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terça-feira, 26 janeiro 2021 06:44

Conheça os contornos da “imigração ilegal sofisticada” e os aliciantes valores monetários que alimentam os envolvidos – I

É uma indústria que, pelos valores monetários que movimenta, já capturou parte dos funcionários da migração, da Polícia da República de Moçambique (PRM), companhias aéreas, transportadores rodoviários, casas de hospedagem, entre outros sectores. Um trabalho investigativo levado a cabo pela nossa reportagem, após receber um conjunto de denúncias em Agosto do ano passado, de fontes envolvidas no mega-esquema, constatou que o sistema é muito mais complexo do que parece.

 

Segundo constatamos, é um esquema criminoso que envolve milhões de dólares norte-americanos, cujo ponto de chegada é o Aeroporto de Pemba, onde em todas as terças-feiras, na calada da noite, um mínimo de 50 indivíduos de nacionalidade paquistanesa, somalis e Bengalis, usando documentos ilegais e vistos falsos, entram no território nacional, transportados numa das companhias aéreas que opera no território nacional.

 

Informações colhidas de fontes fidedignas indicam que cada imigrante ilegal que entra no território nacional paga 1.500 USD, valor que é canalizado para alguns oficiais da migração, da PRM, entre outros. Conforme constatamos, tanto em Maputo, como em Pemba, nas noites de terça-feira, os aeroportos ficam lotados de imigrantes ilegais.

 

Outras fontes envolvidas no negócio e ouvidas pela nossa reportagem dizem que, mesmo quando são detidos alguns imigrantes no aeroporto de chegada, neste caso, o de Pemba, os mesmos são libertados após o pagamento de envelopes contendo notas em moeda norte-americana a alguns responsáveis das escalas do dia.

 

No que constatamos, parte dos imigrantes ilegais vêm da República Unida da Tanzânia, porém, maior parte são provenientes do Paquistão. Aliás, uma fonte fidedigna disse à nossa reportagem que os documentos e vistos são falsificados nos aeroportos de Islamabad e Lahore, no Paquistão, viajando da Tanzânia até Pemba, por avião, sendo que até à capital moçambicana, chegam de autocarro, assim como de avião. Alguns chegam a cruzar a fronteira ilegalmente para a África do Sul, concretamente em Malaland.

 

Em entrevista à STV, o porta-voz do Serviço Nacional de Migração (SENAMI), em Cabo Delgado, Ivo Campanha, confirmou estar-se diante de uma rede internacional de imigração ilegal e que o mesmo pode ter funcionários de uma das três companhias aéreas que operam no Aeroporto de Pemba e alguns funcionários do SENAMI envolvidos.

 

De acordo com a Campanha, Moçambique está com dificuldades de combater a rede internacional de imigração ilegal e que, segundo a nossa investigação, está intrinsecamente ligada com o tráfico humano. De acordo com fontes seguras e que conhecem os contornos de funcionamento desta indústria, estima-se que mais de 5000 imigrantes já devem ter entrado e transitado pelas fronteiras aéreas, rodoviárias e marítimas do Moçambique. (O.O. & P.M.)

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