A Confederação das Associações Económicas de Moçambique, (CTA) em representação do sector empresarial privado, calcula que a subida da taxa de juro vai disparar o crédito das empresas e famílias em 13.5 biliões de Meticais. Como consequência, o aumento do endividamento irá sufocar as empresas e famílias.
Com o país a padecer da inflação, que é a subida generalizada de preços, o Banco de Moçambique aumentou há dias as taxas de juro no sistema financeiro, como forma de remediar a doença. A ideia é limitar a circulação de dinheiro na economia, pois quanto maior é o valor no bolso, mais apetite há em gastar e, muitas vezes, em futilidades.
Em contrapartida, se por um lado o Banco Central luta contra a inflação, o sector privado entende que as medidas tomadas irão sufocar os empresários e as famílias com empréstimos na banca. A classe empresarial privada calculou que, com a subida das taxas de juro, a actual dívida privada (empresas e famílias), no valor de 270.8 biliões de Meticais, vai aumentar em 5%, o que corresponde a 13.5 biliões de Meticais, nos próximos cinco anos.
Os cálculos foram apresentados, em entrevista à “Carta”, pelo economista e Director Executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Eduardo Sengo.
Sengo sustentou que o aumento das taxas de juro, principalmente, a de Política Monetária (ou taxa MIMO), de 15.25% para 17.25% vai provocar um aumento considerável da dívida dos empresários e famílias na banca comercial.
“Na base do endividamento total do sector privado, se estimarmos quanto o mesmo irá aumentar com a subida esperada da Prime Rate em 2%, que deverá sair de 20,25% para 22,25% como resultado da subida da MIMO, notamos que esse endividamento irá aumentar em cerca de 5%, considerando uma maturidade média de cinco anos de créditos”, explicou o Director Executivo da CTA.
Segundo o economista, os bancos comerciais detêm neste momento uma carteira de crédito avaliada em 270.8 biliões de Meticais, valor que, ao crescer 5%, vai atingir 284.4 biliões de Meticais.
“Como impacto do endividamento do sector empresarial privado junto da banca em cerca de 5%, teremos a tesouraria das empresas sufocada. Quando o endividamento aumenta em 5% significa que os balanços patrimoniais dessas empresas têm relativamente maior exposição e isso afecta os indicadores financeiros das empresas de forma negativa”, acrescentou Sengo.
Para além da taxa MIMO, o Banco de Moçambique decidiu, no fim de Setembro último, aumentar a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 18,25% para 20,25%, a taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) de 12,25% para 14,25% e manteve os coeficientes de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional em 10,50%, e em moeda estrangeira em 11,50%. (Evaristo Chilingue)