George Soros é um famoso e controverso investidor e filantropo americano de origem húngara, que da sua fortuna alocou mais de 32 biliões de dólares para a sua agência filantrópica, a Fundação Open Society, uma organização não-governamental.
Na trajetória da sua fortuna, Soros é amiúde acusado de a ter crescido com a especulação financeira, tendo como marco o de ter quebrado o Banco da Inglaterra em 1992.
Numa entrevista de Soros, pouco depois da quebra do Banco da Inglaterra, e em que ele narrava a sua vida, disse que na sua juventude, ele hoje está com 93 anos, também e tipo da utopia juvenil fez de tudo para que o mundo fosse um lugar melhor. Mas, mais crescido e derrotado, entrou nas regras do jogo do mundo capitalista. E desta aventura saído um vencedor.
Perguntado sobre o que lhe motivara para gastar o grosso da sua fortuna na filantropia respondeu de que fora a forma que ele encontrara para compensar aos pobres os prejuízos que ele causava em resultado da sua activa participação nas regras (injustas) de jogo do mundo capitalista.
A pergunta do título é por conta desta última parte: George Soros especulador financeiro e George Soros filantropo. Existirá por cá (Moçambique) algo semelhante?
Para responder a pergunta, primeiro é necessário enquadrar o George Soros na realidade moçambicana, pois o tipo de actividade financeira que ele desenvolve o mercado nacional não comporta. Por cá algo semelhante, como fonte de riqueza, são as boladas (financeiras). E se George Soros fosse e actuasse na Pérola do Índico, ele seria, em boa linguagem, um Bolador Financeiro.
Neste contexto: alguém conhece um filantropo entre os “George Soros” à nossa maneira em Moz?
Nando Menete publica às segundas-feiras
PS: Um amigo respondeu-me: “Se queres ver os “Geoges Soros” à nossa maneira vá a uma cerimónia de falecimento que em segundos reconhecerás o Tio das Boladas”.
Chega-te só um bocadinho mais perto, Chico. Tenho uma pergunta para ti. Não precisas de fazer essa cara trombuda, não precisas de dispensar o teu sorriso só porque disse que tinha uma perguntinha para ti, faz favor, Chico. Aliás, nem precisas de maquilhar esse teu rosto com pinceladas de rugas...
É só uma pergunta que tenho para ti, Chico. É não é preciso me olhares de banda, Chico, é apenas uma perguntinha. Uma simples perguntinha que me está a dar cabo da cabeça desde que acordei. Entendes isso, Chico??
Olha, Chico, ouvi esta manhã uma fofoca feia sobre ti. Uma fofoca tão feia, horripilante e tão pesada que até me levou completamente às lágrimas. Não te chateies comigo, Chico: dizem que tu morreste no Hospital Central de Maputo, hoje. Não sei se viram um fulano qualquer como tu estendido na cama do hospital: com cabelos tricotados de fio brancos, com um sorriso brilhante e logo coscuvilharam que morreste.
Dizem que tu morreste, Chico. Tentei mastigar essa notícia aos urros como um bicho, mas tinha de te perguntar. Peço desculpas, Chico, por isso. Peço desculpas porque ainda não sei se isso é uma fofoca e já estou aqui com os olhos nublados de lágrimas. E nem são lágrimas: são uns pingos quaisquer que não me deixam ver-te, por isso, chega-te só um bocadinho mais perto, Chico…
Olha, Chico, pelo teu silêncio vou pensar que é tudo verdade. Deixa-te de mariquices, Chico, e diz-me de uma só vez se é verdade ou não: morreste? Deve ser tudo uma piada. Tu que tens tanto jeito para viver, tanto jeito para sorrir, onde terás aprendido essa asneira de morrer? Morrer é uma coisa séria e tu devias dizer qualquer coisa.
Se achas que vais ouvir de mim um “descansa em paz” ou um “vai em paz”, estás totalmente enganado, estás totalmente enganado, Chico. Quem merece descansar em paz somos todos nós que sentiremos, todos os dias, saudades tuas. Bom, se essa fofoca for verdadeira. Chega-te só um bocadinho mais perto, Chico...
Não te entendo, Chico. Continuas em silêncio e a fofoca já começa a ser falada por toda a gente. Chega-te só um bocadinho mais perto, Chico, e diz-me que é tudo fofoca dessa gente viciada em dizer: “que a terra lhe seja leve”. Estou com uma ansiedade do caraças de te ver surgindo, nesta manhã de sábado, totalmente chocado com essa fofoca e a dizer: “é tudo mentira, estou vivo”.
É possível que o grande roubo das eleições autárquicas de 11 de outubro nunca tenha sido escondido? Será que o Diretor Eleitoral Celso Correia e os chefes da Frelimo queriam que a fraude fosse amplamente conhecida, e que os tribunais não interviessem, para mostrar aos moçambicanos que o voto nunca iria desalojar a Frelimo?
Os moçambicanos vão estar entre os 2 mil milhões de pessoas no mundo com direito de voto este ano, e estão a ser levantadas questões sobre a democracia em muitos países, dos Estados Unidos ao Bangladesh. Escrevendo no The Guardian (Londres, 3 de janeiro), Rafael Behr observa que "os tiranos não manipulam as eleições para enganar os seus súbditos e fazê-los pensar que podem escolher o seu governante. Fazem-no para demonstrar a futilidade de esperar mudanças. É uma afirmação de poder através da desmoralização. Os comícios coreografados, os rivais fantoches e as assembleias de voto da aldeia Potemkin não são falsificações subtis concebidas para serem confundidas com o artigo genuíno. São deliberadamente grosseiros - um mimetismo zombeteiro que esfrega o nariz das pessoas no artifício da política. O objetivo é desacreditar a ideia de que as eleições fazem a diferença."
Isto soa muito a Moçambique e às suas eleições municipais do ano passado - desacreditando intencionalmente a ideia de que as eleições fazem a diferença.
A Frelimo reconhece que ainda não tem o poder total. A Comissão Nacional de Eleições deixou o MDM ganhar na Beira, e o Conselho Constitucional deu Quelimane e Chiure à Renamo. Em todos os três locais havia uma ameaça de violência grave e em todos eles a Frelimo tinha-se contentado em permitir o governo da oposição.
A preocupação com Chiure foi suficiente para enviar o comandante geral da polícia, Bernadino Rafael, para a cidade depois de a polícia ter morto um manifestante; Chuire fica em Cabo Delgado e os insurgentes têm algum apoio em Chiure.
Mas para demonstrar o seu poder, a Frelimo tinha de ganhar na capital e na província de Nampula, onde Celso Correia era também o chefe eleitoral provincial. A Renamo tinha provas de que tinha ganho em Maputo e na Matola, mas os tribunais ignoraram-nas; as manifestações foram pacíficas, toleradas pela polícia e ignoradas. Mas em Nampula e Nacala Porto, onde a Renamo provavelmente também ganhou, a polícia disparou contra os manifestantes, matando pelo menos cinco.
Os "erros" eleitorais maciços não foram desleixo ou má conduta de funcionários de baixo nível. A fraude foi planeada de forma centralizada. O trabalho árduo dos jornalistas moçambicanos para expor a fraude não foi impedido porque agradou aos chefes da Frelimo que queriam que os moçambicanos soubessem que as eleições não podem fazer a diferença.
Como o artigo do The Guardian argumentou, a ideia em muitas autocracias não é enganar as pessoas para que pensem que as urnas podem fazer a mudança, mas exatamente o contrário, mostrar-lhes que não podem. E era esse o objetivo da Frelimo em Moçambique. (Joseph Hanlon)
Permito-me escrever a propósito dos artigos recentemente publicados na “Carta” relativos aos problemas internos da Renamo. A polémica actual dentro da Renamo sobre a designação do presidente do partido e candidato às próximas eleições presidenciais foi analisada segundo vários pontos de vista (respeito aos estatutos, democracia interna, regalias financeiras estatais para o dirigente do maior partido da oposição) mas parecem significar também que a Renamo (sem falar da Frelimo) ainda não rompeu com uma herança de partido único: a saber, a unificação numa mesma pessoa da presidência do partido vencedor – foi sempre a Frelimo até hoje – e da presidência do Estado.
No tempo do partido único, era lógico: havia a fusão entre o partido e o Estado a todos os níveis, incluído o topo. Mas, de um ponto de vista democrático, devia ser o contrário; isto é, uma vez eleito, um· presidente deveria ser o/a presidente de todas a moçambicanas e de todos os moçambicanos e não exprimir os interesses de um só partido.
Isto quer dizer que devia ser proibido a um Presidente da República ser também Presidente de um partido, consoante uma verdadeira separação entre o Estado e o partido vencedor, do baixo ao topo.
Isto pode ser conseguido de duas maneiras: que um candidato à presidência da República, que é também presidente de um partido, demite-se da presidência deste partido logo que for eleito (e compromete-se a isso durante a campanha que ele vai fazer isso); quer os partidos designam um candidato às presidenciais que não é o presidente do partido.
Na Renamo, as duas escolhas parecem ser confundidas nos debates atuais. A sua separação talvez pudesse orientar diferentemente o debate. Obviamente, é o mesmo que passa do lado da Frelimo.
*Michel Cahen, Director Emérito do Centro Nacional de Pesquisa Científica/ Universidade de Bordeaux/França
Passando à justa da Casa da Cultura do Alto Maé/Cidade de Maputo um petiz, que o acompanhava algures, curioso, pergunta sobre o que era o edifício.
“É um centro cultural, algo como o Centro Cultural Franco-Moçambicano, mas pertencente ao governo”. Diante do esclarecimento, o petiz retorque: “Não faz sentido”. Assinei a deixa. Até porque do edifício não se visionava nenhum sinal de que ali a cultura vibrava.
Uns passos adiante cogitava comigo o facto de em Moçambique, sobretudo na sua capital, existirem apenas centros culturais estrangeiros oriundos ou tutelados por países não africanos: o Franco (francês), Camões (português), ICMA (alemão), Guimarães Rosa (brasileiro) e Confúcio (chinês), para citar alguns ou mesmo todos. Suponho que assim seja por toda a África.
Da ausência de uns e da presença de outros não vou e nem sei ainda como elaborar. Apenas, e para terminar, reiterar audível a pergunta do título: “Cadê centros culturais de países africanos?”. Ou será que a questão “Não faz sentido”, emprestando as palavras do petiz.
Nando Menete publica às segundas-feiras
Mas o que me revolta é o facto de a instituição ligada às estradas e pontes em Moçambique, nomeadamente a Direcção Nacional de Estradas, ter vindo a terreiro dizer que as correntes que seguram uma parte da plataforma da ponte, cederam como consequência da passagem de um camião sobrecarregado de mercadoria, em desobediência aos limites de peso impostos na infraestrutura. Revolta-me que a culpa seja atirada inteiramente ao camionista violador das normas, sem nos explicarem que camião é esse, qual era o destino e que carga trazia e o que foi feito para a devida responsabilização, isso seria o mínimo que se exigiria na prestação de contas.
A ponte Samora Machel na cidade de Tete, que liga a urbe e os bairros Matundo e Chingodzi e ainda permitindo a passagem para Zâmbia e Malawi, esteve temporariamente interdita a circulação de viaturas durante 48 horas, entre sexta feira e sábado últimos, criando grandes transtornos à livre circulação de pessoas e bens, por conta de um camião com excesso de peso que supostamente terá rebentado com um suporte da plataforma. Supostamente porquê? Supostamente porque antes já passaram, muito provavelmente, uma vez não havendo controle, muitos outros camiões com peso para além do permitido, até que se atingiu o ponto de saturação, e a DNE não fala dessa possibilidade. A culpa, segundo a instituição, é do último camião.
A pergunta é: o que foi feito ao camionista? Quais são as demarches que estão sendo encetadas a partir deste incidente, com vista a que se respeitem os limites de carga e se proteja a ponte? Afinal não há báscula de controle? A culpa será, efectivamente, deste camionista “desconhecido” e de outros antecessores?, Ou é da Direcção Nacional de Estradas que tem por obrigação controlar o tráfego no local! Estamos a perguntar!
Afinal a cidade de Tete ainda é causticada pela passagem de camiões que demandam países do interland, nomeadamente Zâmbia e Malawi, por via das fronteiras de Kassakatiza e Zóbwè, respectivamente? O que é que passa! Expliquem-nos por favor.
No tempo da governação de Armando Guebuza, foi construída, a partir da zona de Mpádwè, uma ponte robusta baptizada Kassuende, exactamente para desviar os camiões que passavam pela cidade com carga pesada, criando longas filas e por consequência, o caos. Era esse o objectivo principal que se tinha na edificação da Kassuende (aliviar a urbe e a ponte Samora Machel), testemunhando a obstinação e audácia de um presidente que queria e estava a atingir altos rendimentos e níveis notáveis de desenvolvimento. Então, queremos que alguém venha nos explicar porquê que os camiões da Zâmbia e do Malawi ainda sulcam a cidade, pressionando por outro lado, e principalmente, a ponte Samora Machel.
Foram 48 horas de nervos entre sexta feira e sábado, numa situação evitável. E já agora, os camiões continuarão, ainda assim, na saga de “destruir” a cidade de Tete, ou então terão que usar a ponte Kassuende, projectada para efeitos mais do que claros!?