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quarta-feira, 06 fevereiro 2019 09:52

Os difíceis dias de Chamira Machembo, mulher do jornalista Amade Abubacar

Desde que Amade Abubacar foi detido a 5 de Janeiro pela Polícia em Macomia, quando fotografava pessoas fugindo dos ataques protagonizados por grupos armados em Cabo Delgado, sua família vive um drama sem paralelo. A mulher, Chamira Machembo, contou as peripécias por que tem passado ela e as filhas menores. Chamira ainda vive chocada. Não esperava nem compreende o que se passa. No passado dia 19 de Janeiro, Chamira teve permissão de visitar Amade na prisão em Macomia. O jornalista contou que foi roubado. Os militares tiraram-lhe tudo, incluindo cartões de ATMs, dois telemóveis, dinheiro (5.640 Mts), seu Bilhete de Identidade e o cartão de identificação tributária.

 

Abubacar é jornalista do Instituto de Comunicação Social (ICS) em Macomia, que lhe deu as costas, à família também. Os dias têm sido difíceis. Desempregada, a família dependia dos rendimentos de Abubacar, um homem que não se cansava de trabalhar para dar do melhor às suas duas filhas. 

 

Agora, Chamira vive com a ajuda de parentes e amigos de Abubacar, que se mostram solidários. Ela lamentou que algumas entidades com quem Amade Abubacar colaborava terão prometido apoio, mas depois telefonaram a dizer que já não seria possível! Outro drama é o facto de Chamira Machembo, depois da única visita que fez ao marido a 19 de Janeiro, deixou de saber do seu rasto. Diz não ter informações concretas sobre o paradeiro do marido e que têm sido infrutíferas as tentativas de entrar em contacto com o advogado Augusto Messariamba, nomeado pelo MISA Moçambique. 

 

De acordo com Chamira Machembo, as coisas começaram a ficar estranhas em Dezembro de 2018, quando ocorreu um furto na sua residência. Amade estava a trabalhar na rádio e ela teve uma breve ausência para o mercado. Quando regressou, um ladrão tinha levado um computador portátil, um disco duro externo, gravadores, uma pen drive e um modem, objectos essenciais para o trabalho do marido. 

 

Desde lá, Amade se via à nora para escrever. Ou tinha de se deslocar à radio. Em casa escrevia no telefone. Quando Amade desapareceu no dia 5 de Janeiro, Chamira ainda pensou que era uma coisa breve. Mas já passam 33 dias. Doméstica, uma das suas maiores dificuldades é cuidar das filhas sozinha. Não tem assistência alimentar. E nem pode ter acesso às contas bancárias de Amade. “Carta” sabe que o jornalista detido não vivia unicamente dos rendimentos no ICS. Colaborava com outras entidades, nomeadamente jornais e jornalistas, expondo ao mundo o drama da insurgência em Cabo Delgado. Amade era o correspondente da “Carta de Moçambique” em Cabo Delgado. 

 

PS: "Carta" tem prestado algum apoio em dinheiro à família de Amade Abubacar.

 

(Omardine Omar)

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