Esta exposição integra um conjunto de ilustrações de André Letria dedicadas ao conto infantil de José Saramago, foi apresentada pela primeira vez, em 2015, na Fundação José Saramago, no Auditório da Casa dos Bicos, em Lisboa. Depois desse momento, a exposição iniciou itinerância e tem vindo a ser apresentada em diversos locais, nomeadamente em Óbidos na 1.ª edição do Folio, no Festival Literário Internacional em 2015, no Centro Cultural Português em Maputo em 2017 e no Centro Cultural Português na Beira em 2018.
(De 21 de Março à 30 de Junho, na Universidade Lúrio)
A temporada de exposições da Associação Kulungwana abre com uma individual, “Sabores de amor” do artista plástico Marcelino Manhula. Trata-se de um jovem artista moçambicano, a residir na vizinha África do Sul, que trabalha sobre um material pouco usual entre nós, o mosaico. Sobre o trabalho do artista, o curador da exposição, Ulisses Oviedo afirma: “Numa primeira análise da obra, somos “atingidos” por um material, que por sua pureza formal, se conjuga numa manifestação celebrativa, a pedra. Esta faz parte integrante da concepção de cada uma das obras aqui expostas e estende uma mensagem intemporal de homem desconhecido. Por outro lado, juntam-se outros elementos plásticos, tais como formas, o desenho, a composição e a natureza do próprio material, onde as normas de estética se apresentam harmoniosamente”. Acaba por concluir, em resultado do trabalho apresentado que, por vezes, “sentimos que assistimos a uma pintura escultórica e não propriamente a um mosaico”. Marcelino Manhula nasceu em 1986, revelou desde cedo a sua vocação para as artes plásticas, tendo posteriormente frequentado o curso de Desenho Têxtil na Escola Nacional de Artes Visuais. Em 2005, um programa de intercâmbio levou-o ao Canadá, França, Namíbia e África do Sul para quatro anos mais tarde, fixar-se neste último país, onde se dedicou à arte do mosaico.
(de 21Fev a 14 de Março, na Estação Central dos CFM)
“Ontem foi um dia encorajador. Com a ajuda dos helicópteros da SAAF (Força Aérea da África do Sul), conseguimos salvar 167 pessoas, colocando-as em segurança e, em alguns casos, reunindo-as com familiares e amigos”, lê-se na página do Facebook do IPSS Medical Rescue, uma Organização Não-Governamental sul-africana criada nos anos 90 por antigos bombeiros, com o objectivo de elevar a qualidade do salvamento em desastres em África. Isso foi conseguido e a Rescue South África, como é conhecida hoje, já é cotada mundialmente, com presenças pontuais em desastres como tsunamis, incluindo em regiões remotas da Ásia.
São eles quem está agora operando alguma magia. O dilúvio é enorme, sobretudo na zona do Buzi, onde centenas de moçambicanos terão ficado debaixo da água. Muitas não conseguiram trepar uma árvore ou um casebre. Foram apanhadas desprevenidas por torrentes violentas de águas vindas da montante e por chuvas com rajadas que caíam há vários dias, carregando a aterradora cifra pluviométrica de 150 milímetros.
A equipa da Rescue South África entrou em Moçambique no passado domingo e já desbrava na vastidão de água que inundou as bacias hidrográficas do Buzi e do Púnguè. “À medida que equipas e recursos adicionais chegam à região, os esforços de resgate estão se expandindo e o impacto é significativo. Isso também permitirá que algumas das ‘primeiras botas’ no solo comecem a se retirar da área, buscando uma recuperação muito necessária em casa”, lê-se.
A moldura de gente ainda refugiada no cimo de árvores e barracas, famintas, é enorme. Mas a primeira leva da turma de salvadores sul-africanos precisa de ser substituída. “Muitos dos membros da equipa estão exaustos física e mentalmente, e decisões operacionais sobre se devem voltar para suas famílias serão tomadas durante o dia”.
Outras respostas ao desastre
Na Beira, o INGC (Instituto Nacional de Gestão de Desastres) mantém o seu Centro de Operações no aeroporto internacional, aliás a base central de toda a resposta de emergência ao desastre. Aqui também funcionam várias organizações humanitárias, incluindo as do espectro das Nações Unidas, facilitadas pelo PMA (Progama Mundial de Alimentos). De acordo com o ReliefWeb no seu último “update”, a Telecoms Sans Frontiers implantou uma equipa na Beira e estabeleceu a conectividade para operações humanitárias.
Um segundo centro de coordenação está a ser estabelecido em Chimoio, liderado pelo INGC, para apoiar as operações nas áreas circundantes e uma reunião de coordenação foi realizada a 18 de Março para discutir questões críticas. A coordenação também está activa em Quelimane, na Zambézia, liderada pelo INGC com o apoio do UNICEF.
O INGC está a prestar assistência a 3.800 famílias em centros de acomodação na província de Sofala. O ReliefWeb diz que vários parceiros de saúde estão a apoiar na resposta urgente em instalações de saúde impactadas, incluindo o Hospital Central da Beira. Fora da Beira na resposta está em curso na Zambézia, visando a contenção do surto de poliomielite que foi confirmado em Janeiro de 2019. Na cidade de Tete, o PMA assiste quase 900 famílias, acomodadas no centro do INGC no bairro em Matundo, uma mistura de transferência de dinheiro e assistência em vales, nomeadamente envolvendo comerciantes locais.
O ReliefWeb noticia também que quatro helicópteros (três do governo e um do PMA) estão disponíveis. O PMA transportou 20 toneladas de biscoitos energéticos para a Beira a 17 de Março, para ajudar mais de 22.000 pessoas. Um voo do Dubai Humanitarian Response Depot, transportando provisões vitais (incluindo 13.700 lonas, 3.500 jerrycans, 1.500 kits de ferramentas de abrigo e medicamentos para operações da ONU) já devia ter chegado a Maputo.
Desafios
Os desafios à resposta permanecem significativos. A escala e o alcance das inundações tornaram muitas estradas-chave intransitáveis, o que significa que os comboios rodoviários não conseguem chegar à Beira neste momento. Há muitos camiões presos na estrada e incapazes de alcançar seus destinos pretendidos. Existem também desafios no transporte de suprimentos de socorro suficientes para a Beira e áreas adjacentes, devido ao número limitado de meios aéreos. (Carta)
Em Moçambique assiste-se a um cada vez maior movimento de solidariedade local para com os que no centro do país sofreram e continuam a sofrer os efeitos do ciclone tropical IDAI. Dos mais variados cantos do mundo também continuam a chegar apoios sob as mais diversificadas formas, provenientes de diferentes governos e organizações multilaterais.
Solidariedade interna
Internamente, a Hidroelétrica de Cahora Bassa (HCB) anunciou na segunda-feira (18) que já canalizou ao Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) 4 milhões de Mts para apoio às vítimas do IDAI. Com a mesma finalidade, o Banco Nacional de Investimento (BNI) disponibilizou ontem (19) em Maputo 3 milhões de Mts, também dinheiro enviado ao INGC.
Outra contribuição é a do Comité Internacional da Cruz Vermelha, que nesta terça-feira (19) comprometeu-se a entregar 100 litros de “diesel” para alimentar o gerador do Hospital Central da Beira (HCB). Esta unidade hospitalar teve de encerrar o seu bloco operatório por falta de energia eléctrica na capital provincial de Sofala, devido aos danos causados pelo IDAI no sistema da empresa pública Electricidade de Moçambique (EDM). Por sua vez, a empresa de logística DHL efereceu sua disponibilidade de entregar gratuitamente aos destinatários os apoios oferecidos em diferentes pontos do país.
Apoios vindos de fora
A União Europeia (UE) anunciou um pacote de ajuda de emergência inicial de 3.5 milhões de Euros para Moçambique, Malawi e Zimbabwe, os três países da África Austral afectados pelo ciclo tropical IDAI. Daquele montante, apenas 2 milhões de Euros destinam-se ao nosso país. Um comunicado da UE refere que o financiamento será usado no apoio logístico às pessoas afectadas nas componentes de abrigos, higiene, saneamento e cuidados médicos. A UE diz ter enviado uma equipa de especialistas técnicos para o terreno. “O nosso sistema de satélites do Programa Copérnico foi activado para identificar necessidades e assistir os nossos parceiros humanitários, bem como as autoridades locais, nas suas respostas”, lê-se num comunicado enviado por aquela organização continental.
Por sua vez, o Reino Unido doou 6 milhões de libras às vítimas do IDAI em Moçambique e Malawi. Citada num comunicado, Penny Mordaunt, Ministra de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido, afirmou que este país tem especialistas humanitários que estão agora no terreno ajudando na coordenação da resposta ao desastre provocado pelo IDAI. Mordaunt acrescenta que se for necessário a ajuda será aumentada. (Evaristo Chilingue)
Foi lançada nesta segunda-feira (18) no país uma plataforma cuja finalidade é partilhar informação facilitando o reencontro entre familiares desaparecidos. A plataforma, criada em Genebra, opera pelo movimento internacional da Cruz Vermelha, pode ser acedida em https://familylinks.icrc.org/Pages/online-tracing.aspx
Os usuários poderão colocar nela informações como: “procura-se, ou estou aqui”. As vítimas que se encontram nos centros de acomodação instalados em diferentes pontos das províncias afectadas poderão beneficiar do apoio facultado por voluntários que se encontram nesses locais, para passar informação aos seus parentes que estão longe deles.
Durante uma conferência de imprensa realizada ontem em Maputo, Titos Queirós, Director de Programas na Cruz Vermelha de Moçambique (CVM), divulgou outros dados sobre os estragos do ciclone IDAI. Segundo ele, na capital provincial do Niassa, Lichinga, para além de 12 escolas que ficaram sem tecto, há 181 famílias espalhadas em três pontos de acomodação instalados naquela cidade, que precisam urgentemente de apoio em material de higiene, mantas e outros bens de primeira necessidade.
Titos Queirós realçou o facto de Beira ser a grande prioridade, acrescentando que naquela segunda maior cidade do país agora quase totalmente ‘desfigurada’ foram activados 122 voluntários. Titos disse que, ao nível do Movimento Internacional da Cruz Vermelha, estão a ser envidados todos os esforços para manter em funcionamento o Hospital Central da Beira, neste momento a única unidade sanitária que acolhe maior número de pacientes. (Marta Afonso)
Com um potencial de 15.2 milhões de toneladas, por ano (MTPA), o projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL), desenvolvido na bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado, vai atrair entre 27 e 32 biliões de dólares norte-americanos em investimento directo estrangeiro (IED), devendo rentabilizar 2.6 biliões de pés cúbicos de recursos de GNL ao largo, aumentar de 15 a 18 biliões de dólares o Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique, por ano, e transformar o País, a breve trecho, no quarto maior produtor de GNL do mundo. Os resultados do estudo macroeconómico independente sobre o potencial da Área 4 do projecto de Gás Natural Liquefeito, elaborado pelo Standard Bank, foram apresentados terça-feira, 19 de Março, em Maputo, e indicam que o GNL do Rovuma tem potencial para tornar a província de Cabo Delgado numa das regiões de maior crescimento acelerado do mundo, com a perspectiva de desenvolver o apoio às cadeias de valor industrial e agrícola.
Numa entrevista divulgada ontem na “Rádio Mais”, em torno das cheias que se registam no centro do país, Álvaro Carmo Vaz, Professor Catedrático em Hidrologia e Gestão dos Recursos Hídricos, diz que existe uma espécie de afunilamento exagerado da canalização de informação por parte do Instituto Nacional de Gestão de Calamidade (INGC) e uma hesitação em lançar-se atempadamente “alertas vermelhos”.
De acordo com Vaz, as autoridades ligadas às águas transmitem informação ao INGC, que por sua vez emite um alerta geral à população. Mas o alerta emitido exclusivamente pelo INGC acaba, em parte, por não contribuir na mitigação de alguns desastres naturais. “E quando por qualquer razão o INGC não consegue dar resposta, as outras instituições não podem difundir essa informação sem o aval do INGC”, acrescenta o especialista.
A antiga Embaixadora de Moçambique nos Estados Unidos da América (EUA), Amélia Sumbana, foi esta terça-feira (19) condenada a uma pena de 10 anos de prisão pelos crimes de abuso de cargo e de função, peculato, branqueamento de capitais, violação do direito de legalidade e respeito pelo património público. A sentença foi proferida pelo juiz da causa, Rui Dauane, da Sétima Secção do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, numa sessão que durou quase três horas.
Arguida no Processo Querela nº 25/16/A, Sumbana foi acusada de, durante o exercício das suas funções (2010 e 2015), ter desfalcado as contas da Embaixada moçambicana nos EUA num valor total superior a 17.393 mil Mts, grande parte do qual em benefício próprio.
O Conselho de Ministros reunido na sua nona sessão ordinária, na cidade da Beira, alargada aos governadores das províncias de Sofala, Manica, Zambézia, Tete e Inhambane, na cidade da Beira, província de Sofala, decidiu decretar luto nacional por um período de três dias, fez saber aquele órgão em comunicado distribuído ao cair da tarde de ontem. Foi também decretada uma situação de “emergência nacional”.
A decisão do Conselho de Ministros segue-se à passagem por aqueles pontos do país do Ciclone Tropical IDAI que fez 202 mortes e aproximadamente 1400 pessoas feridas para além de ter destruído diversas infrestruturas, incluindo habitações, escolas e unidades hospitalares. Diz o comunicado que em resultado da passagem do IDAI, as cinco províncias registam chuvas fortes por vezes com ventos de rajadas e trovoadas severas tendo já provocado duas centenas de óbitos, dos quais 141 só na Província de Sofala.
Dez mil pessoas encontram-se neste exacto momento sitiadas, umas sobre casas e outras no cimo árvores, na sede do distrito de Búzi, e estão em risco de vida se medidas urgentes drásticas não forem tomadas, disse o Ministro da Terra e Coordenação Ambiental, Celso Correia, no decurso de uma reunião de balanço na última noite na cidade da Beira, província de Sofala, no centro de Moçambique.
“Estamos num momento crítico, num momento em que o relógio conta, os minutos contam para conseguirmos tirar as pessoas que estão nas ilhas, as equipes estão a trabalhar para salvar mais vidas”, disse. Ele defende uma intervenção urgente para evitar o que designou de desastre humanitário. “Temos que agir rápido, milhares de pessoas estão em risco de vida, precisamos de barcos, helicópteros, tendas, água, alimentos para os afectados”, disse. (Carta)