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quarta-feira, 19 outubro 2022 06:03

Exportadores prejudicados com depreciação do Euro

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A depreciação do Euro em relação a outras moedas internacionais, com destaque para o Dólar dos Estados Unidos da América (USD), está a prejudicar os exportadores de diversos produtos nacionais para países da União Europeia. Com o Euro em baixa, as empresas gastam actualmente mais dinheiro para exportar a mesma quantidade de produtos que vendiam aos países europeus quando o Euro estava em alta.

 

Em contrapartida, o impacto da desvalorização do Euro para os importadores é positivo, apesar da inflação que se verifica no velho continente, agravada pela crise decorrente da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que dura oito meses e sem previsão de fim.

 

Poucos meses depois da invasão da Rússia à Ucrânia, o Euro começou a depreciar, tendo cinco meses depois atingido paridade com o Dólar. Entretanto, o câmbio do Banco de Moçambique desta segunda-feira (17) mostra que o Euro já está abaixo do Dólar. Por exemplo, 1 Euro comprava-se ontem a 61.83 Meticais e 1 USD custava 63.23 Meticais, uma diferença de 1.4 Meticais.

 

Em entrevista à “Carta”, o economista e Director Executivo da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Eduardo Sengo, afirmou que a depreciação do Euro tem impacto para os exportadores e importadores nacionais. Antes de ir ao detalhe, Sengo explicou que não é linear que o impacto da depreciação de uma determinada moeda internacional se reflicta internamente, porque cada economia tem as suas dinâmicas.

 

“Entretanto, no caso de Moçambique, o impacto da depreciação do Euro verifica-se no mercado real, ou seja, nas exportações e importações de bens e serviços. A depreciação do Euro reduz as receitas dos exportadores em Meticais. Isto é, se a empresa exportadora antes vendia 1kg de peixe e ganhava 1 Euro, que equivalia 70 Meticais, agora 1 Euro está a 63 Meticais. É como se tivesse perdido 7 Meticais”, explicou Sengo. Segundo o economista, as empresas que se dedicam à exportação de pescado e alumínio são as que podem estar a ser prejudicadas pela depreciação do Euro.

 

Se os exportadores se mostram prejudicados, Sengo explicou que os importadores, provenientes particularmente da zona euro, estão a tirar proveito. “O comportamento da moeda europeia faz com que as nossas importações que vêm da União Europeia (cerca de 40% do total) sejam mais baratas. Quer dizer, eles compram actualmente a um preço menor. As empresas que se beneficiam desse fenómeno são aquelas que importam produtos alimentares e roupa, principalmente de Portugal, bem como maquinaria e medicamentos provenientes da Alemanha”, disse o economista.

 

Apesar de benefícios, Sengo sublinhou que o impacto pode não ser elevado tendo em conta que os produtos europeus são mais caros devido à inflação, agravada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Deu exemplo dos combustíveis e alguns produtos alimentares, cujo preço é elevado no mercado internacional, facto que se reflecte no mercado nacional.

 

A depreciação do Euro face ao Dólar nunca se tinha verificado nos últimos 20 anos em que o euro funciona como moeda corrente em transações da zona euro. Para além do impacto da crise derivada do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que afecta o crescimento económico dos países da União Europeia, a depreciação do Euro também está a ser influenciada pela valorização do Dólar devido à subida de taxas de juro por parte do Banco Central dos Estados Unidos da América para combater a inflação, facto que contrasta com aumentos moderados feitos pelo Banco Central Europeu. (Evaristo Chilingue)

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