A Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM) vai investir 200 milhões de USD na reconstrução da linha de Machipanda para prestar melhores serviços e processar mais carga para os países em acesso ao mar, caso do Zimbabwe, anunciou o presidente da estatal. A linha de Machipanda, com uma extensão de 318 quilómetros, ligando o porto da Beira ao Zimbabwe, é crucial para a economia deste país e para a região centro de Moçambique, tendo sofrido estragos em algumas partes do percurso devido à passagem da tempestade tropical Idai.
O anúncio foi feito pelo presidente da CFM, Miguel Matabel, na cerimónia de início da entrada ao serviço de cinco novas locomotivas e 300 vagões-plataforma, usados no transporte de carga em contentor, ocorrida em Maputo na estação central da empresa, segundo a agência noticiosa AIM. A CFM registou em 2018 um resultado líquido de 2,5 mil milhões de Meticais (cerca de 40 milhões de USD), tendo a carga processada nos terminais ferroviários geridos pela empresa, de 7,5 milhões de toneladas, representado um aumento de 19% comparativamente aos 6,3 milhões de toneladas contabilizados em 2017. O sistema portuário global registou, em 2018, um crescimento de 4,5%, ao ter atingido cerca de 46 milhões de toneladas de carga processada, contra cerca de 44 milhões de toneladas em 2017. (Macauhub)
A petrolífera norte-americana Occidental anunciou que tem um acordo com a Total para vender os ativos da Anadarko em África, incluindo Moçambique, por 8,8 mil milhões de dólares, se a operação da compra for aprovada pelos acionistas.
"O valor de 8,8 mil milhões de dólares a ser recebido pelas operações em África representa um valor atrativo baseado na nossa extensiva avaliação nos últimos 18 meses”, escreveu a presidente executiva da Occidental, Vicki Hollub, num comunicado divulgado esta manhã, referindo-se à venda dos ativos africanos da Anadarko à Total, pela Occidental.
“A Total tem uma experiência extensa de trabalho em África e está bem posicionada para maximizar o valor destes ativos”, acrescentou a gestora da Occidental, que está a disputar com a Chevron a compra da petrolífera norte-americana Anadarko, líder do consórcio que explora a Área 1, em Moçambique.
Os ativos da Anadarko que passarão para a Total, caso a operação se concretize, incluem as explorações na Argélia, Gana, Moçambique e África do Sul, e centram a atividade da Occidental na Bacia Permiana, na América, de acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, que dá conta de que estes ativos africanos representam menos de 10% do total da atividade da petrolífera.
A Occidental está a disputar com a Chevron o controlo da Anadarko, que é uma das principais exploradoras da Bacia Permiana, uma zona de elevada rentabilidade entre o sul do Texas e o Novo México, na América do Norte.
A concretizar-se o negócio entre a Anadarko e a Occidental, a francesa Total acumularia, além da rede de estações de serviço que já tem em Moçambique, a exploração das vastas reservas de gás natural existentes no norte do país.
A Occidental, de acordo com a Bloomberg, ganhou recentemente o apoio financeiro do milionário norte-americano Warren Buffet, que investiu 10 mil milhões de dólares na petrolífera depois de uma visita da presidente executiva à sede da Berkshire Hathaway, no estado norte-americano do Nebrasca.
A Anadarko já confirmou oficialmente a receção da proposta, ao abrigo da qual os acionistas receberiam 57 mil milhões de dólares, mas com uma componente mais elevada em numerário; na proposta inicial, a Occidental oferecia 57 mil milhões de dólares, divididos entre numerário e ações, mas nesta nova proposta a percentagem a ser paga em dinheiro sobe para 78%, sendo os restantes 22% entregues em ações.
A Anadarko lidera o primeiro projeto de GNL 'onshore' em Moçambique. O grupo de empresas vai explorar o gás natural encontrado nas profundezas da crosta terrestre, sob o fundo do mar, a 16 quilómetros ao largo da província de Cabo Delgado.
Depois de extraído, através de furos, o gás será encaminhado por tubagens para a zona industrial a construir em terra, na península de Afungi, onde será transformado em líquido e conduzido para navios cargueiros com contentores especiais para exportação.
O plano prevê duas linhas de liquefação, instaladas em terra, e com capacidade anual de produção de 12 milhões de toneladas por ano de gás natural líquido.
Além da Anadarko, que lidera o consórcio com 26,5%, o grupo que explora a Área 1 é constituído pela japonesa Mitsui (20%), a indiana ONGC (16%), a petrolífera estatal moçambicana ENH (15%), cabendo participações menores a outras duas companhias indianas, Oil India Limited (4%) e Bharat Petro Resources (10%), e à tailandesa PTTEP (8,5%). (Lusa)
A Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) diz que o nível de contrafacção de produtos, em Moçambique, é crítico. Segundo a Inspectora-geral daquela instituição, Rita Freitas, o problema deve-se ao facto de, durante muito tempo, pouco ter sido feito para combater o problema e, como consequência, tendeu cada vez mais a aumentar a entrada de produtos contrafeitos.
Segundo a INAE, os produtos contrafeitos, em Moçambique, têm origem de vários países, mas com destaque para os asiáticos e sua presença é notória em todo o território nacional, mas principalmente nas zonas urbanas.
“No país há, neste momento, muitos produtos contrafeitos em armazéns clandestinos, outros à venda em estabelecimentos comerciais”, disse Rita Freitas.
Falando, há dias, em Maputo, no âmbito da celebração do dia mundial da Propriedade Intelectual (que se comemora a 26 de Abril), a inspectora-geral da INAE disse que a contrafacção lesa em grande medida os consumidores e a economia do país, pois, ao importar os produtos, os agentes económicos não o fazem como se se tratasse de originais.
“Não importam como marcas; importam como se fossem produtos usados e acabam pagando direitos sobre outros produtos e não daqueles que estão a importar”, explicou a inspectora.
A fonte acrescentou ainda que, ao comercializar produtos contrafeitos, os agentes económicos lesam também os donos ou representantes das marcas ou patentes, para além de enganar o consumidor que adquire o produto a pensar que é original.
Dos vários, Freitas afirmou que a contrafacção de produtos alimentares é mais crítica ainda porque põe em risco a saúde pública.
Relativamente a penalizações, dados fornecidos pela Inspectora-geral da INAE indicam que, em 2018, acima de 60 agentes económicos foram surpresos por essa prática e aproximadamente 20 neste ano.
“Só que os processos ainda não foram concluídos porque, depois de penalizarmos, nós submetemos à Procuradoria-Geral para o desfecho do processo e, por fim, os produtos são destruídos”, frisou Rita Freitas.
A penalização por contrafacção de produtos em Moçambique consiste em apreensão, multa de 112 salários mínimos para sociedades unipessoais e 224 para uma sociedade por cotas. (Evaristo Chilingue)
O Grupo Banco Mundial (BM) vai doar, o mais breve possível, 350 milhões de USD ao nosso país para a reconstrução da zona centro, após ser devastada pelo ciclone IDAI, em meados de Março último. A informação foi partilhada, na última sexta-feira (03 de Maio), pelo presidente daquela instituição, David Malpass, no âmbito da visita de dois dias que efectuou ao país.
Para além de Moçambique, o BM vai também apoiar outros países da região que foram assolados pelo ciclone, nomeadamente Malawi (120 milhões de USD) e Zimbabwe (75 milhões de USD). No total, o BM vai disponibilizar 700 milhões de USD (dos mais de meio bilião de USD que mobilizou) em apoio aos países atingidos pela tempestade. Daquele universo, os quase 150 milhões de USD foram recentemente fornecidos em recursos a partir de projectos existentes.
As doações enquadram-se na Janela de Resposta a Crises (CRW) da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) daquela instituição financeira mundial.
Falando a jornalistas, David Malpass explicou que Moçambique vai receber a metade do valor por ser o país mais atingido pela catástrofe na região. Disse também que o financiamento, a ser gerido pela equipa do BM em Moçambique, deverá servir para restabelecer o abastecimento de água, reconstruir infra-estruturas públicas, culturas danificadas, apoiar a prevenção de doenças, a segurança alimentar, a protecção social e os sistemas de aviso prévio nas comunidades que sofrem impactos.
“O ciclone IDAI causou danos catastróficos no início deste ano, que afectaram milhões de pessoas e essa tragédia foi agravada pelo ciclone Kenneth”, disse o Presidente do Grupo BM, após uma visita às áreas afectadas na cidade da Beira.
Relativamente ao mais recente ciclone que afectou a zona norte do país, com maior incidência para a província de Cabo Delgado, Malpass disse que a sua organização está também a trabalhar com Moçambique e as Ilhas Comores para avaliar e responder aos danos causados por aquele fenómeno.
David Malpass visitou o país entre quinta-feira e sexta-feira passadas e no encontro que manteve com o Presidente da República, Filipe Nyusi, prestou a sua solidariedade pelas vítimas e estragos destas calamidades naturais.
Antes de visitar Moçambique, Malpass esteve na Etiópia e Madagáscar para visitar vários projectos financiados pelo grupo BM. (Evaristo Chilingue)
Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), na semana finda, indicam que, até 2017, a população moçambicana recorria aos serviços financeiros móveis (mkesh, m-pesa, e-mola, etc.) que aos tradicionais. Até há dois anos, diz o INE, 11,7 por cento da população tinha contas na banca móvel contra 9,3 por cento de contas bancárias abertas na banca tradicional.
Nestes números, a zona urbana representava 25,9 por cento da população com contas móveis contra 4 por cento da população rural. No entanto, dados do INE indicam que dos 9,3 por cento da população com contas na banca tradicional, apenas 20,5 por cento é da área urbana e 3,2 por cento da zona rural.
Em relação ao sexo que mais conta bancária tem, o INE confirmou que os homens continuam na liderança com 14,1 por cento nos serviços móveis e 12,2 por cento na banca tradicional. Por sua vez, a percentagem de mulheres com contas na banca móvel era 9,5 por cento, enquanto na banca tradicional era de 6,6 por cento.
Em termos de crédito contraído numa instituição financeira, até 2017, o INE afirma que apenas 1,6 por cento da população tinha recorrido a estes serviços, sendo que os homens representavam 2,2 por cento contra 1 por cento das mulheres. A zona urbana, como é de esperar, lidera com 3,3 por cento contra 0,6 por cento da população rural.
No seu relatório, o INE revela ainda que o PIB per capita reduziu de 458 USD, em 2007, para 453 USD, em 2017. O PIB per capita é o produto interno bruto dividido pela quantidade de habitantes de um país, incluindo crianças e bebés registados nas estatísticas nacionais. (A. Maolela)
O Banco Mundial garante que vai prestar apoio a Moçambique, sobretudo na procura de soluções sustentáveis com vista a tornar o país mais resiliente aos efeitos das calamidades naturais. O compromisso foi assumido esta quinta-feira em Maputo pelo Presidente do Grupo do Banco Mundial, Davis Malpass, após ter sido recebido em audiência pelo Presidente da República, Filipe Nyusi.
Na ocasião, Davis Malpass disse que o Banco Mundial vai dar assistência aos afectados pelo ciclone Idai e Kenneth nas zonas centro e norte. No encontro com Nysi, o Presidente do Grupo do Banco Mundial, apresentou uma mensagem de condolências às vítimas dos desastres naturais.
"Não iremos fazer a assistência a Moçambique apenas no âmbito logístico devido aos ciclones, mas estenderemos ainda mais o compromisso para apoiar ao longo prazo em termos de desenvolvimento do país”, disse Davis Malpass.
Ele acrescentou que o apoio vai igualmente assegurar uma melhor assistência ao desenvolvimento humano, incluindo a melhoria das rendas das populações. Davis Malpass efectua hoje uma visita à cidade da Beira com objectivo de se inteirar do processo de reconstrução em curso. No regresso anunciará um pacote de medidas de apoio do banco a Moçambique. (Carta)