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quarta-feira, 17 abril 2019 10:13

Cresce o uso de contas móveis na África Subsariana, diz o FMI

O recurso a contas móveis é caracterizado por um robusto crescimento na África Subsariana, superando as tradicionais. Esta é uma constatação do Fundo Monetário Internacional (FMI), expressa no seu mais recente relatório sobre estudos económicos e financeiros.

 

Até 2017, de acordo com as estatísticas do relatório em causa, que aborda especificamente a situação da África Subsariana, uma média de 500 em cada 1000 adultos possuíam conta de depósitos tradicionais. Para o mesmo número de adultos, uma média de quase 1000 eram detentores de contas móveis.

 

No caso de Moçambique, as estatísticas apresentam números mais baixos. Dados contidos no relatório, a que se faz alusão, indicam que, até há dois anos, só 400, em cada 1000 adultos, é que tinham conta móvel. Segundo o FMI, o facto de a África Oriental apresentar a maior taxa de utilização do dinheiro móvel na África Subsariana permite retirar ensinamentos úteis, tendo em conta que foi fruto do desenvolvimento de uma infra-estrutura que, singularmente, aproveitou a procura latente por serviços financeiros móveis naquela região. Esta é, na opinião do FMI, a razão da maior utilização de dinheiro móvel na África Subsariana.

 

“Os países da África Oriental favoreceram um modelo regulamentar liderado pelos operadores de telecomunicações”, diz o relatório. E prossegue: “neste quadro, o operador de telecomunicações trabalha com o regulador financeiro visando a criação da infra-estrutura para os pagamentos móveis. O modelo liderado pelos operadores de telecomunicações teve mais sucesso na captação de utilizadores do que o modelo liderado pelos bancos, promovido por outros países da África Subsariana”.

 

Para uma maior utilização de dinheiro móvel, o FMI notou que os países da África Oriental tendem a ter um operador de telecomunicações dominante, com grande quota de mercado. Isso facultou, numa fase inicial, a massa crítica de utilizadores necessária para que o dinheiro móvel não fosse apenas um nicho de mercado. O caso do Quénia é citado pelo FMI como exemplo, pois, naquele país da África Oriental a “Safaricom” tem uma quota de mercado próxima dos 70%. Na Tanzânia, igualmente país da África Oriental, a “Vodacom” tem quase metade do mercado.

 

Na opinião do FMI, a existência de uma grande quota de mercado permitiu que a maioria dos que utilizam pagamentos móveis recorresse a uma única plataforma sem se deparar com problemas de compatibilidade, ainda que isso suscitasse algumas preocupações em termos de concentração e potencial estabilidade.

 

Como constatou o FMI, a interoperabilidade do dinheiro móvel possibilita cada vez mais transacções entre utilizadores de diferentes prestadores de serviços. (Evaristo Chilingue)

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