Os membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) alvejaram mortalmente esta quinta-feira (05) um manifestante na cidade de Pemba, durante manifestações que ocorrem um pouco por todo o país, em protesto contra os resultados eleitorais.
No total, sobe para sete o número de vítimas mortais do movimento de protesto contra a fraude eleitoral. Por outro lado, um total de 21 feridos, entre graves e feridos, deu entrada no Hospital Provincial de Pemba.
Esta quinta-feira, cenas de vandalismo e bloqueio de vias marcaram as manifestações na capital de Cabo Delgado.
Os manifestantes voltaram a paralisar a circulação de pessoas e viaturas ao longo da Avenida 25 de Setembro e protagonizaram actos de vandalismo nos bairros Alto Gingone e Paquitequete. Um dos alvos da destruição foi o monumento erguido em homenagem a Alberto Joaquim Chipande, autor do primeiro tiro que deu início à luta armada de libertação nacional, localizado na avenida que leva o seu nome.
"Ainda hoje destruímos a estátua. Queremos que Venâncio Mondlane mande neste país, não queremos a Frelimo", afirmou um dos manifestantes. Bem próximo do monumento, a sede do bairro Alto Gingone também foi reduzida a cinzas.
Cenário idêntico registou-se no histórico bairro de Paquitequete. Os manifestantes também colocaram pneus e pedras nas vias, além da destruição de alguns estabelecimentos comerciais.
Outros contornos da intervenção policial
Na última quarta-feira (4), a resposta policial não afectou apenas os manifestantes, mas também pessoas que nada tinham a ver com a confusão. "Carta" apurou que, na repressão aos manifestantes, os agentes da PRM dispararam em quintais, atingindo pessoas que não faziam parte da manifestação.
Por exemplo, no bairro Cariacó, uma pessoa foi atingida mortalmente enquanto estava sentada na varanda da sua casa. O seu enterro foi realizado nesta quinta-feira no cemitério de Muxara. O vizinho da vítima também foi atingido por gás lacrimogéneo e desmaiou.
"Os agentes da PRM começaram a lançar gás lacrimogéneo e a disparar balas reais e atingiram uma pessoa que não fazia parte da manifestação. Ela estava no seu quintal e logo morreu. Um dos meus colegas da faculdade, que é vizinho da vítima, também foi atingido por gás lacrimogéneo e desmaiou. Tudo isso aconteceu aqui mesmo em Cariacó", contou uma testemunha. Segundo a fonte, a Polícia da República de Moçambique não se responsabilizou pela morte e pelos feridos. (Carta)