Os empresários da cidade da Beira dizem-se preocupados com a aproximação do ciclone Chalane que, segundo previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), poderá, a partir da meia-noite de terça-feira (29), sacudir a zona centro do país e, não só, afectadando quatro milhões de pessoas.
“Há uma grande preocupação, tendo em conta que a Beira foi assolada em Março do ano passado pelo ciclone Idai que devastou muitos negócios do sector privado e não só. Ora, enquanto nos reerguíamos à custa de fundos próprios, chegou a crise provocada pela pandemia da Covid-19 que também criou prejuízos, porque muitas empresas fecharam” – queixou-se Ricardo Cunhaque, empresário e Presidente do Conselho Empresarial Provincial de Sofala – delegação da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
Falando esta terça-feira à “Carta” em entrevista telefónica, Cunhaque observou que, embora se diga que Chalane não é um ciclone de grande magnitude (a previsão indica que é, uma vez que é caracterizado por ventos de 90 km/hora e rajadas até 110 km/hora) em relação ao Idai, o empresariado local está em pânico.
Todavia, com vista a minimizar os impactos que possam ser causados pelo ciclone, o nosso interlocutor disse que acções estão a ser levadas a cabo pelo sector privado local. Destacou o reforço das infra-estruturas, principalmente os telhados.
O ciclone Chalane aproxima-se da Beira, 21 meses depois de o Idai criar danos ao tecido social e económico daquela que é a segunda maior cidade do país e, numa altura em que os apoios à reconstrução da economia ainda não começaram. Entretanto, dados facultados recentemente pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, enquanto apresentava o seu informe anual à nação, indicam que, em princípio de 2021, o Governo irá disponibilizar linhas de crédito no montante de 20 milhões de USD com vista a financiar negócios afectados pela intempérie.
Em relação a este aspecto, o Presidente do Conselho Empresarial Provincial de Sofala – delegação da CTA, comentou que o valor é bem-vindo porque chega numa altura em que as empresas necessitam de financiamento para se reerguer não só do Idai, mas também da crise pandémica.
Entretanto, calculou que o valor é relativamente pouco olhando para a avalanche das empresas devastadas pelo Idai. São mais de 700 empresas afectadas, de acordo com o relatório da CTA, disponibilizado em Maio de 2019, após uma avaliação do impacto da intempérie. De acordo com a CTA, os micro, pequenos e médios negócios é que mais se ressentiram do ciclone Idai. (Evaristo Chilingue)