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BCI
sexta-feira, 24 maio 2019 05:47

Crescendo Azul: dirigentes “alarmados” com aumento do lixo plástico, exploração desfreada e pesca ilegal

O aumento do lixo no mar, a pesca ilegal e a falta de uma estratégia de exploração marítima sustentável estiveram no epicentro das principais intervenções durante a abertura da Conferência Internacional “Crescendo Azul”, que arrancou, esta quinta-feira (23 de Maio), em Maputo.

 

O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que o lixo plástico tem sido uma ameaça para o governo moçambicano que, desde 2017, aprovou uma política do mar com o objectivo de impulsionar o desenvolvimento sustentável.

 

Segundo Nyusi, em Moçambique, mais de 60 por cento da população vive ao longo da zona costeira e, devido ao lixo de plásticos no mar, espécies como camarão, caranguejo, lagostas, entre outras podem estar ameaçadas. Nyusi lembrou ainda que Moçambique tem 2700 km de costa, mas as mudanças climáticas ameaçam a biodiversidade, facto que passou a ser uma prioridade do governo. Realçou a necessidade de racionalização dos recursos marinhos como forma de catapultar a economia azul sustentável.

 

Para Danny Foure, Presidente das Seychelles, país-modelo no que concerne a “economia azul”, a nível da África o uso racional dos recursos marinhos permite que as futuras gerações possam privilegiar-se dos mesmos.

 

Foure afirmou ainda que, desde que o seu país passou a gerir devidamente os recursos marinhos, o angariou mais de 24 bilhões de USD, facto que, segundo o dirigente, é visível nas comunidades. Revelou também que a segurança dos recursos marinhos é importante para o desenvolvimento da economia azul.

 

O outro aspecto igualmente apontado pelo estadista para o desenvolvimento da economia azul é investir na ciência e tecnologias marítimas para impulsionar a economia. Assegurou que o seu país investiu mais de 22 milhões de USD em tecnologias para melhorar o sistema pesqueiro, facto que tornou as Ilhas Seychelles um modelo a seguir neste sector.

 

Enquanto isso, a Ministra do Mar de Portugal, Ana Paula Vitorino, defendeu que num mundo onde existe uma partilha dos mares, é importante verificar dar atenção  à exploração desenfreada do Mar. O lixo no mar e a pesca ilegal constituem, na sua óptica, um grande problema para os países banhados pelos oceanos.

 

A constatação de Vitorino foi realçada por Carlos Martinho, Ministro do Mar de Angola, que falou da necessidade de os governos implementarem reformas no sistema pesqueiro, para combater a pesca ilegal e insegurança marítima. Em Angola, referiu o conferencista, houve vários avanços nos últimos anos.

 

António Sanchez, Embaixador da União Europeia, em Moçambique, realçou que cabe a todos gerir os recursos marítimos e combater a pesca ilegal, a insegurança marítima e a pirataria, realidade que já levou aquela organização do “velho continente” a adotar medidas e legislações  para proteger os oceanos e o seu mundo.

 

Sanchez defendeu que, para criar se uma economia azul sustentável é importante a participação de todos, e advertiu que “uma boa política dos oceanos depende dos governos”.

 

Num outro desenvolvimento, o representante da EU em Moçambique disse que aquela organização vai lançar um projecto de pesca, apicultura e agricultura, avaliado em 40 milhões de Euros, nos próximos anos.

 

Por sua vez, Mark Lundell, representante do Banco Mundial em Moçambique, defendeu que “em cada 10 famílias, uma pratica a pesca, facto que deve levar os governos a preocuparem-se com a protecção dos oceanos.

 

Lundell disse que 80 por cento dos bens, a nível do mundo, são transportados através dos oceanos, assim como estima-se que 30 por cento dos recursos marinhos estejam a ser perdidos, devido à sobrepesca e ao lixo que abunda nos oceanos, estimado em 150 milhões de toneladas. Espera-se que, nos próximos 10 anos, 100 milhões de toneladas de lixo invadam os mares.

 

Lundell defendeu ainda que só com uma racionalização da gestão dos recursos marinhos é que se pode alcançar os objectivos da agenda global deste milénio. (Omardine Omar)

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