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BCI
segunda-feira, 29 abril 2019 05:55

Banco de Moçambique revela aumento da dívida pública interna

O Banco de Moçambique (BM) afirma que o fluxo da dívida pública interna contraída com recurso a Bilhetes do Tesouro, Obrigações do Tesouro e adiantamentos do Banco de Moçambique aumentou desde Março último, em 2.213 milhões de Mts passando o saldo para 122.273 milhões de Mts.

 

A informação consta do comunicado do último Comité de Política Monetária (CPMO), reunido na passada quinta-feira, em Maputo. No entanto, o BM diz que “os montantes acima não tomam em consideração outros valores de dívida pública interna, tais como contratos mútuos e de locação financeira, assim como responsabilidades em mora”.

 

Na sua terceira reunião, neste ano, o BM decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 14,25%. Decidiu, igualmente, manter as taxas da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) e da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 11,25% e 17,25%, respectivamente, bem como os coeficientes de Reservas Obrigatórias (RO) para os passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 14,0% e 36,0%, respectivamente.

 

De acordo com o documento, a decisão do BM é fundamentada pelo facto de as perspectivas actuais de médio prazo apontarem para um ligeiro agravamento das projecções de inflação para o final do ano, que, no entanto, não compromete o objectivo de estabilidade macroeconómica.

 

“Tal resulta, sobretudo, do choque de oferta causado pelos desastres naturais que têm assolado Moçambique nos tempos mais recentes, conjugado com as tendências para depreciação do Metical no mercado cambial doméstico e para aumento do preço do combustível no mercado internacional”, lê-se no comunicado.

 

Outros indicadores relevantes da economia que o Banco Central apreciou no último CPMO

 

Inflação

 

A inflação continua baixa e estável, embora permaneçam riscos de aceleração. A inflação anual, medida pela variação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Moçambique, situou-se em 3,41% em Março de 2019, contra 3,05% em igual período de 2018. Esta evolução reflecte uma relativa estabilidade de preços nas cidades de Maputo e Nampula, que permitiram atenuar o agravamento de preços na cidade da Beira, decorrente da primeira ronda de efeitos do ciclone IDAI. Apesar de os riscos de aceleração da inflação prevalecerem, a recente revisão em baixa dos preços dos combustíveis poderá contribuir para amortecer, no curto prazo, a expectativa de pressão inflacionária decorrente do choque de oferta. A avaliação das condições actuais da economia moçambicana resulta na projecção de uma inflação em torno de um dígito, no médio prazo.

 

Actividade económica

 

A actividade económica continua modesta, perante as incertezas quanto à magnitude do efeito dos desastres naturais, com destaque para o do ciclone IDAI. No curto prazo, e reflectindo os impactos do Ciclone, poderá observar-se um refreamento do crescimento, prevendo-se uma recuperação em 2020, ainda que abaixo da máxima capacidade produtiva do País.

 

Mercado cambial

 

O mercado cambial doméstico continua sob pressão. O Metical mantém a tendência para depreciação iniciada em Janeiro último, tendo sido cotado em 64,63 MZN/USD no dia 24 de Abril de 2019, após 62,73 MZN/USD no dia 5 de Março. No mesmo período, a cotação do ZAR passou de 4,43 para 4,60 MZN/ZAR. Esta perda de valor da moeda nacional, que ocorre num período em que os riscos externos se mantiveram elevados, reflecte também o excesso da procura de divisas decorrente do agravamento do défice da conta corrente, que, de acordo com os dados do IV trimestre de 2018, se deteriorou em termos homólogos em 98,8%, ao atingir 2.008 milhões de USD.

 

Reservas Internacionais Brutas

 

As reservas internacionais mantêm-se em níveis confortáveis. Desde o último CPMO até ao dia 19 de Abril de 2019, o saldo das reservas internacionais brutas aumentou USD 99,3 milhões, para USD 3.047,6 milhões, valor que permite cobrir acima de 6 meses de importação de bens e serviços, excluindo as transacções dos grandes projectos.

 

Taxas de juros a retalho

 

As taxas de juro a retalho continuam a reduzir. A taxa de juro média de crédito para o prazo de um ano reduziu de 20,55%, em Janeiro, para 20,23%, em Fevereiro, e a taxa de juro média de depósitos para o mesmo prazo reduziu de 10,87% para 10,74% no mesmo período. Em Fevereiro, o crédito bancário ao sector privado registou um aumento mensal de 1,1%.

 

Ciclone IDAI agravou as fontes de riscos sobre as projecções de inflação.

 

A nível interno, as principais fontes de risco são a sustentabilidade da dívida pública no contexto das incertezas quanto ao financiamento do défice das eleições de 2019, à qual acresce a necessidade de assistência humanitária, reconstrução de infra-estruturas e perda de receita pública na região centro. Mantêm-se ainda as incertezas quanto à evolução dos preços dos bens administrados. A nível externo, subsistem riscos significativos de refreamento do crescimento mundial em face da continuação da tensão comercial entre as principais economias, com impacto nos fluxos de comércio externo e na volatilidade dos preços internacionais das mercadorias, com destaque para o do petróleo. O preço do barril de petróleo situou-se em USD 74,57 no fecho do dia 24 de Abril de 2019, contra os USD 73,86 observados no mesmo período de 2018. (Carta)

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