Para poder beneficiar de parte dos 6 mil milhões de Libras que o Reino Unido colocou à disposição de vários países do mundo, a serem aplicados nas energias renováveis, Moçambique deverá apresentar projectos qualificáveis ligados àquele sector.
A apresentação dos projectos em causa terá de ocorrer na Conferência para Energias Renováveis que se realizará em Março próximo no Reino Unido. A informação foi veiculada na pretérita sexta-feira em Maputo pela Ministra Britânica para África no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Assuntos da Commonwealth, Harriet Baldwin, depois de um encontro oficial com o Primeiro-Ministro Carlos Agostinho do Rosário.
Sublinhou que seria muito bom se Moçambique participasse no referido evento, e conseguisse apresentar projectos qualificáveis para ganhar parte dos seis mil milhões de Libras para o fornecimento de energias sustentáveis, amigas do meio ambiente.
O Reino Unido é um dos maiores parceiros de desenvolvimento de Moçambique, investindo anualmente cerca de 12 mil milhões de Meticais.
Como forma de dar continuidade à consolidação das relações comerciais e políticas entre Moçambique e o Reino Unido, Harriet Baldwin anunciou estar em curso a criação de três Cônsules Honorários de Prosperidade nas cidades da Beira, Tete e Pemba. De acordo com Baldwin, os delegados vão ajudar no crescimento económico, comercial, cultural e científico, e providenciar aconselhamento para identificação de áreas potenciais visando a prosperidade mútua entre o Reino Unido e Moçambique. No âmbito da consolidação das relações Moçambique-Reino Unido, segundo Harriet Baldwin, a Primeira-Ministra britânica Theresa May enviará neste Fevereiro ao nosso país um delegado de comércio para estreitar os laços a nível comercial. Ainda durante o encontro com Carlos Agostinho do Rosário, Baldwin manifestou o interesse do seu país em apoiar o processo de paz em Moçambique. (Evaristo Chilingue)
Neste ano de 2019 a Electricidade de Moçambique (EDM) disponibilizou 37 milhões de USD para ligar Vilankulo à rede eléctrica nacional. Localizado no norte da província de Inhambane, Vilankulo é um distrito isolado do sistema nacional de energia eléctrica, estando neste momento a ser abastecido pela central que funciona à base do gás produzido em Temane pela empresa sul-africana Sasol.
Para poder ligar Vilankulo à rede nacional de energia eléctrica, a EDM deverá estender para aquele distrito a linha de transmissão que liga as centrais de Mavuse e Chibabava, uma distância de 266 km. De acordo com o porta-voz da EDM, Luís Amado, o projecto está numa fase avançada. “Esperamos ter a sua efectivação ainda no primeiro trimestre deste ano. Em seguida poderemos fazer o pagamento das primeiras facturas (ou pagamento adiantado), e lá para o final do ano já teremos obras no terreno”, afirmou. As previsões apontam para 2021 o término do projecto que vai, por um lado, potenciar o distrito de Vilankulo, e por outro lado rentabilizar a central de Temane. “Com esta linha poderemos expandir muito mais a obra, usando o gás para produzir mais energia, escoá-la para o sistema nacional e países vizinhos”, disse o porta-voz da EDM.
Para além de Vilankulo, também beneficiarão do mesmo projecto os distritos de Inhassoro e Mabote, ambos na província de Inhambane. (Evaristo Chilingue)
O consórcio liderado pela petrolífera Anadarko para extrair gás natural no norte de Moçambique vai vender 1,5 milhões de toneladas anuais, por um período de 13 anos, a um dos maiores importadores chineses, anunciou hoje em comunicado. Os termos constam do contrato assinado entre o consórcio e o novo cliente, a CNOOC Gas and Power Singapore Trading & Marketing, "um importante ator global na área de energia num dos maiores mercados de gás natural liquefeito (GNL) do mundo, em franco crescimento", disse Mitch Ingram, vice-presidente executivo da Anadarko para o pelouro Internacional, Águas Profundas e Pesquisa.
O contrato "dá ao maior importador de GNL da China acesso aos recursos de gás de classe mundial da Mozambique LNG", a entidade comercial de propriedade conjunta dos coinvestidores da Área 1 de Moçambique.
As reservas de gás "estão estrategicamente localizadas ao largo da costa leste de África e fornecerão à China uma fonte limpa de energia nos próximos anos", destacou Ingram. O contrato junta-se a outros, numa "crescente lista de clientes na região da Ásia e Pacífico, demonstrando o excelente progresso que estamos a ter em direção ao nosso objetivo declarado de tomar uma decisão final de investimento durante o primeiro semestre deste ano", acrescentou.
O vice-presidente executivo da Anadarko espera anunciar mais contratos "num futuro próximo".
O projeto Mozambique LNG, operado pela Anadarko, será o primeiro empreendimento de GNL a desenvolver-se em terra, na Península de Afungi, província de Cabo Delgado, em Moçambique. A fábrica, cujas infraestruturas de apoio estão em construção, será composta inicialmente por dois módulos capazes de produzir 12,88 milhões de toneladas por ano (MTPA) de GNL, destinado à exportação. (Lusa)
Moçambique e Índia atingiram em 2018 cerca de 1,7 milhões de Euros em trocas comerciais, uma subida face aos 1,5 milhões no ano anterior, e há espaço para crescer, disse à Lusa o embaixador cessante da Índia em Moçambique. "Moçambique continua a ser um dos principais destinos do investimento indiano em África e a nossa intenção é aumentar esta parceria", disse Rudra Gaurav Shresth, que oficialmente é designado alto-comissário, em entrevista à Lusa. O carvão, a castanha de caju e o feijão estão entre os principais produtos que a Índia compra a Moçambique, mas os dois países devem procurar diversificar o cabaz, defendeu o diplomata. "Estes produtos são muito importantes, mas devemos diversificar para que nos possamos proteger de possíveis variações dos preços no mercado internacional", observou.
Para garantir a diversificação, acrescentou, o Governo indiano eliminou taxas de produtos provenientes de Moçambique, com exceção de bebidas alcoólicas e tabaco. "Este projeto ajudou Moçambique a aumentar o nível de exportação de produtos para a Índia", referiu Rudra Gaurav Shresth, em resposta a anseios de produtores moçambicanos. Em 2018, a Índia registou uma superprodução de ‘guandu', conhecido em Moçambique como feijão 'boer', um dos principais produtos que o país lusófono exporta para aquele país asiático - à luz de um acordo assinado durante a visita do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a Maputo, em 2016. O excesso de produção na Índia, único mercado internacional deste produto agrícola moçambicano, provocou uma queda de mais de 50% no preço.
A situação levou à perda de poder de compra de muitos agricultores de Moçambique, desencadeando uma crise económica junto dos produtores, sobretudo nas províncias de Nampula, norte do país, e Zambézia, centro, segundo estudo da ONG britânica International Growth Centre. Rudra Gaurav Shresth explicou que a situação está normalizada, avançando que, em 2018, Moçambique exportou perto de 150 toneladas para a Índia, contra 125 toneladas no ano anterior. "É verdade que houve uma superprodução e a Índia teve de parar de comprar o produto. Mas isso não aconteceu para o caso de Moçambique, porque temos um acordo", acrescentou.
Além de feijão, o carvão é um dos principais interesses da Índia em Moçambique, que exportou cerca de 1,5 milhões de toneladas para aquele país no ano passado. "Apesar da redução de preços no mercado internacional, o carvão continua a ser do nosso interesse. Esperamos duplicar esta quantidade até ao próximo ano", declarou o diplomata, acrescentando que se trata de "carvão de qualidade e que é muito importante na Índia". Na hora de balanço, à saída de Maputo, o diplomata vê com otimismo a relação entre os dois países, ligados pelo Índico. "Moçambique tem registado muitos progressos", sublinhou. Para Rudra Gaurav Shresth, "há muitas coisas que ao nível da cooperação se podem fazer". O diplomata considerou que há ainda "muita falta de conhecimento sobre Moçambique, na Índia, a nível empresarial, mas a intenção é melhorar cada vez mais esta relação". A Índia destronou a África do Sul como principal destino das exportações de Moçambique, de acordo com o anuário de 2017 do Instituto Nacional de Estatística (INE) moçambicano.
A Índia foi o destino de 34,3% do valor das exportações, ou seja, vale 1,6 mil milhões de dólares, quase o dobro das vendas para a África do Sul, que era primeiro no anuário de 2016 e passou a ser o segundo país da lista. Quanto às importações feitas por Moçambique, a Índia estava em quinto lugar, com 7,8% das compras ao estrangeiro, à frente de França (4,4%) e Portugal (4,2%).(Lusa)
A consultora FocusEconomics considerou ontem que a acusação judicial norte-americana no caso das dívidas ocultas pode abrir a possibilidade de Moçambique conseguir um acordo mais favorável nas negociações sobre a reestruturação da dívida soberana. "O caso é significativo porque pode abrir a possibilidade de obter condições mais favoráveis nas negociações para a reestruturação da dívida", lê-se na análise deste mês às economias da África subsaariana.
Para os analistas desta consultora sediada em Barcelona, a perspetiva de evolução da economia moçambicana é apresentada como 'Favorável', apesar de os dados macroeconómicos disponíveis mostrarem que "a fraca dinâmica de crescimento do terceiro trimestre manteve-se no último trimestre do ano passado".
"A atividade económica manteve-se em linha com a média do terceiro trimestre e apesar de a confiança dos empresários ter recuperado, em novembro, do valor mais baixo dos últimos 12 meses, a média do último trimestre do ano deverá ter sido mais baixa que a do terceiro trimestre, o que indica uma atividade privada limitada", dizem os analistas. O crescimento económico deve acelerar este ano, "principalmente à custa de um aumento das despesas de capital", mas o peso da dívida continua a limitar a perspetiva de evolução da economia, que deverá crescer 3,8% este ano e 4,3% em 2020 (Lusa)
A Eletricidade de Moçambique (EDM) efectuou no ano passado 247 mil ligações em todo o território nacional. Daquele universo, 60% de ligações foram efectuadas na zona sul, contra 25% no centro. Os remanescentes 15 % ocorreram no norte do país. Esta informação foi veiculada ontem em Maputo pelo porta-voz da EDM, Luís Amado, quando apresentava um balanço anual daquela empresa pública.
As percentagens a que acima se faz referência representam um aumento de 94 mil ligações, comparativamente a 2017. Cada ligação custou à EDM, em média, 100 USD. “Este alcance representa um grande marco para a EDM, e encoraja-nos bastante porque nos últimos anos o índice de subida de eletrificação no país era quase decimal. Em 2017 estávamos nos 28 %, mas no ano passado atingimos 34 %”, afirmou Amado. Salientou que o aumento no número de ligações feitas pela EDM deveu-se ao apoio dos doadores, sem descurar os próprios esforços da empresa.
O porta-voz da EDM aproveitou a ocasião para informar que neste ano estão previstas 300 mil ligações, para o que a EDM precisa de 100 milhões de USD.
Luís Amado garantiu que estas e outras ligações poderão ser feitas pois, neste momento, existem muitas instituições que querem apoiar a EDM, no âmbito do Programa Luz Para Todos até 2030, lançado em 2018. Os potenciais candidatos a prestar apoio à EDM são o Banco Mundial, Reino da Noruega e da Suécia, Banco de Desenvolvimento da Alemanha, a alemä KFW e a União Europeia. Todos eles comprometeram-se a desembolsar um financiamento no valor total de 200 milhões de USD.
Mais linhas, subestações e centrais
Para sustentar a massificação, a EDM precisa de mais linhas, subestações e centrais. Paralelamente a isso, conforme referiu Luís Amado, a EDM está a promover uma carteira de grandes projectos, avaliados em mais de mil milhões de USD, alguns deles ainda numa fase de implementação, e outros já concluídos. Em fase de conclusão, o porta-voz da EDM destacou a central solar de Mocuba, na província da Zambézia, que neste Fevereiro vai entrar em funcionamento.
Também fez referência à central fotovoltaica de Metro, em Cabo Delgado, que está em fase final de estruturação para o início da sua construção. “No centro do país estamos a trabalhar com várias iniciativas, com destaque para a conclusão do eixo Chibata-Dondo, que nos deixa com a Zona da Beira e Manica bastante robusta, com uma subestação muito robusta (na zona do Dondo). Aqui no sul temos vários projectos que foram concluídos, com destaque para a nova Central Térmica de Maputo, a nova linha Ressano Garcia-Massia. Também fizemos a linha de alta tensão até Massinga”, explicou Luís Amado.
Adiantou que para este ano estão agendados projectos de reabilitação de várias subestações degradadas, cujo concurso está em vias de ser lançado. (Evaristo Chilingue)