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Sociedade

Há fragilidades no sistema de rastreio e monitoria dos casos de suspeitos de Covid-19 no país. A constatação é do Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), em relatório tornado público, na manhã desta segunda-feira, em Maputo. O estudo compreende a segunda fase da implementação das medidas do Estado de Emergência no âmbito da prevenção e combate da Covid-19.

 

De acordo com o IMD, as autoridades sanitárias têm-se mostrado incapazes de fazer o rastreio e a monitoria dos casos suspeitos, precisamente porque mesmo depois de colhidas as amostras para os respectivos testes, estes continuam a circular com um total à-vontade.

 

Denis Matsolo, Colaborador do IMD e apresentador do relatório de monitoria, apontou, a título de exemplo, o caso de um jovem de 29 anos de idade, da província de Inhambane, que depois de colectada a amostra, continuou a manter contacto com outras pessoas (incluindo crianças) e frequentava locais públicos. No grupo dos que também escaparam ao controlo das autoridades sanitárias, isto depois de recolhidas as amostras, estão, anotou Matsolo, um cidadão português que não observou a quarentena obrigatória e uma criança de sete meses na cidade da Beira, província de Sofala.

 

De seguida, Matsolo avançou que as autoridades sanitárias relaxaram no que ao nível de fiscalização diz respeito, sendo, desde já, imperioso o aprimoramento do sistema de monitória e rastreio dos casos suspeitos e da imposição da quarentena obrigatória, o que reduziria a possibilidade de contágio.

 

O estudo revela ainda que, apesar de se estar a cumprir eficazmente a directiva da suspensão das aulas, a todos os níveis, sem prejuízo da oportunidade da decisão, não estão criadas as condições estruturais para que os alunos possam continuar a ter aulas a partir das suas respectivas residências. Refere o IMD que parte considerável dos alunos não tem acesso à televisão, rádio, plataformas online, bem como a 200 a 600 Mts para pagar as famosas “fichas” de aprendizagem.

 

A controversa questão das propinas nas instituições de ensino (públicas e privadas) não escapou à consideração. Entende o estudo que o Governo deve, com a urgência que o assunto exige, intervir de modo a não comprometer o processo de ensino e aprendizagem.

 

O outro sector crítico, de acordo com a retromencionada organização, é o dos transportes. Apesar do uso massificado das máscaras e respeito pelo distanciamento interpessoal nas filas, no interior e fora dos transportes, a deficiência e fraca capacidade de prestação do serviço (corrida para as carrinhas de caixa aberta – My Love) está a tornar ineficazes as medidas adoptadas.

 

Os aglomerados chegaram, refere o relatório, até aos cemitérios, pontificando o de Lhanguene, na cidade de Maputo, muito por força do fraco preparo dos funcionários para a implantação das medidas.

 

O estudo do IMD refere, igualmente, que medidas combinadas de sensibilização, a melhoria do mapeamento e monitoria de pessoas suspeitas, o respeito pela obrigatoriedade da quarentena e o reforço da capacidade das instituições para melhor fiscalização figuram como sendo as melhores alternativas ao nível 4, chamado confinamento total.

 

O relatório intermédio da segunda fase de monitoria do Estado de Emergência tomou como amostra 1.568 pessoas que responderam ao inquérito, sendo que 39% são mulheres e 61% são homens.

 

Entretanto, na tarde ontem, durante o habitual balanço relativo à evolução da pandemia no país, a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, foi questionada por jornalistas a respeito do rastreio e monitoria dos casos suspeitos de Covid-19. Sobre o assunto, Marlene disse, sem rodeios, que era um verdadeiro “desafio total”.

 

Rosa Marlene começou por assumir que as autoridades de saúde não têm capacidade para andar de casa em casa para controlar se os suspeitos estão de facto a cumprir escrupulosamente as instruções/recomendações dadas.

 

Tudo que têm feito, no âmbito da monitoria dos casos suspeitos, são chamadas telefónicas aos suspeitos para saber se estão ou não a cumprir com a quarentena obrigatória. Adiante, Marlene disse que a questão do cumprimento das recomendações emanadas pelas autoridades da saúde (sobretudo a quarentena obrigatória) é responsabilidade de cada cidadão.

 

“É um desafio total. Não temos capacidade de andar de casa em casa. Nós ligamos para cada um. É responsabilidade de cada um ficar em casa. É mesmo uma questão de responsabilidade individual. Nós ligamos para saber se está em casa e se ele diz que está em casa, nós assumimos que de facto está em casa. É responsabilidade individual, sobretudo para aquele que está em quarentena”, disse Rosa Marlene.

 

Durante a actualização da evolução da pandemia, Rosa Marlene disse que foram registados mais oito casos de Covid-19, tendo elevado de 137 para 145 o número total de casos positivos. (I.B.)

O número de infectados pelo novo coronavírus na República de Moçambique não pára de subir e, nos últimos dias, tem subido de forma geométrica. Esta segunda-feira, as autoridades da saúde informaram que o país já conta com 145 casos positivos de Covid-19, depois de no último domingo ter registado 137 casos. Até última sexta-feira, Moçambique contava com 119 casos positivos, o que significa que, de sexta para segunda-feira, houve aumento de 26 casos, uma média de 8.6 casos de infecção por dia.

 

De domingo para segunda-feira, as autoridades da saúde testaram 265 casos suspeitos, sendo que oito deram resultado positivo. Segundo a Directora Nacional de Saúde Pública, Rosa Marlene, os oito novos casos são de nacionalidade moçambicana e sete deles apresentam sintomatologia leve e outro não apresenta nenhum sintoma.

 

Dos novos casos, as autoridades da saúde revelaram a entrada do distrito de Marracuene no mapa das infecções, a nível da província de Maputo. Segundo disse Marlene, em mais uma conferência de imprensa de actualização de dados sobre a doença no país, trata-se de um indivíduo do sexo masculino, recém-regressado da vizinha África do Sul e terá sido testado no Centro de Trânsito da Localidade de Salamanga, distrito de Matutuine, província de Maputo.

 

Os outros sete casos foram detectados nas cidades de Maputo e na província de Cabo Delgado. Na cidade de Maputo, foram registados seis casos, sendo três indivíduos do sexo masculino e outros três indivíduos do sexo feminino. O oitavo caso foi registado no distrito de Palma, província de Cabo Delgado. Entretanto, todos os pacientes se encontram isolados nas suas residências.

 

Com os novos casos, a distribuição geográfica da Covid-19 é a seguinte: 85 na província de Cabo Delgado (27 já recuperados); 36 na cidade de Maputo (14 já recuperados); 12 na província de Maputo (cinco já recuperados); oito em Sofala; dois em Inhambane; um em Tete; e um em Manica.

 

Referir que, de domingo para segunda-feira, o nosso país registou mais dois recuperados, todos do Acampamento da Total, na Península de Afungi, distrito de Palma, província de Cabo Delgado, tendo subido para 46 o número total de recuperados no território nacional. (Marta Afonso)

Vinte dias depois do rapto do patrono da Fundação Rizwan Adatia, as autoridades da justiça, a nível da província de Maputo, continuam sem pistas para esclarecer o caso. A informação foi revelada por Evelina Comane, Procuradora-Chefe Provincial de Maputo, em entrevista à Rádio Moçambique (RM).

 

Lembre-se, Rizwan Adatia foi raptado no passado dia 30 de Abril, no bairro do Fomento, no município da Matola, província de Maputo, um acto supostamente cometido por quatro indivíduos, até agora não identificados.

 

À RM, a Procuradora-Chefe Provincial disse: “Estivemos no local, fizemos algumas diligências prévias até de localização, de procura de acompanhar o roteiro que teria levado a viatura, porque algumas testemunhas no local presenciaram e puderam nos dar alguns dados. Entretanto, nós perdemos as pistas e continuamos a fazer agora algum seguimento em termos de técnica investigativa, para buscar algum sinal da vítima e… enfim…”, explicou a magistrada do Ministério Público.

 

Segundo Comane, até ao momento, os malfeitores ainda não entraram em contacto com a família de Rizwan Adatia, porém, a informação contraria a que foi dada à “Carta”, segundo a qual, as negociações estão em curso. (Carta)

Uma mulher, de 40 anos de idade morreu, quatro pessoas ficaram gravemente feridas e cinco com escoreações ligeiras é o saldo de um ataque protagonizado por homens armados no distrito de Nhamatanda, província de Sofala, neste domingo, 17 quando eram 7hrs. Segundo apuramos de fontes oculares, o ataque ocorreu há cerca de 40 quilómetros do distrito de Gorongosa.
 
Conforme contam as fontes ouvidas pela “Carta”, os homens armados atiraram contra três autocarros de transportes interprovincial, nomeadamente, dois da Nagi Investiments e a outra da Citi Link. De acordo com as fontes os autocarros da Nagi Investimentos, Seguia viagem de Maputo-Quelimane.
 
De acordo Zambo Mulandeza, director clínico do HRG  falando a imprensa local, confirmou que no ataque houve um óbito no local, nove feridos dos quais quatro graves que foram transferidos para Hospital Provincial de Chimoio, cinco ligeiros com lesões mínimas que foram tratados no ambulatório no centro de saúde e seguiram a viagem.

 

Referir que este é o segundo ataque a ocorrer em menos de uma semana contra um autocarro naquela região do país. Outro aconteceu na passada segunda-feira contra um autocarro da companhia “Entre Rios”, que seguia o trajecto Maputo-Quelimane, na região de Mutindiri, onde seis pessoas contraíram ferimentos graves e ligeiros.

 

Mais de duas dezenas de pessoas já morreram devido aos ataques armados na região centro do país, desde Agosto do ano passado. Os ataques são atribuídos à auto-proclamada Junta Militar da Renamo, um grupo militar dissidente do maior partido da oposição. (O.O.)

segunda-feira, 18 maio 2020 04:23

Tete e Manica já fazem parte do mapa da Covid-19

A Covdi-19 mostra-se, a cada dia, ter vindo para ficar na República de Moçambique. Depois de Maputo Cidade e das províncias de Maputo, Inhambane, Sofala e Cabo Delgado, a doença escalou as províncias centrais de Manica e Tete.

 

Este domingo, as autoridades da saúde anunciaram ter detectado os primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus nestas províncias, que elevam para sete o número de províncias já afectadas pela pandemia. Apenas as províncias do Niassa, Nampula, Zambézia e Gaza ainda não entraram para o mapa.

 

Em Manica, o primeiro caso de Covid-19 está no distrito de Machaze, sendo um cidadão moçambicano, que regressou recentemente da vizinha África do Sul. Já em Tete, o primeiro caso está na própria capital provincial (Tete), sendo uma cidadã com menos de 30 anos de idade.

 

Os dois casos constam da lista dos oito novos casos positivos do novo coronavírus, diagnosticados de sábado para domingo. De acordo com a Directora Nacional da Saúde Pública, Rosa Marlene, os outros seis casos foram identificados na Cidade de Maputo (dois), província de Cabo Delgado, concretamente na Península de Afungi (três) e província de Maputo (um).

 

Assim, o país conta com 137 casos positivos de Covid-19, sendo 114 de transmissão local e 23 importados. Do total de casos, 84 são da província de Cabo Delgado, 11 da província de Maputo, 30 da cidade de Maputo, oito de Sofala, dois de Inhambane, um na província de Tete e outro na província de Manica.

 

Os oito novos casos foram diagnosticados entre as 276 amostras testadas de sábado para domingo, sendo que 268 tiveram resultado negativo. Sublinhar que o país registou também mais um caso de recuperação, subindo para 44 o número total de recuperados. (Marta Afonso)

A passada sexta-feira, 15 de Maio de 2020, “terminou” com a comunicação, à Nação, do Presidente da República, Filipe Nyusi, com intuito de fazer o que chamou de “balanço de meio-termo da implementação das medidas decretadas no contexto do Estado de Emergência”.

 

Na longa comunicação, Filipe Nyusi começou por fazer o enquadramento da pandemia além-fronteiras e o estágio da mesma no país. Mas antes, deu o ponto de situação do cumprimento das medidas restritivas impostas pela vigência do Estado de Emergência. E foi neste ponto em que o Chefe de Estado se mostrou verdadeiramente contrariado, devido ao incumprimento quase que generalizado de algumas medidas impostas.

 

E porque o incumprimento quase que virou regra e não excepção, o Presidente da República deixou em aberto a possibilidade do endurecimento das medidas no contexto da prevenção e combate à pandemia da Covid-19 no país. Tal desígnio, segundo Filipe Nyusi, será materializado se persistir a falta de cumprimento das medidas restritivas impostas pelo Estado de Emergência, em que pontifica o desrespeito à limitação da circulação interna.

 

Filipe Nyusi disse que o incumprimento frustra as expectativas dos moçambicanos, realidade que forçará, nos próximos dias, a decretar medidas mais duras e apertadas que as actuais.

 

O Presidente da República prorrogou, recorde-se, em finais de Abril passado, por mais 30 dias, o Estado de Emergência por calamidade pública, cuja vigência remota a 1 de Maio corrente.

 

O “balanço de meio-termo” compreendeu o primeiro mês da vigência do Estado de Emergência (1 a 30 de Abril) e a primeira quinzena do presente mês de Maio.

 

“A não observância do cumprimento das medidas de forma individual e colectiva tem estado a facilitar o alastramento da pandemia no país (...). Volvidas duas semanas depois da prorrogação do Estado de Emergência, a não observância do cumprimento das medidas frustra a expectativa dos moçambicanos, o que poderá forçar o Governo a decretar, nos próximos tempos, medidas mais duras e apertadas que as actuais”, disse Filipe Nyusi.

 

O país fechou, lembre-se, o primeiro mês do Estado de Emergência com um total de 76 casos. Até a passada sexta-feira, altura em que Filipe Nyusi se dirigiu aos moçambicanos, Moçambique contava com 119 casos positivos para a Covid-19, sendo 105 de transmissão local e 14 casos importados, e 42 pacientes totalmente recuperados.

 

E porque a realidade era desafiadora, o Chefe de Estado avançou que ainda não havia chegado o momento para o relaxamento das medidas anteriormente impostas. A adesão às regras de distanciamento e protecção (higienização das mãos e desinfecção de objectos e superfícies), aliado ao comportamento responsável é que evitará o agravamento das medidas e conduzirá o regresso à vida normal.

 

Entretanto, durante a actualização da evolução da pandemia, na tarde deste domingo, as autoridades da saúde avançaram que o país conta com um total de 137 casos de indivíduos infectados pela Covid-19. O número de pessoas recuperadas da doença passou dos anteriores 42 para 44.

 

Num outro desenvolvimento, o Chefe de Estado avançou que os próximos 15 dias serão decisivos para determinar qual será a forma de estar, findo o segundo mês da vigência do Estado de Emergência.

 

Contudo, tendo em conta que a realidade tende a mostrar que persistem os pressupostos que ditaram a declaração inicial e mais tarde a prorrogação (entre outros, o alastramento da doença) mostram-se diminutas as possibilidades da não extensão do período excepcional.

 

“Permitam-me afirmar que os próximos 15 dias são decisivos, para determinarmos qual será a nossa forma de estar depois do fim do período desta segunda etapa da emergência decretada, que termina no dia 30 de Maio”, sentenciou. (I.B.)