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Sociedade

Quatro pessoas foram detidas por suspeita de venda de falsos testes negativos para a Covid-19 na província de Maputo, sul de Moçambique, anunciou o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC).

 

O porta-voz do SERNIC, Hilário Lole, citado ontem pela Agência de Informação de Moçambique (AIM), avançou que os quatro suspeitos foram detidos no Posto Administrativo de Ressano Garcia, na fronteira com a África do Sul.

 

Os suspeitos vendiam cada teste por três mil meticais (40,6 euros) e vão responder pelos crimes de falsificação de documentos, corrupção passiva e associação para delinquir.

 

No âmbito do combate à pandemia de Covid-19, as autoridades sul-africanas apenas permitem a entrada no seu país de cidadãos estrangeiros com teste negativo para o novo coronavírus, acontecendo o mesmo do lado de Moçambique.

 

Em Dezembro, milhares de moçambicanos ficaram retidos na fronteira de Ressano Garcia por terem sido apanhados de surpresa com a exigência de teste à Covid-19 pelos serviços fronteiriços sul-africanos.

 

Moçambique tem um acumulado de 794 mortes e 69.002 casos de Covid-19, dos quais 61.112 recuperados, segundo a mais recente actualização de dados do Ministério da Saúde.

 

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.974.651 mortos no mundo, resultantes de mais de 138,2 milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China. (Lusa)

A Inspecção Nacional das Actividades Económicas (INAE) encerrou, de 31 de Março a 11 de Abril, um total de 60 ginásios por violação das medidas do Estado de Calamidade Pública, anunciadas pelo Chefe de Estado, no passado dia 06 de Abril.

 

Segundo o porta-voz da INAE, Verónio Duvane, a abertura dos ginásios é uma autêntica violação do Decreto nº. 17/2021, de 06 de Abril, que proíbe a abertura de ginásios, por serem considerados focos de propagação do novo coronavírus.

 

Na sua comunicação, a INAE garantiu estar preocupada com a atitude dos proprietários destes estabelecimentos, pois, foram constatados vários ginásios a funcionarem ilegalmente.

 

Para além de ginásios, a INAE revela também ter detectado casos de escolinhas que retomaram as suas actividades, apesar de estas ainda não estarem autorizadas. Os casos foram registados nas províncias de Maputo e Tete. (Marta Afonso)

quinta-feira, 15 abril 2021 06:25

Chuvas cortam estrada entre Nacala-Porto e Monapo

Está interrompida a circulação rodoviária na Estrada Nacional N12, que liga as cidades de Nampula e Nacala-Porto. A interrupção registou-se na tarde desta quarta-feira na região de Matibane, a cerca de 10 Km do troço Nacala-Porto/Monapo.

 

Segundo a Administração Nacional de Estradas (ANE), a interrupção foi originada pelo corte da estrada, causado pelas intensas chuvas que caiem na região norte do país, em particular nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.

 

Imagens postas a circular nas redes sociais ilustram um semi-reboque “imobilizado” na cratera aberta pelas chuvas na referida via. A ANE garante já estar no terreno a resolver o problema, porém, não estima quando a mesma estará pronta.

 

Referir que com o corte da Estrada Nacional N12, os automobilistas são obrigados a usar o trajecto Matibane-Mussoril-Naguema-Monapo e vice-versa, num percurso de 120 Km. (Carta)

Luiz Fernando Lisboa viveu em Moçambique durante vinte anos, dos quais 8 como bispo na região de Cabo Delgado, diocese de Pemba. Brasileiro, 65 anos e destemido. Foi preciso o Papa Francisco para convencê-lo a deixar Moçambique em fevereiro deste ano. As ameaças de morte estavam se tornando pesadas demais. Desde 2017, ano do primeiro grande ataque ao Norte dos extremistas moçambicanos, Lisboa nunca deixou de falar. Ele deu voz ao povo da sua diocese, mais pobre do que os já pobres moçambicanos, denunciando o início de uma guerra que, se não tivesse sido ouvida por Maputo, teria posto de joelhos toda uma região do país. Eles o chamam "a voz do povo", e estava certo. O atentado contra a cidade de Palma em 24 de março, com dezenas de mortos, valas comuns, cabeças decapitadas e milhares de desaparecidos e deslocados, é uma prova disso.

 

A entrevista é de Raffaella Scuderi, publicada por La Repubblica, 11-04-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis a entrevista.

 

  1. Luiz, quem o estava ameaçando? Os extremistas?

 

Não. O governo. Recebi primeiro ameaças de expulsão, depois de apreensão de documentos e no final de morte.

 

Como tem certeza de que foi o governo?

 

Maputo negou a guerra desde o início. Quando o conflito e o perigo se tornaram evidentes, ele proibiu que se falasse sobre o assunto. Impediu que os jornalistas fizessem seu trabalho. Um repórter está desaparecido desde abril do ano passado. Ele trabalhava para uma rádio comunitária e falava sobre a guerra. Em sua última mensagem, disse que havia sido cercado pela polícia. A Igreja era a única que falava sobre a situação. E isso não agradava ao governo. Acima de tudo, não tolerava que saíssem notícias sobre o estado. Orgulho nacional, negócios. Quando há um ano a Conferência Episcopal condenou o que estava acontecendo em um documento, as autoridades reagiram mal, começando a jogar lama sobre mim.

 

Por que Maputo está minimizando a presença do extremismo?

 

Eles não querem que se fale mal do país. Apelamos ao governo para que pedisse ajuda à comunidade internacional. Sozinho ele não pode fazer frente a isso. E nós estamos vendo isso. O nosso apelo chegou ao Parlamento Europeu e duas comissões pediram-me para expor a situação.

 

O que o Papa disse a você?

 

Depois da sua visita a Moçambique, o Papa Francisco sempre acompanhou a situação de Cabo Delgado. Em agosto do ano passado ele me ligou para dizer que estava muito perto de nós, que estava orando por nós e que queria nos dar sua bênção. Graças à sua intervenção, a guerra se internacionalizou. Depois de suas palavras, muitas pessoas começaram a se interessar pela guerra. Em dezembro doou 100 mil euros para a construção de hospitais e para os deslocados.

 

Conversou com ele de novo depois das ameaças de morte?

 

No dia 18 de dezembro encontrei-o no Vaticano. Ele queria saber como estava a situação. Ele evidentemente tinha mais informações do que eu. Ele sabia que eu estava correndo riscos e me ofereceu uma transferência para o Brasil.

 

O que está acontecendo em Cabo Delgado?

 

Recursos, multinacionais e guerras. Três coisas que você sempre encontra juntos. A situação está piorando rapidamente. Estou em contato com muitas pessoas da diocese de Pemba e Palma (local do ataque de 24 de março, ndr). Muitas pessoas ainda estão escondidas nos matos. Outros conseguiram chegar a outra cidade, Nangade. Há muitos idosos, crianças e pessoas que não sabem como sobreviver. Disseram-me que os helicópteros contratados lançaram bombas atingindo terroristas, mas também civis.

 

Você viveu muitos anos em Moçambique. De onde se origina essa violência extremista?

 

Moçambique é um dos 10 países mais pobres do mundo. E a região Norte é a mais pobre. No ano passado presenciei uma inversão da política pública, não mais preocupada com a população: saúde, educação. Gente pobre, sem trabalho, doentes e analfabeta. Os jovens não têm futuro porque não podem estudar: não há escola secundária. Uma província pobre e abandonada, embora rica. A situação ideal para a guerra: pobreza, muitos recursos e questões étnicas. Todos os elementos importantes para um conflito.

 

O que você fez?

 

Vários anos atrás, alertamos o governo local e central que havia grupos que desrespeitavam os líderes muçulmanos. O governo não prestou a devida atenção. E esses indivíduos cresceram e se tornaram cada vez mais fortes. Até a revolta de 2017. Se eles são ou não patrocinados pelo ISIS permanece um mistério. Analistas afirmam que a reivindicação do califado é falsa. Qual é sua opinião?

 

Os extremistas usam o nome do estado islâmico. Mas esta não é uma guerra religiosa. Se fosse, eles ter-nos-iam nos atacado. Mas eles atacam a todos e destroem tanto igrejas como mesquitas. Eles matam líderes cristãos e muçulmanos. Esta é uma guerra econômica pela apropriação dos recursos naturais: gás líquido, ouro, rubis, pedras semipreciosas. No momento, existem mais de 700 mil pessoas deslocadas e mais de 2 mil mortos.

 

Como vive a população? Há quem diga que não opuseram resistência ao ataque.

 

Há uma total falta de respeito pelos direitos humanos. Tanto dos terroristas quanto do governo. A população tem medo de ambos. Extremistas roubaram uniformes do exército, armas e alimentos. Eles se apresentam como militares. Para o povo, é uma situação terrível. Eles veem o exército e para eles são terroristas. As forças militares de alguma forma abusam das pessoas. Mas também os soldados são vítimas, porque estão numa guerra em que não querem estar.

 

Eles descobriram recentemente um campo de gás líquido. Bilhões de dólares foram investidos em Cabo Delgado. Estão ali os franceses, os estadunidenses e os italianos. O que isso acarreta?

 

A relação das multinacionais com a região não é boa. A maneira como essas grandes empresas atuam não é boa. Existem leis que orientam sobre como realizar os passos: consultas com a população, participação na discussão. Mas eles não fazem. E a população tem que deixar suas terras. Isso cria descontentamento.

 

Você nunca teve medo?

 

Não. Nunca deixei de falar. A Igreja é a voz dos que não têm voz. Como eu poderia ficar calado?

 

Você sente falta de Moçambique?

 

Eu teria ficado. Sinto muita falta. Todos os dias peço informações e falo com amigos e missionários. E mesmo daqui procuro sempre entender como ajudar aquele país. Pedi a todos os missionários e as missionárias da região que deixassem Palma imediatamente.

 

O que você carrega no coração desses 20 anos?

 

O mais bonito foi ver aquela gente tão pobre acolher outros pobres em suas casas. Eles acolhiam duas ou três famílias, não tendo quase nada, nem espaço, nem comida. Isso eu nunca vou esquecer. São um exemplo de compartilhamento humano. (http://www.ihu.unisinos)

A organização não-governamental Centro de Integridade Pública defendeu que o Governo moçambicano falhou no apoio às vítimas do conflito no norte de Moçambique, sugerindo um aumento do orçamento para as províncias que acolhem deslocados.

 

A organização não-governamental (ONG) Centro de Integridade Pública defendeu esta segunda-feira que o Governo moçambicano falhou no apoio às vítimas do conflito no norte de Moçambique, sugerindo um aumento do orçamento para as províncias que acolhem deslocados.

 

O Governo não tem estado a fazer grande esforço de mobilização de fundos para apoiar os deslocados, quando equiparado, por exemplo, com a mobilização de fundos para fazer face à covid-19", referiu o Centro de Integridade Pública (CIP), num relatório sobre a situação dos deslocados.

 

Segundo o relatório, que se baseia numa pesquisa efetuada em áreas de acolhimento definitivo nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, a situação dos deslocados é calamitosa, havendo casos de famílias que não recebem apoios há mais de dois meses.

 

De acordo com dados da ONG, até fevereiro deste ano, Cabo Delgado tinham um total de 21 centros de acolhimento definitivo para deslocados, com cerca de 10 mil famílias, enquanto em Nampula tem um, com 2.500 pessoas.

 

"Nas novas aldeias de reassentamento falta um pouco de tudo, desde alimentação, abrigo, utensílios domésticos e vestuário", referiu o relatório do CIP, acrescentando que a má gestão da crise de deslocados de guerra pode gerar ambiente propício nas áreas de reassentamento para a multiplicação do conflito armado que deflagra no norte da província.

 

A organização sugeriu que o Governo reforce o orçamento para as províncias que acolhem deslocados, como forma de melhorar a situação das comunidades nas novas aldeias, bem como apoiá-las na construção de novos abrigos.

 

Segundo o CIP, é necessário também, em coordenação com os parceiros, "dedicar atenção e apoio especial às famílias vulneráveis de deslocados, destacadamente aquelas chefiadas por crianças, idosos e mulheres".

 

O Governo moçambicano precisa de um total de 7 mil milhões de meticais (94 milhões de euros) para o plano de gestão dos deslocados devido à violência armada em Cabo Delgado, anunciou hoje o Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD).A cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, tem sido o principal destino das populações que fogem dos ataques armados que começaram em 2017 em distritos mais a norte da província, albergando atualmente quase o dobro da sua capacidade, mas há quem prefira fugir para outras províncias vizinhas, como Nampula e Niassa.(Lusa)

segunda-feira, 12 abril 2021 08:10

Mineradora chinesa impedida de destruir dunas

A DingSheng, uma empresa de mineração de areias pesadas em Chibuto, Gaza, foi impedida na sexta-feira de destruir as dunas na costa de Chongoene. A empresa começou a abrir uma picada ligando a estrada N1 (norte-sul) até a costa e remover dunas para construir um armazém.

 

Houve protestos e um vídeo entrou em circulação https://bit.ly/3a3UuXX, e na sexta-feira (9 de abril) as autoridades provinciais disseram a DingShen para parar. A  DingShen pretende transportar minerais de Chibuto para o mar e construir uma doca neste local, mas até agora nem pediu autorização.