O rendimento médio mensal na África do Sul apresentou uma queda trimestral de 2,7%, entre Novembro de 2022 e Fevereiro deste ano, passando de R26.002 para R25.304. Em relação ao ano anterior, o rendimento médio mensal aumentou 6,8%. Os dados constam das Estatísticas trimestrais de emprego (QES) divulgadas em Março deste ano.
Paralelamente, o emprego total diminuiu 21.000, ou seja, -0,2% em relação ao trimestre anterior, passando de 9.991.000 em Dezembro de 2022 para 9.970.000 em Março de 2023. Isso deveu-se principalmente a reduções no comércio (-36.000 ou -1,6%), serviços às empresas (-32 000 ou -1,4%), transportes (-2 000 ou -0,5%) e construção (-2 000 ou -0,4%). No entanto, houve aumentos nos serviços comunitários (41 000 ou 1,5%), mineração (5 000 ou 1,1%), manufatura (4 000 ou 0,3%) e electricidade (1 000 ou 1,8%).
O emprego total diminuiu 97 000 ou -1,0% em termos homólogos entre Março de 2022 e Março de 2023.
De acordo com o instituto sul-africano de estatísticas (Stats SA), o emprego a tempo parcial aumentou 42 000 ou 3,8% em termos trimestrais, de 1 110 000 em Dezembro de 2022 para 1 152 000 em Março de 2023. Isto deveu-se em grande parte a aumentos nas indústrias de serviços comunitários (46 000 ou 9,7%), serviços empresariais (25 000 ou 12,1%) e transportes (1 000 ou 6,3%). O sector eléctrico não apresentou variação trimestral. No entanto, registaram-se quebras nas indústrias de comércio (-22 000 ou -8,6%), construção (-7 000 ou -9,2%) e indústria transformadora (-1 000 ou -1,3%).
O mesmo aconteceu com o bónus pago aos funcionários que diminuiu de R22,5 biliões ou -25,2% de R89,5 biliões em Dezembro de 2022 para R66,9 biliões em Março de 2023 devido principalmente a reduções nos serviços comunitários, manufatura, comércio, construção, transporte e electricidade.
Este ambiente pouco animador acontece numa altura em que, a partir de 2030, não haverá novos trabalhadores moçambicanos empregues nas minas ou farmas da África do Sul, segundo alertou recentemente a ministra do Trabalho Margarida Talapa.
“Os empregadores das minas, até 2030, vão reduzir o número de trabalhadores [estrangeiros], mas até lá nenhum moçambicano vai perder o emprego”, disse a ministra.
O BusinessLIve da África do Sul informou que “espera-se que cerca de 30.000 trabalhadores migrantes estrangeiros tenham deixado a indústria de mineração por atrito natural até 2030, deixando apenas 5.000”.
“Isso alinharia a indústria com os objectivos do governo [sul-africano] no projecto de política nacional de migração laboral, que propõe a introdução de quotas para trabalhadores estrangeiros”, acrescenta a mesma fonte. “O projecto de política, que foi divulgado para consulta pública pelo departamento de emprego e trabalho, foi formulado no contexto da crescente hostilidade (xenofobia) aos estrangeiros, que têm sido cada vez mais culpados pela taxa de desemprego de 35% na África do Sul”
Recorde-se que o instituto sul-africano de estatísticas avançou que menos de 10 milhões de pessoas estão empregues na África do Sul numa população de mais de 60 milhões. (Carta⁄ Stats SA)