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quarta-feira, 26 dezembro 2018 05:46

Lijembe, o decapitador...decapitado

Muito recentemente, populares de Nangade, a norte de Cabo delgado, juntaram-se às Forças de Defesa e Segurança e fizeram-se ao mato, para combater os rebeldes que aterrorizam a zona. Foi a única via que os residentes daquela parcela do país encontraram para dar resposta à situação que desgraça cada vez mais famílias.

A decisão popular surgiu na sequência de investidas dos malfeitores que queimaram muitas das suas casas e outros bens, tendo sido a única alternativa encontrada para pôr cobro à situação. As Forças de Defesa e Segurança, por si só, demonstraram não ter capacidade para responder aos frequentes ataques, numa altura em que se julga que os malfeitores têm guias (informantes) nas diversas aldeias. As comunicações são supostamente feitas através de telefones celulares.

 

Nesta acção, foram mortos pelo menos quatro insurgentes, um dos quais decapitado, e partes do corpo deste último (nomeadamente braços e pernas) foram levados à aldeia de Litingina e à sede do distrito de Nangade, onde foram expostos ao público. Contudo há uma pergunta que não quer calar: por que razão, de tantos mortos, só foram exibidos os membros de um deles?
A “Carta”, na perspectiva de apurar a verdade, e nos difíceis diálogos com os residentes de Nangade (dada a fraca “abertura” das fontes), alguns dos quais participantes na referida “caça ao homem”, ficou claro que se tratava de alguém muito conhecido na zona, e, por sinal, o mais jovem dos poucos mais de 30 homens que se filiaram ao movimento de sublevação na comunidade de Litingina. Um indivíduo que nasceu, cresceu e viveu ali e era conhecido por todos.


O moço em causa chamava-se Fazil Chungu, tinha 23 anos, era natural de Litingina, distrito de Nangade, e aprendiz de carpintaria. Nunca frequentou uma escola pública, apenas a Madrassa. Fontes descrevem que, frequentemente, Fazil se deslocava à Tanzânia onde tinha familiares. Outros descrevem-no como um rapaz calmo, forte e que entrou para o grupo de terroristas antes de constituir família.

 

Em Novembro de 2017, um mês depois de se iniciarem os actos de insurgência, Fazil Chungu, que era conhecido por Lijembe (nome em makonde que significa enxada), despediu-se dos pais e rumou para a Tanzânia. Posteriormente, telefonou para os progenitores e disse que se encontrava nas montanhas, supostamente à procura de dinheiro, mas não disse concretamente onde e nunca mais voltou a contactá-los, nem regressou à casa.

 

Fazil é oriundo de uma família de agricultores que produz castanha de caju. O pai, hoje com pensão de combatente fixada, foi soldado durante a luta de libertação nacional. Na altura da sua morte, trazia consigo uma arma de fogo. No entanto, sabe-se que era exímio a manejar catanas, razão pela qual também era conhecido por ”Lijembe, o decapitador”. (Saide Abibo)

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