Numa altura em que a Covid-19 se “encontra” nas 11 províncias do país, Moçambique registou, de quarta para quinta-feira, o seu segundo óbito vítima da doença. Trata-se de uma cidadã de mais de 45 anos de idade, que foi diagnosticada a doença na passada quarta-feira, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado.
Tal como o primeiro óbito, verificado na província de Nampula, as autoridades da saúde mostram-se ainda não ter informações exactas sobre o que terá acontecido com a paciente. Durante o anúncio dos novos casos de infecção pela Covid-19, na quarta-feira, as autoridades da saúde garantiram que todos os 11 casos que haviam sido identificados na cidade de Pemba encontravam-se em isolamento domiciliar por apresentar sintomas leves a moderados, porém, esta quinta-feira, o Director-Geral Adjunto do Instituto Nacional de Saúde (INS), Eduardo Samo Gudo, afirmou que a cidadã se encontrava internada numa unidade sanitária naquele ponto do país.
A fonte afirmou ainda que o segundo óbito de Covid-19 sofria de outras patologias, tal como foi dito, aquando do anúncio do primeiro óbito. “Para definição de um óbito por coronavírus envolve-se vários critérios: o primeiro é epidemiológico, que é a existência de um vírus em circulação; o segundo é clínico, que é a existência de sintomas que sejam compatíveis; e o terceiro é laboratorial, que é a confirmação por um teste fiável, que é o de PCR [teste usado para o diagnóstico da Covid-19]”, explicou Samo Gudo, quando questionado sobre os critérios para a declaração de óbito por coronavírus.
“Um óbito sempre é uma infelicidade para todos nós. Todos os esforços feitos pelo sector da saúde são para evitar que o óbito aconteça. O caso está em investigação para averiguarmos se tem uma relação com um dos outros casos anteriores. Então, uma vez identificado, a equipa no terreno fará uma investigação para conhecer os possíveis contactos e só depois de cruzarmos a informação, poderemos entender sua relação com as cadeias”, acrescentou.
Referir que foi a terceira vez que as autoridades da saúde anunciaram a morte de um paciente que tenha sido diagnosticado o novo coronavírus, porém, o segundo a ser associado à doença. Lembre-se que, no passado dia 19 de Maio, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, anunciou a morte de um cidadão que tinha sido diagnosticado o novo coronavírus, porém, afirmou que o mesmo não perdeu a vida devido à doença. No passado dia 25, voltou a anunciar mais um óbito, o primeiro por Covid-19, entretanto, sublinhou que o indivíduo apresentava outras patologias, o que levantou dúvidas sobre as reais causas da morte do mesmo.
Covid-19 já em todo o país
No dia em que as autoridades anunciaram o segundo óbito por Covid-19, também ficamos a saber que a doença já tinha “entrado” na província do Niassa, a única que estava fora no mapa da pandemia, no território nacional. De acordo com Rosa Marlene, o primeiro caso positivo de Covid-19, no Niassa, foi diagnosticado no distrito de Mavago, na zona norte da província.
O primeiro infectado pela Covid-19, no Niassa, é do sexo feminino, com mais de 35 anos de idade e faz parte dos novos seis casos diagnosticados pelo INS, de quarta para quinta-feira, de um conjunto de 488 amostras testadas no Laboratório daquela instituição, elevando para 233 o número total de infectados no país. Os outros casos encontram-se nas províncias de Cabo Delgado (três), Nampula (um) e na cidade de Maputo (um).
Entre os novos casos, há um indivíduo de nacionalidade britânica e os restantes são de nacionalidade moçambicana. Todos são resultado da chamada vigilância activa e apenas um não apresenta sintomas. Os restantes apresentam sintomas leves a moderados, porém, todos se encontram em isolamento domiciliar.
Para além das novas infecções, as autoridades da saúde anunciaram mais 11 pessoas recuperadas da doença, subindo para 82 o número total de recuperados. Neste momento, há 148 casos activos, sendo que dois se encontram internados: um em Inhambane e outro em Cabo Delgado. (Marta Afonso)
Um caçador furtivo foi detido no povoado de Mugazine, distrito de Matutuíne, província de Maputo. Trata-se de S. Ubedy, de 34 anos de idade, que terá sido encontrado a caçar ilegalmente, com recurso a uma arma de fogo, do tipo caçadeira, calibre 12mm, contendo oito cartuchos.
A informação consta do comunicado de imprensa semanal do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), porém, não avança a data da sua detenção. De acordo com o documento, o indivíduo foi detido, indiciado pela prática do crime de caça proibida e posse ilegal de arma de fogo.
Refira-se que os distritos de Matutuíne, Moamba e Magude são o epicentro da caça furtiva na província de Maputo, apesar de as autoridades locais defenderem que a mesma tenha reduzido, nos últimos anos, devido à melhoria da fiscalização nos parques e reservas.
No documento que resume a actividade operativa da Polícia em todo o país, entre os dias 16 a 22 de Maio, a PRM afirma ter detido dois cidadãos, no bairro 25 de Junho, distrito de Moamba, província de Maputo, na posse de duas pistolas da marca Mauser e que se dedicavam à prática de roubos.
Já na província de Gaza, concretamente no bairro da Liberdade, distrito de Mandlakazi, foram encontradas duas armas de fogo de tipo caçadeira, com os números 00150 e 0065-72, 134 munições de diversos calibres, um colder de pistola e uma viatura de marca Nissan Hardbody. No mesmo local, garante ter recuperado três chaves de viaturas diferentes e uma carta de condução, todas furtadas a um cidadão na província de Maputo, porém, diz não ter identificado os envolvidos.
Na capital do país, a PRM deteve um cidadão de nome R. Chemane, de 42 anos de idade, indiciado de ter praticado o crime de posse de armas proibidas, por ter sido encontrado na posse de uma arma de fogo, de tipo pistola, da marca makarov, com o nº 314883, três munições, um par de algemas e um cassetete.
No seu balanço semanal, a PRM fecha dizendo que apreendeu 27 cabeças de gado bovino, 824 gramas de cocaína e 1.53 Kg de cannabis sativa, para além de ter detido 701 indivíduos. (Carta)
Quase um ano após o assassinato de dois agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) pertencentes à especialidade de Guarda-Fronteira, “nem água vem e nem água vai”. O processo, que ostenta o número 217/PO/2019- Matutuine, aberto na sequência do bárbaro assassinato, continua em instrução preparatória e sem qualquer arguido constituído.
A informação consta do Informe anual da Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, apresentado semana finda à Assembleia da República (AR), cuja apreciação dividiu opiniões no maior órgão legislativo do país e na opinião pública.
Os dois agentes da PRM, concretamente Benício Guirruta e Faustino Monteiro, foram, recorde-se, alvejados mortalmente no dia 16 de Junho de 2019 por militares sul-africanos, no Posto Fronteiriço da Ponta D’ Ouro, no Posto Administrativo de Zitundo, distrito de Matutuine, província de Maputo.
Os agentes, que estavam em serviço no Posto Fronteiriço da Ponta D`Ouro, encontraram a morte, alegadamente, durante uma confrontação armada com os militares daquele país vizinho. O Informe da PGR refere que se trata de dois crimes de homicídio voluntário, ocorridos por volta das 15:00 horas do dia 16 de Junho de 2019.
Pela barbaridade e brutalidade, o caso chocou toda a sociedade moçambicana que, desde a primeira, tratou de exigir que fossem assacadas as devidas responsabilidades, a começar pelos militares que executaram, a sangue frio, Benício Guirruta e Faustino Monteiro.
No dia 19 de Junho, durante as cerimónias fúnebres de um dos agentes, o Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, disse: “os militares sul-africanos usaram a bala para silenciar os nossos colegas (os agentes)” precisamente porque foram surpreendidos pelos finados a 50 metros da linha da fronteira, do lado moçambicano.
Entretanto, o porta-voz da Força Nacional de Defesa da África do Sul, Mafi Mgobozi, disse, na altura, citado pelo portal News 24, que se tratou de um incidente que ocorreu quando os soldados sul-africanos efectuavam uma patrulha de rotina, no âmbito da protecção de fronteira e que o tiroteio ocorreu na terra de ninguém, entre a linha de fronteira que divide os dois países. (I. Bata)
Trinta e cinco Organizações da Sociedade Civil (OSC) juntaram-se, esta quarta-feira, para apresentar sua opinião em defesa das crianças vulneráveis, que se encontram nos distritos assolados pelo novo coronavírus e pelos ataques armados, que se verificam na zona centro do país e na província de Cabo Delgado.
Tomando como ponto de partida o primeiro óbito vítima de Covid-19, no país – adolescente de 13 anos de idade – as OSC defendem ser necessário o reforço imediato da segurança às crianças, com maior particularidade às raparigas vítimas e/ou sobreviventes da Covid-19 e dos conflitos armados.
No encontro havido em Maputo, as 35 OSC defenderam que o Estado deve encetar todos os esforços para evitar que tanto a Covid-19 como os conflitos armados façam mais vítimas menores de idade. Segundo estas, contrariamente às primeiras informações e experiências, em que os idosos eram as maiores vítimas da Covid-19, actualmente as crianças constam do grupo de risco, dando o exemplo do primeiro óbito registado no país.
“As crianças constituem mais de metade dos cerca de 28 milhões de moçambicanos. Não proteger as crianças significa automaticamente colocar em risco o presente e o futuro do País”, consideram as OSC.
Citando o Inquérito de Indicadores Múltiplos de Moçambique, edição de 2011, as OSC explicam que a pobreza é outro factor que coloca as crianças e raparigas em situação de vulnerabilidade à Covid-19, sendo que 48% vivem em situação de pobreza e cerca de dois milhões são órfãs e vulneráveis. “Para além disso, 24% das crianças dos cinco aos 14 anos de idade estão envolvidas em alguma forma de trabalho para a obtenção de renda para si ou para as suas famílias”, acrescentam.
Com as restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, que já infectou 227 cidadãos no nosso território, as OSC referem que a violência, principalmente para grupos marginalizados, tende a crescer, devido ao aumento do medo, da tensão, do stress e da busca pela renda familiar em situação de risco, o que levanta uma maior preocupação com as crianças, em particular as raparigas e crianças órfãs e vulneráveis.
Entre os números apresentados pelas OSC estão os que referem que 10% das famílias que têm um idoso no seu agregado, tem no próprio idoso ou na criança o responsável pela manutenção da família, pelo que a Covid-19, ao ceifar a vida destes, coloca as crianças, em particular as raparigas, em situação de grande vulnerabilidade e exposição a todos os riscos, nomeadamente, pobreza, violência, exploração, uniões prematuras, fome e trabalho infantil.
Para além da Covid-19, os ataques que se verificam na província de Cabo Delgado e na zona centro do país colocam as crianças cada vez mais vulneráveis, tendo em conta as constantes deslocações a que são submetidas, o que lhes obriga ao abandono escolar. Em Cabo Delgado, os ataques terroristas já fizeram mais de 1.100 óbitos e mais 163 mil deslocados, enquanto na zona centro, as incursões da auto-proclamada Junta Militar da Renamo já causaram mais de 50 vítimas mortais. (Carta)
Uma jovem, de 26 anos de idade, foi encontrada morta numa Pensão na cidade de Mocuba, província da Zambézia. Segundo o porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia, Sidner Londzo, tudo terá iniciado por volta das 14:00 horas da passada segunda-feira, quando um jovem casal de namorados se envolveu numa longa discussão porque alegadamente a parceira, que em vida respondia pelo nome de Chakila Mussa Passades, o terá traído, quando este se encontrava na província de Tete.
Em entrevista à “Carta”, Londzo disse que a autopsia sumária feita no local do crime indica que não houve violência física e contou a sua versão: “Após a discussão, em que o jovem exigia que a namorada lhe explicasse com quem ter-se-á envolvido (…), a parceira retirou-se do quarto para a sala principal da Pensão, deixando o parceiro só no quarto. Entretanto, minutos depois, viria a ser encontrada sem vida pelos colaboradores da Pensão São Cristóvão que, prontamente, chamaram o jovem e a Polícia ao local”.
Londzo avançou que o indiciado se encontra detido nas celas do Comando Distrital de Mocuba, à espera dos resultados da autopsia. Há quem avance que o jovem terá agredido a parceira, porém, outras versões avançam a possibilidade de envenenamento.
No entanto, junto da família, “Carta” apurou que, minutos antes de perder a vida, a finada terá efectuado uma chamada para uma prima chorando, sendo que a comunicação foi interrompida de forma estranha, pois, a chamada nunca foi interrompida. Chakila Mussa Passades, de 26 anos de idade, deixa um filho de três anos de idade. (Omardine Omar)
Parece estar longe a boa convivência entre as Forças de Defesa e Segurança (FSD) e as populações dos distritos afectados pelos ataques protagonizados pelo grupo “terrorista” até aqui ainda não identificado.
Relatos que chegaram à Carta de Moçambique dão conta de que as FDS terão matado, no último domingo, um cidadão, no bairro Nanduadua, no distrito de Mocímboa da Praia. De acordo com as fontes, o jovem terá sido interceptado pelos militares por volta das 15:00 horas, quando saía da casa da sua irmã. As fontes não avançam as razões que originaram tal facto, apenas garantem que o indivíduo terá sido baleado à queima-roupa e seu corpo permanecido no local até às 07:00 horas da última segunda-feira.
As fontes narram que o facto terá criado revolta na população, mas esta conseguiu conter os seus ânimos, devido à forte presença militar no local. Segundo estes, esta é a terceira vítima mortal, causada pelas FDS, este mês na vila municipal de Mocímboa da Praia.
Já na aldeia de Litamanda, no distrito de Macomia, as fontes contam que, para se deslocarem de um ponto para outro, as populações recebem declarações ou guias de marcha, documentos que são adquiridos a um preço de 100 Mts para cada membro da família.
Na sua mensagem alusiva ao dia 25 de Maio, Dia de África, o Presidente da República, Filipe Nyusi, avançou que as FDS devem reforçar a capacidade combativa e pediu para que os países vizinhos apoiassem Moçambique no combate ao terrorismo. (O.O.)