambique regista um total de 6.912 casos positivos, 44 óbitos e 3.738 (54%) pessoas recuperadas, segundo as últimas atualizações do Ministério da Saúde.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 961.531 mortos e mais de 31,1 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios. (LUSA)
Em Julho último, o indicador de confiança do sector de produção industrial, que inclui a distribuição de electricidade e de água, mostrou sinais de recuperação, ao interromper o perfil descendente que vinha registando, desde o mês de Fevereiro, tendo o respectivo saldo continuado abaixo da média da respectiva série cronológica.
O boletim mensal, “Indicadores de Confiança e de Clima Económico” do Instituto Nacional de Estatística (INE), mostra que, em Junho, o sector contabilizou 75,6 pontos, mas, em Julho, os empresários foram relativamente mais confiantes, tendo o indicador crescido para 83.3 pontos.
“Esse comportamento ligeiramente favorável da confiança resulta do incremento substancial da actividade actual e da perspectiva da procura, num horizonte de curto prazo, facto acompanhado pelo ligeiro incremento da perspectiva de emprego no mesmo período de referência”, concluiu o INE.
Todavia, a autoridade estatística observou que, por causa da crise pandémica, o volume de negócios da actividade em análise registou uma queda substancial, facto que permitiu que os stocks se mantivessem acima do normal, embora os empresários nesse sector perspectivem preços baixos no futuro.
O INE revela ainda que cerca de 64% das empresas deste sector tiveram constrangimentos no período em análise, o que representou um incremento de 3% de empresas com dificuldades no desempenho das suas actividades face ao mês anterior.
A nossa fonte aponta vários factores que continuaram a afectar o sector de produção industrial, de electricidade e água, tendo destacado a falta de matéria-prima (28%), a concorrência (15%) e os outros factores não especificados (29%), como obstáculos mais importantes. (Carta)
O Aeródromo da vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado, já se encontra reerguido, cinco meses após um ataque protagonizado por terroristas, que, há quase três anos, matam, destroem e semeiam dor naquela província nortenha do país e rica em recursos minerais.
Mocímboa da Praia é um dos distritos que tem sido palco do terrorismo, que assola a província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017. Mergulhado nesse clima, a 23 de Março passado, o aeródromo local sofreu um ataque e ficou parcialmente destruído.
Todavia, cinco meses depois, fonte próxima à empresa Aeroportos de Moçambique (ADM) disse à “Carta” que a infra-estrutura já está totalmente reerguida. Com a reabilitação concluída, há mais de um mês, a fonte acrescentou que a empresa gastou quase meio milhão de Meticais.
O Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Instituto Nacional de Aviação Civil (IACM), João de Abreu, disse que o aeródromo já se encontra operacional. Aliás, o IACM não chegou ao ponto de suspender o tráfego aéreo, porque a pista não foi destruída, senão os escritórios, anotou De Abreu.
Lembre-se, o ataque aos escritórios do aeródromo aconteceu na madrugada da referida data, levado a cabo por um grupo de homens armados.
Em vídeo posto a circular nas redes sociais, pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FADM) após escalar o local, vê-se ainda a destruição total de um veículo da ADM, tipo dupla cabine, marca Mahindra. Outro veículo da empresa é um mini-autocarro, de 15 lugares, marca Toyota, que foi vandalizado e deixado com a porta aberta.
Dois oficiais das FADM dizem, no filme, que o nível de destruição da infra-estrutura mostra um elevado poder bélico dos insurgentes.
“Esse foi o último cenário que passamos aqui na vila de Mocímboa da Praia. Como as imagens ilustram, não foi nada fácil. Verdadeiramente, os insurgentes vieram com tudo para acabar com essa nossa bela vila, Mocímboa da Praia. Trabalhamos no sentido de controlar tudo, mas os homens vieram com tudo. Aqui no Aeroporto, tentamos defender, mas eles usaram mesmo armas pesadas”, relatam os autores do vídeo, acompanhados por mais outros dois oficiais das FADM.
A destruição do aeródromo aconteceu dois anos depois de reaberto ao tráfego, após uma reabilitação que custou aos ADM 24 milhões de Meticais. (Evaristo Chilingue)
A União Europeia (UE) poderá tornar-se num novo parceiro do Programa SUSTENTA, um programa de gestão integrada de agricultura e recursos naturais, implementado pelo Governo de Moçambique, através do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER).
A garantia foi dada na última sexta-feira, pelo respectivo Embaixador, Sánchez-Benedito, em conversa com jornalistas, à margem da cerimónia de entrega de kits de produção aos agricultores da província de Gaza, no âmbito da implementação daquele Programa.
Segundo o Embaixador da UE, o Programa SUSTENTA está alinhado com a visão daquela organização, que olha para a agricultura como a base do desenvolvimento sustentável e duradouro do nosso país, pelo que está a analisar a forma de alinhar os projectos financiados pela sua organização com o programa do governo moçambicano.
Actualmente, revela Sánchez-Benedito, a UE está a implementar, no país, um programa, designado PROMOVE, que se destina ao desenvolvimento rural. O programa, avança a fonte, está orçado em 325 milhões de Euros e inclui uma componente de agro-negócio e nutrição.
“O trabalho que estamos a fazer com a equipa do MADER é de ver como alinhar estas intervenções dentro da visão do SUSTENTA”, disse Benedito, que sublinhou a importância do envolvimento do sector privado no projecto, de modo a se maximizar o potencial agrícola que o país tem.
Segundo aquele diplomata, o país precisa melhorar a qualidade da semente, da informação, assim como as práticas de cultivo, de modo a aumentar a sua auto-suficiência e a capacidade de exportação.
“A União Europeia oferece todo o mercado europeu à produção moçambicana livre de taxas alfandegárias. Ou seja, há uma liberdade absoluta a todos os produtores moçambicanos. O desafio fundamental é trabalhar com os agricultores a produzir dentro dos padrões de qualidade exigidos na União Europeia”, disse Sánchez-Benedito.
Para o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER), a possível entrada da UE, no grupo dos financiadores do Programa SUSTENTA, representa o trabalho contínuo de mobilização de recursos, feito pela sua equipa de trabalho.
Neste momento, refira-se, o Programa SUSTENTA tem como o seu maior financiador o Banco Mundial, que já injectou 500 milhões USD, porém, o titular da pasta da Agricultura garante que o projecto tem recebido também financiamentos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (IFAD, sigla em inglês), assim como fundos provenientes da racionalização dos recursos produzidos a nível do Ministério. (A.M.)
Uma análise feita pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) aponta que, até semana finda, o Banco Nacional de Investimento (BNI) tinha recebido 782 propostas/projectos de todo o país, que no seu todo ascendem a 8,9 mil milhões de Meticais, contra os 1,6 mil milhões de Meticais disponíveis, no âmbito das linhas de crédito “Gov. Covid-19” no valor de 1.000 milhões de Meticais, e “BNI Covid-19” no valor de 600 milhões de Meticais, para mitigar os efeitos da crise nas Pequenas e Médias Empresas.
Por outros termos, a análise da CTA mostra que a demanda pelas duas linhas de crédito superou o montante disponível em mais de 7,3 mil milhões de Meticais, ou seja, está acima do montante disponível em cerca de 458%.
Dados do BNI, facultados àquela Confederação, detalham que, das 782 propostas, 455 (58%) são da zona sul, 204 (26%) são da zona centro e 123 (16%) da zona norte. Em termos de montantes demandados, dos cerca de 8,9 mil milhões de meticais demandados, cerca de 5,2 mil milhões são da zona sul, cerca de 1,7 mil milhões são da zona centro e cerca de 2,1 são da zona norte.
Em termos de massa laboral, a nossa fonte apurou que, das 782 propostas submetidas, empregam, actualmente, 17.636 trabalhadores, sendo 12.171 da zona sul, 3.665 da zona centro e 1,800 da zona norte.
“Analisando os dados, conclui-se que as zonas centro e norte representam cerca de 42% das propostas submetidas, desde o início do processo. A maior manifestação de interesse regista-se no sector de comércio com cerca de 3.4 mil milhões de Meticais, equivalente a 38%”, lê-se na análise publicada na última Newsletter da CTA.
Do universo das propostas submetidas, consta que, até semana finda, o BNI já tinha avaliado 148 propostas e 81 aprovado, das quais: 39 (48.2%) são da zona sul; 27 (33.3%) da zona centro; e 15 (18.5%) da zona norte, no montante de cerca de 804 milhões de Meticais, sendo que cerca de 451 milhões (56%) são da zona sul; 227 milhões (28%) são da zona centro; e 126 milhões (16%) são da zona norte.
Com base nesse nível de demanda, pode depreender-se que, até próxima semana, o BNI poderá não ter verba para apoiar as empresas, daí ser importante que o Governo aprovasse mais apoio ao sector empresarial. (Carta)
O Instituto Nacional de Aviação Civil (IACM) esclarece que Portugal, Turquia, Qatar, Etiópia, Quénia e África do Sul constam da Circular de Informação Aeronáutica (CIA), de 11 de Setembro corrente, por terem sido, até à data, os únicos países que solicitaram a retoma de voos regulares de transporte de passageiros e carga em regime de reciprocidade. Todavia, nos próximos tempos, a lista de países irá aumentar.
Em conversa telefónica com a “Carta”, o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do IACM, João de Abreu, deu exemplo da Transportadora Aérea de Angola (TAAG), país próximo, mas que não faz parte da lista porque até ao momento ainda não pediu a retoma de voos. Além disso, aquele gestor esclareceu também que a CIA não é definitiva, pelo que as informações que nela constam deverão ser alteradas assim que as necessidades demandarem.
Sobre a retoma de voos regulares internacionais, o PCA do IACM esclareceu ainda que, até esta quinta-feira (17), nenhum país tinha já efectuado voo a Moçambique, pois, depois da paragem de seis meses, as companhias ainda estão a preparar-se. “Prevemos que comecem a operar voos entre finais de Setembro corrente, a inícios de Outubro próximo. Todavia, até ao momento, dos seis, só Portugal, Etiópia e Qatar é que manifestaram interesse”, disse De Abreu.
Desconhecidos também continuam os dias da semana em que as companhias aéreas irão realizar voos para Moçambique.
No âmbito da retoma de voos internacionais em regime de reciprocidade para permitir a entrada de especialistas, turistas, para animar a economia nacional, o IACM determina na CIA, da qual já noticiamos, que todos os passageiros que estejam a chegar ao país devem, de entre outras medidas, apresentar um comprovativo de teste com resultado negativo da Covid-19, realizado no país de origem nas últimas 72 horas antes da partida.
Em coordenação com as autoridades sanitárias, o IACM exige também que os membros da tripulação devem ser sujeitos a uma estrita quarentena obrigatória sob supervisão do Estado, durante o período máximo de 24 horas de seu descanso de rotação.
No interior das aeronaves, a autoridade reguladora de aviação emana, em circular, o uso de máscaras, distanciamento social recomendado e que os aviões devem ser equipados com um ou mais kits de precaução universais, que devem ser usados para proteger os tripulantes. Exige ainda a desinfecção dos passageiros e carga, tudo com vista a evitar a importação e transmissão do novo coronavírus no transporte aéreo. (Evaristo Chilingue)