Com a consolidação da segurança no distrito de Palma e a reconquista da vila-sede do distrito de Mocímboa da Praia, o regresso da multinacional francesa Total Energies a Afungi, distrito de Palma, é quase certa, faltando apenas um anúncio oficial.
Na conferência de imprensa concedida na última sexta-feira, em Pemba, capital da província de Cabo Delgado, o Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, disse estar a trabalhar com a sua contraparte ruandesa, de modo a garantir o regresso da petrolífera e que, brevemente, o trabalho desenvolvido será visível.
Segundo Filipe Nyusi, é desejo de todos os moçambicanos e do mundo inteiro, que os projectos de exploração de gás natural continuem, embora reconheça o mérito da decisão tomada pela Total.
“É desejo de todos nós e do mundo. Alguns projectos, timidamente, continuaram e outros pararam porque, de facto, é uma zona de fogo. Mas, brevemente, tudo indica que na parte do onshore [projecto instalado em terra] vai ser visível o trabalho desenvolvido, porque as empresas, quando saíram, não é porque queriam sair. Saíram porque eram zonas de guerra e até à altura em que esta situação estiver esclarecida, acreditamos que ninguém gostaria de perder a oportunidade de explorar o que aquela zona tem. Estamos a trabalhar com o Ruanda e acreditamos que a qualquer momento poderá funcionar em pleno”, disse o Estadista moçambicano, quando questionado se havia condições para o retorno da Total a Afungi.
Lembre-se que a petrolífera francesa anunciou, no passado dia 26 de Abril, que motivos de “força maior” obrigaram-lhe a retirar todo o seu pessoal que se encontrava em Afungi. A decisão foi tomada 30 dias depois de os terroristas terem atacado a vila-sede do distrito de Palma, que dista a pouco mais de 30 Km do local onde se desenvolve o maior projecto de exploração de gás natural em África, que teve lugar no passado dia 24 de Março.
Refira-se que, na semana finda, um grupo de jornalistas estrangeiros foi enviado a Cabo Delgado, com o propósito de ver in loco o trabalho desenvolvido pelas tropas ruandesas e moçambicanas no combate aos ataques terroristas nos distritos de Palma e Mocímboa da Praia. O grupo, que incluía jornalistas da France 24, BBC, Sky News e Al Jazeera, visitou os principais pontos afectados pelos ataques terroristas.
O grupo partiu de Kigali, capital do Ruanda, em voo privado e aterrou em Afungi, onde passou a sua primeira noite em território moçambicano. Acredita-se que o grupo tenha sido convidado pelo Governo ruandês para testemunhar e reportar a realidade que se vive no Teatro Operacional Norte, no sentido de tranquilizar a Total e parceiros a regressarem ao país.
A presença de Paul Kagame, em Moçambique, também é vista como parte da estratégia de fazer ver o mundo que a sua força conseguiu restabelecer a segurança no território moçambicano e transmitir essa confiança ao governo francês e, em particular, à Total. Aliás, há quem acredita que será a força ruandesa a manter a segurança dos projectos de gás natural, porém, com alguns elementos da segurança moçambicana à mistura.
Sublinhar que o projecto Mozambique LNG está orçado em 20 biliões de USD e será implementado num período de 25 anos, podendo gerar lucros directos na ordem de 60.8 biliões de USD, dos quais cerca de 30.9 biliões de USD para o Estado moçambicano. (A. Maolela)