Quase um ano após o assassinato de dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) pertencentes à especialidade de Guarda-Fronteira, “nem água vem e nem água vai”. O processo, que ostenta o número 217/PO/2019- Matutuine, aberto na sequência do bárbaro assassinato, continua em instrução preparatória e sem qualquer arguido constituído.
A informação consta do Informe anual da Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, apresentado semana finda à Assembleia da República (AR), cuja apreciação dividiu opiniões no maior órgão legislativo do país e na opinião pública.
Os dois agentes da PRM, concretamente Benício Guirruta e Faustino Monteiro, foram, recorde-se, alvejados mortalmente no dia 16 de Junho de 2019 por militares sul-africanos, no Posto Fronteiriço da Ponta D’ Ouro, no Posto Administrativo de Zitundo, distrito de Matutuine, província de Maputo.
Os agentes, que estavam em serviço no Posto Fronteiriço da Ponta D`Ouro, encontraram a morte, alegadamente, durante uma confrontação armada com os militares daquele país vizinho. O Informe da PGR refere que se trata de dois crimes de homicídio voluntário, ocorridos por volta das 15:00 horas do dia 16 de Junho de 2019.
Pela barbaridade e brutalidade, o caso chocou toda a sociedade moçambicana que, desde a primeira, tratou de exigir que fossem assacadas as devidas responsabilidades, a começar pelos militares que executaram, a sangue frio, Benício Guirruta e Faustino Monteiro.
No dia 19 de Junho, durante as cerimónias fúnebres de um dos agentes, o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, disse: “os militares sul-africanos usaram a bala para silenciar os nossos colegas (os agentes)” precisamente porque foram surpreendidos pelos finados a 50 metros da linha da fronteira, do lado moçambicano.
Entretanto, o porta-voz da Força Nacional de Defesa da África do Sul, Mafi Mgobozi, disse, na altura, citado pelo portal News 24, que se tratou de um incidente que ocorreu quando os soldados sul-africanos efectuavam uma patrulha de rotina, no âmbito da protecção de fronteira e que o tiroteio ocorreu na terra de ninguém, entre a linha de fronteira que divide os dois países. (I. Bata)