Publicamos recentemente num artigo, intitulado “De como Nini Satar adquiriu e usou passaporte e nome falsos”, que a irmã mais velha de Momad Assif Abdul Satar (Nini Satar), Farida Satar, fugiu do país depois de ter-lhe sido concedida liberdade condicional. Isso não constitui verdade. Numa carta dirigida ao nosso jornal, no uso do seu Direito de Resposta, Farida Satar diz que nunca esteve presa, nem nunca fugiu do país. Afirma também que nunca se ausentou de Moçambique por mais de 30 dias. Ela apresentou-se ontem pessoalmente nas instalações de “Carta”. “Carta de Moçambique” pede desculpas à visada. Nunca foi intenção deste jornal denigrir a sua imagem. A informação publicada teve por base um artigo publicado no jornal “Notícias”, no passado dia 13 de Abril de 2019. (Carta)
A Assembleia da República (AR) aprovou, esta quarta-feira (17), na generalidade, a revogação do n° 6 do artigo 117 do Código de Estrada, aprovado pelo decreto-lei nº1/2011, de 23 de Março, que proibia a importação de veículo com volante a esquerda para fins comerciais.
Apesar de ainda carecer da apreciação, em definitivo, pelos deputados, a medida lança as bases para que nos próximos dias se possa importar veículos para o transporte de carga, máquinas industriais e agrícolas com volante a esquerda.
Esta decisão vem atender ao clamor da classe empresarial nacional, que via na proibição da importação de veículos com aquelas características, uma barreira intransponível para o exercício pleno das suas actividades.
A revogação do artigo “problemático” foi aprovado por consenso pelas três bancadas parlamentares, nomeadamente, a Frelimo, Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique.
O Executivo, na qualidade de proponente, argumentou que submeteu o decreto-lei à revisão devido aos impactos negativos decorrentes da introdução da norma no país, nos vários sectores de actividade.
À título de exemplo, o Governo disse que a norma impactou directamente não só no sectores de transporte de carga, mas também no sector portuário, na balança de pagamentos na componente de transportes e na redução na arrecadação de receitas pelo Estado. (Ilódio Bata)
Nos bairros da cidade da Beira houve várias infra-estruturas privadas, empresariais e sociais que, num ápice, ficaram sem cobertura por causa da fúria dos ventos que acompanhavam o ciclone Idai quando, há um mês na sua passagem pela região centro do país, ‘sacudiu’ violentamente a capital provincial de Sofala.
Munícipes beirenses ouvidos pela nossa reportagem reconheceram ser preocupante a situação em que agora se encontram as infra-estruturas na segunda maior cidade moçambicana. Contaram que a desgraça começou a desenhar-se por volta das 02h00 de madrugada quando tectos cobertos com chapas de zinco ou de fibrocimento (vulgo Lusalite) voaram como se de papel se tratasse. “Nunca se tinha visto coisa idêntica”, confessaram algumas das nossas fontes, acrescentando que certas pessoas morreram porque ‘perderam a cabeça’ e começaram a deslocar-se às correrias de um lado para o outro!
O IDAI arrasou tetos em quase toda a Beira. Nem armazéns das grandes firmas conseguiram resistir, tendo alguns deles ido abaixo e outros ficado sem cobertura. Um mês após a passagem do ciclone, várias infra-estruturas continuam privadas de tecto. Tais são os casos do Pavilhão de Desportivos, do Pavilhão do Campus da Universidade Pedagógica, do edifício onde funcionam os serviços distritais de Educação e Tecnologias, para além de várias residências na Ponta-Gêa. Também nas casas dos bairros Vaz, Munhava, Chaimite, Esturro, e de outros 20 (bairros), são bem visíveis os vestígios de grande destruição.
Sem tecto ficaram também várias escolas, fazendo com que mais de 84 mil alunos voltassem a assistir às aulas em condições precárias. Tal cenário, conforme disse à “Carta” Lubélia Jorge, directora da Escola Primária Eduardo Mondlane, que funcionou como centro de acomodação para mais de 1500 pessoas, levou as autoridades do sector da educação a redefinir novos mecanismos de funcionamento.
Igualmente atingidos pelo Idai foram os armazéns e barcos das empresas que actuam na área pesqueira no banco de Sofala, acabando com investimentos de vários anos, sem que pelo menos até ao momento se vislumbrem sinais de eventuais apoios por parte das autoridades governamentais, para permitir o reatamento da actividade de pesca.
Na zona urbana, em muitas das residências, incluindo prédios, o ciclone Idai arrancou as respectivas coberturas. Houve casas que desabaram na zona da Praia Nova e que voltaram a ser erguidas, mas de forma precária, pelos seus proprietários, representando um sério perigo em caso de uma eventual ocorrência de uma intempérie.
Como resultado do ciclone Idai, pode-se afirmar com segurança que a beleza da Beira foi-se! Os edifícios envelheceram num dia, o ambiente económico produziu mais parasitas. Tudo está caro. Há dificuldades de toda a ordem nos vários serviços públicos e privados. Para completar este quadro negro, mais de 400 mil casas e famílias residentes na cidade da Beira ficaram sem tecto. (Omardine Omar)
Ao longo dos seus mais de 850 anos de existência, a Catedral de Notre-Dame, em Paris, viu passarem pelo trono francês três dezenas de reis, sobreviveu à Revolução Francesa, coroou Napoleão Bonaparte como imperador, testemunhou a ascensão da República na França e resistiu a duas guerras mundiais. Atingida pelo fogo nesta segunda-feira, a igreja era uma das mais famosas do mundo e um dos principais pontos turísticos da França. A causa do incêndio ainda não é conhecida.
Um dos elementos mais memoráveis da catedral são suas gárgulas, esculturas com aspecto animalesco monstruoso. As estátuas eram usadas na Idade Média para ornar desaguadouros - canos projetados para fora do telhado que ajudam a escoar água das chuvas. Acreditava-se que elas protegiam a catedral contra espíritos malévolos.
As gárgulas de Notre-Dame faziam parte do projeto arquitetônico desde o período medieval, mas haviam sido removidas, até que novos exemplares foram acrescentados à fachada durante a grande restauração feita no século 19, segundo o livro The Gargoyles of Notre-Dame: Medievalism and the Monsters of Modernity (As Gárgulas de Notre-Dame: o Medievalismo e os Monstros da Modernidade, em tradução livre). Recentemente, muitas haviam sido substituídas por tubos de plástico, pois estavam muito corroídas, o que tornava perigoso mantê-las no alto do edifício.
Abaixo, os principais fatos históricos sobre a catedral.
Igreja completou 850 anos em 2013
A catedral de Notre-Dame começou a ser construída em 1163, por decisão de Maurice de Sully, bispo de Paris. A ideia era erguer uma catedral dedicada à Virgem Maria. Por isso, o nome Notre-Dame - "Nossa Senhora", em francês. O lançamento da pedra fundamental teria ocorrido na presença do Papa Alexandre III. A catedral, de estilo gótico, fica localizada no coração de Paris, a Île de la Cité - uma ilha no rio Sena, considerada o berço da antiga vila de Paris. Em 2013, a igreja completou 850 anos de existência. O fato foi marcado por um ano de comemorações na França, que contou com restaurações, exposições e um simpósio científico.
Construção levou 180 anos
A catedral de Notre-Dame só foi completamente concluída 180 anos depois do início da construção. Porém, já por volta de 1250 estavam erguidas as duas torres da fachada. Mesmo antes de terminada, a obra em construção já atraía cavaleiros medievais que, durante as Cruzadas, iam ao local rezar e pedir proteção antes de partir para o Oriente.
Em 1685, foi instalado o sino Emmanuel, na torre sul, o maior da catedral. Além de marcar a passagem das horas durante o dia, o Emmanuel badalou para marcar a liberação de Paris do controle alemão, em 1944.
Escavações abaixo da Notre-Dame revelaram vestígios de cidade romana
O local onde fica a catedral foi um dia uma cidade romana chamada Lutécia. Escavações realizadas no terreno sugerem que havia na área um possível templo pagão romano, dedicado a Júpiter. A estrutura teria sido substituída por uma igreja cristã, anterior à construção de Notre-Dame. Parte das escavações deram origem a um museu, a Cripta Arqueológica, que podia ser visitada nos subterrâneos da Notre-Dame, indicando como era a vida no Império Romano.
Foi pilhada durante a Revolução Francesa e quase demolida
A última vez em que a catedral sofreu grandes danos foi durante a Revolução Francesa (1789-1799).Neste período, a igreja foi pilhada e uma torre do século 13 foi desmantelada. Também foram destruídas 28 estátuas da galeria dos reis e de todas as grandes esculturas dos portais, com exceção do Virgem do Trovão, localizada no entrada do claustro.
A igreja foi transformada em um tempo do Culto à Razão, uma espécie de religião da nova República. Em seu interior, as estátuas da Virgem Maria foram substituídas por esculturas da Deusa da Liberdade, e cruzes foram removidas. O local também chegou a ser usado como um depósito.
Além disso, alguns dos sinos originais da torre norte foram derretidos durante a revolução para a fabricação de balas de canhão - não foi o caso do sino principal, o Emmanuel. Os substitutos, fabricados no século 19, eram considerados "desafinados" e foram trocados em 2013 para marcar seu aniversário de 850 anos. Apenas em 1801 a catedral voltou a ser um templo católico.
A coroação de Napoleão
Apesar de muito antiga e imponente, a catedral de Notre-Dame só passou a abrigar importantes celebrações francesas com a ascensão de Napoleão Bonaparte, que escolheu a igreja para ser coroado imperador da França, em 2 de dezembro de 1804. Para receber a cerimônia, a Notre-Dame precisou passar por alguns processos de recuperação - já que, antes disso, estava vivendo um processo de degradação.
A coroação de Napoleão foi posteriormente retratada em uma grande pintura, com 10 metros de largura e 6 metros de altura - encomendada pelo próprio imperador. Hoje no Museu do Louvre, a obra retrata Napoleão coroando sua esposa como imperatriz. A obra foi pintada por Jacques-Louis David, nomeado por Napoleão como pintor oficial do império.
'O Corcunda de Notre Dame', romance de Victor Hugo
O romance histórico O Corcunda de Notre-Dame, do escritor francês Victor Hugo, foi publicado em 1831, e ajudou a popularizar a catedral no mundo todo com a história do tocador de sinos corcunda Quasímodo.
Seu título original era Notre-Dame de Paris, já que o livro não se concentrava apenas no personagem do corcunda, mas descrevia a antiga catedral em dois capítulos inteiros e ilustrava a sociedade medieval da Paris e os diversos tipos que convivam nela, dos pedintes à nobreza.
A história se passa no século 15. Nas torres góticas da catedral vive Quasímodo, abandonado ao nascimento por sua mãe nos degraus de Notre-Dame. Ele é adotado então pelo arquidiácono Claude Frollo. Desprezado por sua aparência e vítima de agressões frequentes, ele é visto com empatia por Esmeralda, uma linda dançarina cigana a quem ele passa a devotar toda as suas atenções. Esmeralda, no entanto, também atraiu a atenção do sinistro Frollo e quando ela rejeita suas tentativas de aproximação para favorecer o Capitão Phoebus, Frollo cria um plano para destruí-la. Quasímodo tenta impedi-lo. Mas o fim é trágico para todos.
Em seu romance Victor Hugo descreve o péssimo estado de conservação da construção gótica na época. A pressão criada pela popularização da obra literária ajudou a fazer com que a catedral fosse restaurada entre 1844 e 1864.
Arrecadação de fundos em 2018
No ano passado, a catedral de Notre-Dame lançou um pedido urgente de arrecadação de fundos para recuperar sua estrutura, que estava começando a desmoronar. O valor necessário para a restauração era estimado em 150 milhões de euros. "Partes da catedral podem cair. É um grande risco", afirmou Michel Picot, responsável pela campanha, em entrevista à BBC em 2018. Além de elementos decorativos, como esculturas e pinturas, partes da estrutura da catedral também estavam ameaçadas. A agulha (estrutura mais alta da igreja), por exemplo, precisou ser reforçada com uma braçadeira de emergência. "É uma joia única, a nível mundial, então eu acredito que pedir ajuda, não mendigar, é a melhor coisa a se fazer. Não é um monumento da França, é um monumento mundial", falou Picot. (BBC Brasil)
A transferência do centro de acomodação da Escola Primária Eduardo Mondlane da Ponta-Gêa, na Beira, para a Escola Secundária Samora Machel daquela cidade, não agradou às mais de mil pessoas que residiam no Bairro dos Pescadores, zona da Praia Nova.
Apesar de alegadamente o centro de acolhimento da Escola Secundária Samora Machel ser maior, os transferidos querem ser “devidamente reassentados”. Tal exigência foi feita na quarta-feira da semana finda (10), quando os ex-residentes do Bairro dos Pescadores eram transferidos para a ‘nova casa’ na Escola Secundária Samora Machel. Visivelmente insatisfeita com a transferência, Maria André, munícipe da Beira, disse: “pedimos para não nos darem apenas terrenos, porque perdemos tudo e temos de recomeçar tudo do zero, mas também que nos levem a locais seguros e com condições”.
Por sua vez, Antónia Joaquim, também munícipe da Beira, afirmou que assistiu à destruição da sua casa pelo ciclone Idai, lamentando o facto de não estarem a ser criadas ‘reais condições’ para cada uma das vítimas. Na opinião de Antónia Joaquim, há pessoas que se aproveitam da situação permanecendo de dia nos centros de acomodação, e na calada da noite regressarem às suas casas. Acrescentou que pior ainda é a existência de mentirosos, aqueles que prestam falsas declarações aos técnicos das organizações responsáveis pelo levantamento do que necessitam as vítimas Idai.
Falando em representação das organizações que prestam assistência às vítimas do Idai e inundações, Lubélia Jorge disse haver já avanços em termos de reassentamento. Para Lubélia, a Cruz Vermelha de Moçambique tem estado a fazer levantamentos e entrevistas às vítimas dos desastres naturais ocorridos no centro do país que estavam acomodadas nas escolas primárias da cidade da Beira. Adiantou que há esperança de nos próximos tempos os reassentamentos decorrerem da melhor forma.
Outro motivo que leva as famílias que viviam na Praia Nova a pedir a retirada definitiva daquela zona é porque, segundo elas, “sempre que chove e a maré enche as casas ficam alagadas”. Afirmam que, apesar de o Idai ter passado há um mês, “a situação prevalece”. (Omardine Omar)
Já lá vai um ano que os colaboradores da Associação Khanimambo, um Centro localizado no bairro Costa do Sol, vocacionado à protecção de 516 crianças vulneráveis, maioritariamente órfãs, não recebem os seus salários. Propriedade da malograda escritora Lina Magaia, o Centro da Associação Khanimambo, actualmente a ser gerido viúvo, Celso Laice, que ocupa o cargo de presidente daquela agremiação, foi concebido para proporcionar às crianças que lá são acolhidas alimentos e formação até à 7ª classe, contando com o apoio de Organizações Não-Governamentais (ONG). A Associação Khanimambo foi criada em 1993 e dispõe de 13 trabalhadores, desde professores até cozinheiros. E segundo garantiram alguns dos seus trabalhadores, há atrasos no pagamento dos salários devido à desonestidade do elenco directivo e não propriamente por falta do dinheiro.
Curiosamente, segundo um dos denunciantes deste caso, a direcção da Associação continua a receber os seus ordenados com alegação de que os fundos para o efeito provêm da “Terre des Hommes” (Terra dos Homens), uma organização que opera na Alemanha, sendo que, de acordo com a direcção, o dinheiro para pagar os salários dos restantes trabalhadores vinha de um outro parceiro, antes de este suspender o seu apoio àquela Associação devido a uma alegada má gestão. Outro facto curioso é que a Associação desconta para a Segurança Social, mas mesmo assim não consegue pagar os ordenados dos seus colaboradores! A suposta má gestão de fundos daquela colectividade, que obrigou alguns parceiros a cortarem o financiamento, começou após a morte da respectiva matrona (Lina Magaia).
As (penosas) lamentações dos trabalhadores
Os trabalhadores da Associação Khanimambo garantem ter já tentado apresentar queixa, mas foram ameaçados. Acrescentam que solicitaram um encontro com o actual gestor, Celso Laice, que se concretizou, tendo este prometido pagar todos os salários em atraso. Entretanto, a promessa foi feita há quatro meses, mas desde essa altura, Laice não mais ‘pôs os pés’ no Centro. “Nós nunca paralisámos as actividades. Sentimos pena dos meninos órfãos, mas pedimos ajuda a quem de direito.
Temos famílias, vivemos longe e aproveitamos comer papa com os meninos. Estamos há quase um ano sem salários e o próprio presidente quando tomou conhecimento dessa situação ficou admirado. A directora e o gestor estão a gerir mal o Centro. Fazem-nos de escravos, recebem dinheiro dos doadores, compram comida e o resto dividem entre eles. Querem que abandonemos o Centro, mas não vamos sair até pagarem o que nos devem”, desabafou de um dos trabalhadores, sem conseguir disfarçar as lágrimas que lhe caíam.
Administradora diz que não pagam salários há quatro meses
Contactada pela “Carta” sobre este caso, a administradora da Associação Khanimambo, Teresa Santos, limitou-se a desmentir o que foi dito pelos colegas, alegando que os salários não são pagos apenas há quatro meses. Referiu que neste momento a única fonte de rendimento do Centro é um restaurante localizado na Costa do Sol, cujo gestor também não paga renda há meses. Segundo Teresa Santos, tem havido tentativas de se pagar em tranches, sempre que entra algum dinheiro, os salários em atraso dos trabalhadores da Associação Khanimambo, mas diz não saber “se isso vai resultar”. (Marta Afonso)