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quarta-feira, 23 fevereiro 2022 09:19

Governo e instituições de Bretton Woods fazem previsões ambiciosas e inalcançáveis sobre PIB do país – CIP

O Centro de Integridade Pública (CIP), uma organização da sociedade civil moçambicana, afirma que o Governo moçambicano e as instituições da Bretton Woods, nomeadamente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), fazem project ções para 2022 – um crescimento da economia moçambicana e do Produto Interno Bruto (PIB) – ambiciosas e inalcançáveis.

 

Numa análise, o CIP refere que o Banco Mundial e o FMI projectam, para 2022, um crescimento da economia moçambicana e do PIB na ordem de 5,1% e 5,3 %, respectivamente, níveis muito optimistas em relação à previsão do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE), que prevê, para o mesmo período, um crescimento do PIB de 2,9%.

 

“Entretanto, as três previsões de crescimento revelam-se muito ambiciosas. Primeiro, porque historicamente são definidas metas que sistematicamente não são alcançadas; segundo, porque parece que as previsões de crescimento foram feitas num contexto muito optimista em relação à pandemia da Covid-19, numa altura em que vão surgindo novas variantes do vírus e os níveis de vacinação ainda continuam um desafio no país, principalmente para as zonas rurais; terceiro, porque as previsões de inflação a um dígito, à semelhança dos níveis mantidos nos últimos quatro anos, parece que não consideraram a revisão numa média de 12% dos preços dos combustíveis, cujo impacto se traduz rapidamente no aumento dos preços dos demais produtos e os prováveis impactos de novas vagas de contaminação pela Covid-19”, explica o CIP.

 

Para argumentar a sua posição, a análise intitulada “O Que Monitorar em Contexto de Recuperação e Incertezas” recorre, como exemplos, ao aumento do preço dos combustíveis, que iniciou a pressão para o aumento do preço do transporte de passageiros; e ao aumento do preço do pão, produto indispensável na cesta básica dos moçambicanos. Ademais, aponta a grande possibilidade de ocorrência de ciclones tropicais, como “Ana” que recentemente se abateu sobre as regiões centro e norte de Moçambique, que podem alterar as estimativas de produção e de despesa a realizar.

 

Apesar de defender que as referidas projecções sejam ambiciosas e inalcançáveis, sob ponto de vista positivo, o CIP afirma que o crescimento do PIB possa ser influenciado pelo início da exploração do Gás Natural Liquefeito (GNL) na bacia do Rovuma, cuja expectativa é que contribua para a manutenção da actividade económica e dos níveis de produção nacional, com destaque especial para a arrecadação fiscal “extraordinária”. A possibilidade da retoma do Apoio Directo ao Orçamento do Estado, cuja negociação entre o FMI e o Governo iniciou em Janeiro, pode animar os mercados, podendo constituir um incentivo para os demais parceiros bilaterais voltarem a prestar apoio ao Orçamento do Estado.

 

Aquela organização da sociedade civil espera que a insurgência armada, que ao longo dos últimos cinco anos (desde 2017) dilacera os distritos do norte e centro de Cabo Delgado, conheça um novo rumo em 2022, resultado da acção das tropas estrangeiras do Ruanda e da missão dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral para Moçambique (SAMIM).

 

Com isso, a organização acredita no início da implementação efectiva do Plano de Reconstrução de Cabo Delgado (PRCD) e da Estratégia de Resiliência e Desenvolvimento do Norte (ERDN), o que vai permitir um retorno seguro dos deslocados às suas terras para a retoma da vida social e económica. (Evaristo Chilingue)

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