Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
terça-feira, 08 janeiro 2019 04:48

Dos prémios do “The Banker” às explicações à “Carta”

Em dois anos consecutivos, respectivamente em 2015 e 2016, o “The Banker”, uma revista ligada à reputada publicação “Financial Times”, que se edita em Londres, no Reino Unido, outorgou os títulos de melhor “Governador do Banco Central de África” e de melhor Ministro das “Finanças de África” à Ernesto Gove e a Adriano Maleiane. “Carta” contactou o “The Banker”, por via electrónica, para saber que procedimentos nortearam a atribuição de tais galardões. A resposta veio de Joy Macknight, editor adjunto do “The Banker”.

 

Ele explicou que os prémios resultaram de uma aturada verificação dos indicadores macro-económicos de Moçambique no período descrito. “Os prémios resultam do desempenho macroeconómico do seu país e, neste caso, da agenda de reformas”, explicou Macknight, na sua resposta à “Carta”. Em alguns sectores, as premiações são vistas com desconfiança, pelo contexto de crise económica que se vive no país, desde que se destapou o véu das chamadas “dívidas ocultas” que acabaram de levar para trás das grades Manuel Chang, o antigo Ministro das Finanças. Um economista que se identificou a “Carta” acha “estranho” a outorga do galardão à Ernesto Gove, que teve um papel relevante no processo das dívidas ocultas.

 

“Numa situação normal, não era possível a atribuição de um prémio desses. Um Banco Central deve estar a corrente de transacções de grande vulto como essas. Que critérios o ‘The Banker’ tomou em conta para a eleição de Gove, só eles podem explicar”, disse-nos.  Macknight explicou que a eleição de Adriano Maleiane derivou de “no seu curto período no cargo, o Sr. Maleiane ter trabalhado rapidamente para reforçar a disciplina orçamental, apoiar a economia e completar um número de reformas tão necessárias”.

 

 O editor adjunto da “The Banker” disse ainda que, em relação à escolha de Maleiane, pesou o facto de ele ter sido uma figura chave na negociação de Moçambique junto do Fundo Monetário Internacional de 286 milhões USD, essenciais para a estabilização da moeda em Outubro de 2015. “Essas dificuldades foram agravadas pelo legado do governo anterior, que deixou o país com uma dívida e uma emissão de títulos mal administrada”, disse Macknight à “Carta”. Refira-se que Ernesto Gove foi substituído por Rogério Lucas Zandamela, um economista emprestado do Fundo Monetário Internacional (L.N.)

Sir Motors

Ler 2362 vezes