Já lá vão aproximadamente três anos desde que 16 mil depositantes de 900 milhões de Meticais num ‘banco chinês’, também designado “Associação de Crédito Ajuda Mútua”, não vêem um cêntimo do seu dinheiro depois de se terem deixado levar por uma suposta burla com o sonho de ganhar ‘fortuna’ através da prometida multiplicação dos montantes depositados.
Após o golpe, e por decisão do Banco de Moçambique (BM), Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) e Procuradoria-Geral da República (PGR), todas as contas foram cativadas e encerradas, assim como as actividades da “Associação de Crédito Ajuda Mútua”. Do dinheiro (900 milhões de Mts) que na altura se supunha existir no "banco chinês", que funcionava em Maputo desde 5 de Outubro de 2014, nunca mais se soube! De acordo com o BM, GCCC e PGR, o “banco chinês” funcionava ilegalmente, razão por que foi banido, ainda que na condição de os valores nele depositados serem devolvidos aos respectivos donos mediante apresentação de provas documentais. Só que volvidos três anos os clientes do "banco chinês" não sabem em que estágio as coisas estão, muito menos por onde anda o seu dinheiro.
Promessa que nunca chegou a ser cumprida
Contactados pela “Carta”, alguns depositantes do ‘banco chinês’ disseram nada saber sobre a devolução do dinheiro que lhes pertence. Acrescentaram que, na sequência dos protestos por eles levados a cabo, que começaram no Tribunal Judicial da 5ª Secção da cidade de Maputo e terminaram na Procuradoria Provincial da Cidade de Maputo, foi-lhes prometido, em 2017, que voltariam a ter o que lhes é devido "dentro de alguns meses".
Conforme revelaram as nossas fontes, depois da promessa de que o dinheiro depositado no ‘banco chinês’ seria devolvido nada mais foi feito. “Só tivemos conhecimento de que um senhor de nome Jacinto Manoca foi detido, e nem sabemos se foi julgado”, disse uma das vítimas da burla, ao mesmo tempo lamentando o facto de passados três anos nem o BM, nem o GCCC, e muito menos a PGR, falarem do caso. “Se eles cativaram o dinheiro, por que não o retiram para nos devolver?”, questionou. Os burlados querem ainda saber por que razão até ao momento não se conhece o paradeiro do cidadão de origem chinesa, mentor do "banco chinês", bem como do casal que geria as contas dos clientes naquela instituição.
Os contornos da "sofisticada" burla
Os clientes do "banco chinês" ficavam a ser donos de 10% do valor depositado logo que aderissem aos serviços daquela instituição. Cada depositante que trouxesse um novo cliente tinha um acréscimo na sua conta de 30%. Isso significava que por cada depositante angariado, o angariador tinha direito a 30%, o que provocou, na altura, uma impressionante onda de adesões ao banco. Aderiram ao esquema não só cidadãos de Maputo, mas também de fora da capital, que ávidos de ganhar facilmente uma fortuna não hesitaram aplicar suas no projecto.
O problema começou a surgir quando alguns políticos aderiram aos serviços do ‘banco chinês, depositando somas que em alguns casos chegavam aos 500 mil ou dois milhões de Mts. Outro alarme de que algo não estava bem foi a saída de Moçambique para China daquele que era o mentor do negócio, situação que criou rumores de que ele teria retirado todo o dinheiro que existia no "banco chinês". Tal alegação foi refutada por associados do fugitivo. Mas, até hoje, ninguém sabe quando terá seu dinheiro de volta. (Omardine Omar)
Através do presidente da CTA (Confederação das Associações Económicas de Moçambique), Agostinho Vuma, o sector empresarial privado nacional apelou ao Governo para que recorra a todos os meios de que dispõe com vista a pôr fim aos ataques perpetrados por grupos de insurgentes contra as populações de alguns distritos da província de Cabo Delgado, norte do país.
Falando na passada sexta-feira no VII Conselho de Monitoria do Ambiente de Negócios (CMAN), um órgão superior de gestão e monitoria do diálogo público-privado liderado pelo Primeiro-Ministro Carlos Agostinho do Rosário, e coordenado pelo Ministério da Indústria e Comércio, Vuma referiu que a ausência de uma rápida e eficaz intervenção do Executivo para acabar com a insurgência em Cabo Delgado poderá inviabilizar e retrair investimentos naquela região, sobretudo nos hidrocarbonetos, sector do gás em particular.
De acordo com o timoneiro da CTA, os preocupantes acontecimentos em Cabo Delgado minam a boa imagem do país além-fronteiras, e condicionam a actividade empresarial nas áreas afectadas. “Por isso encorajamos o Governo a usar todos os seus meios ao seu alcance para a rápida solução desse caso que tende a alastrar-se semeando luto e terror no seio das comunidades, e retraindo a vontade de investimento naquela região”, disse Agostinho Vuma dirigindo-se ao Primeiro-Ministro em particular, com a clara intenção de ele servir de porta-voz da mensagem a todo o elenco governativo, incluindo o Presidente da República, Filipe Nyusi.
A intensificação dos ataques em Cabo Delgado levou a Anadarko Moçambique a procurar, através de um anúncio aberto, uma frota de seis viaturas blindadas, incluindo serviços de mecânica e gestão, para apoiar o seu projecto de LNG Mozambique na Bacia do Rovuma. No referido anúncio, a Anadarko Moçambique destacava a urgência que tinha em adquirir aqueles meios. Desde Outubro de 2017 que grupos de insurgentes protagonizam ataques em Cabo Delgado, que já resultaram em mais de uma centena de mortos e avultados danos materiais, incluindo casas e viaturas que foram deliberadamente queimadas pelos atacantes.(Evaristo Chilingue)
A petrolífera francesa, Total, anunciou ontem uma descoberta significativa de gás condensado nas prospecções de Brulpadda, nos blocos 11B/12B na base Outeniqua, a 175 quilómetros da costa da África do Sul, segundo comunicado oficial. O poço em questão tinha 57 metros de gás líquido condensado, e após o sucesso do principal objectivo, aprofundaram mais 3,633 metros com igual sucesso, com o auxílio do um navio de última geração.
“Temos o prazer de anunciar a descoberta da Brulpadda, que foi perfurada num ambiente desafiador em águas profundas”, referiu Kevin McLachlan, Vice-Presidente sénior de exploração da Total. “Com esta descoberta, a Total abriu um novo jogo de gás e petróleo de classe mundial e está bem posicionada para testar várias perspectivas de continuação no mesmo bloco”, referiu o esmo responsável.
Após o sucesso da Brulpadda e a confirmação do seu potencial, a Total e os seus parceiros planeiam licenças para mais explorações. Note-se que os blocos em questão ocupam uma área de 19 mil quilómetros quadrados, com profundidades entre 200 e 1.800 metros, obtendo a Total 45% de participação, ao lado da Qatar Petroleum (25%), CNR internacional (20%) e Main Street, um consórcio sul-africano (10%). (Carta)
Diversas embarcações de pesca provenientes da China acabam de chegar aos portos de Maputo e Beira, comprovando o que “Carta” escreveu em Dezembro, nomeadamente anunciando a vinda a Moçambique de dezenas de arrastões chineses já licenciados para operar nos nossos mares e na albufeira de Cahora Bassa, em Tete. No porto de pesca de Maputo podem ser vistas seis embarcações com bandeira chinesa, atracadas há dias. No porto da Beira, foram avistadas outras embarcações em número não apurado. Nas boias de acesso ao porto da Beira também há embarcações aguardando a entrada nas aguas territoriais de Moçambique, de acordo com uma pesquisa efectuada pelo nosso jornal junto da plataforma Maritme Traffic.
Em Janeiro deste ano foram avistadas novas embarcações chinesas no porto de Maputo, que acabaram por zarpar para destino incerto. A maioria dos barcos recém-chegados à Beira já começaram a capturar camarão, incluindo no presente defeso, contaram fontes de “Carta”. De acordo com um documento elaborado pela Administração Nacional das Pescas (ADNAP), em nossa posse, o esforço de captura na pescaria de peixe por arrasto vai aumentar consideravelmente, com a entrada de 51 novas embarcações pertencentes a 6 empresas.
O documento chama-se “Plano de Quotas e presenças para a Campanha de Pesca de 2019” e foi enviado ao Ministro do Mar, Aguas Interiores e Pescas, Agostinho Mondlane, no passado dia 7 de Janeiro. O documento confirma a entrada massiva de embarcações não só na pescaria de peixe no alto mar mas também no já conturbado sub-sector da pesca de kapenta, na albufeira de Cahora Bassa, onde armadores denunciaram recentemente uma séria de problemas, entre os quais a sobre-captura, a pesca ilegal, a escassez do recurso e a ausência de planos de gestão ambiental. O documento indica, no entanto, que para a pescaria de kapenta em 2019 foram aprovados “17 projectos que correspondem a um total de 51 novas embarcações”.
“Carta” retoma o assunto com mais detalhe na sua edição de segunda-feira. (M.M.)
Para concretizar 25 mil novas ligações eléctricas este ano, no âmbito do projecto de instalação das linhas de alta tensão entre Murrupa e Cuamba, está previsto um investimento de 34 milhões de USD. A informação foi veiculada na passada quarta-feira pelo ministro dos Recursos Minerais e Energia, Max Tonela, aquando da sua passagem pelo distrito de Marrupa, na província do Niassa. Parte daquele montante foi desembolsado pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento, BAD (Banco Africano de Desenvolvimento), OPEC (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e Fundos da Arábia Saudita e do Koweit.
Serão beneficiados pelo projecto, com potencial para 55 mil ligações, os distritos de Cuamba, Metarrica, Mauá, Marrupa, Mecula, Lichinga (Niassa), Balama e Namuno (Cabo Delgado).No acto do lançamento da iniciativa, Max Tonela disse que os novos clientes beneficiarão de um subsídio de ligação de 75 por cento. Assim, os clientes da empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM) irão pagar 850 Mts, contra os anteriores 3500 Mts. Sublinhando que o subsídio visa estimular uma maior adesão de novos clientes, Tonela referiu que “o Governo pretende alargar de forma continuada o número de consumidores para que de facto consigamos este ano estabelecer 300 mil novas ligações previstas, o que nos permitirá alcançar 500 mil novas ligações por ano a partir de 2020”.
Reforço e expansão da rede eléctrica
Max Tonela destacou o envolvimento do Governo na promoção de vários projectos visando o reforço e expansão da rede eléctrica nacional, no âmbito do Programa Quinquenal, como forma de garantir o aumento do acesso e disponibilidade de energia eléctrica no país. Para o efeito, o Executivo conta com apoio do Banco Mundial, Reino da Noruega, Suécia e União Europeia, que já disponibilizaram 200 milhões de dólares norte-americanos. (Carta)
A petrolífera Exxon Mobil está a procurar propostas para a realização de atividades de prospeção ao largo da costa de Moçambique, de acordo com um anúncio publicado na imprensa moçambicana de hoje. A firma norte-americana convida "prestadores de serviços de aquisição de dados ambientais e geotécnicos" para testar amostras em três blocos de exploração ‘offshore' (no mar): Angoche A5-B, Zambeze Z5-C e Zambeze Z5-D.Os três blocos, situados sensivelmente na zona centro da costa moçambicana (que tem cerca de dois mil quilómetros de comprimento), foram atribuídos a um consórcio liderado pela companhia petrolífera durante o quinto concurso internacional de petróleo, lançado pelo Governo moçambicano, em 2014, em Londres.
Além da Exxon Mobil, com 50% de participação, o consórcio inclui a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH, empresa estatal moçambicana) com 20%, a Rosneft com 20% e a Qatar Petroleum com 10%. Os contratos para prospecção e eventual exploração foram assinados em outubro. "A nossa ambição é trabalhar com o Governo moçambicano, com o objetivo de desenvolver o potencial do país e garantindo, ao mesmo tempo, que os recursos beneficiem também as comunidades", afirmou Jos Evens, diretor geral da ExxonMobil em Moçambique, na altura.
A petrolífera já está presente noutro consórcio que deverá começar a explorar gás natural na Área 4, norte do país, a partir de 2022. Os parceiros da Área 4 são a Eni (25%), a ExxonMobil (25%), a CNPC (20%), a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (10%), Kogas (10%) e Galp Energia (10%). (Lusa)