Em Julho de 2017, o jornalista Luis Nhachote entrevistou João de Sousa. Uma daquelas entrevistas da fase madura da vida, onde o entrevistado olha para trás, os anos transcorridos e começa a desfazer os fios da memória, dissecando a tessitura da vida, agora já com a autoridade dos anos vividos. Uma interessante conversa entre jornalistas de gerações distintas.
POR: Luís Nhachote
Na radiofusão há mais de cinco décadas – umas verdadeiras bodas de ouro – o nome de João de Sousa é uma referência incontornável na história deste país. Em 1964 entrou para a rádio e tornou-se no primeiro jornalista não-branco a impor-se no meio profissional glorificado pelo sistema colonial. O editor do Primeiro Mão foi entrevistá-lo.
1mãomz.com: João de Sousa é jornalista há mais de 50 anos. Como vê o jornalismo hoje?
João de Sousa: Eu vejo o jornalismo bem e mal. Bem porque em algum momento ainda temos meios de comunicação social que são capazes de denunciar o que de mal existe neste país. Esse é o lado bom das coisas porque as pessoas precisam de saber e de estar devidamente informadas. Isso leva-me à pensar naquilo que, eventualmente, seja uma outra pergunta: A liberdade de imprensa fica aonde? Penso que a liberdade de imprensa infelizmente ainda não existe. Então esse para mim é o grande problema. O mal é que queremos ver os acontecimentos deste país apenas com um olho. Não queremos ver com os dois. Então fazemos um pouco o papel de Camões. E isso fica muito mal porque há coisas que estão acontecer e que são más e que alguns não reportam não se sabe bem porquê. Presumo que seja, às vezes, por medo ou por inexperiência de alguns profissionais que não querem enveredar pelo campo da denúncia com receio de que possam ser conotados com alguma coisa. Lamentavelmente assim é no país. Enfim, é um pouco neste ambiente que eu vejo o jornalismo. Por isso as redes sociais criaram uma imprensa paralela que não tem nada a ver com o significado verdadeiro de imprensa, porque lamentavelmente nos órgãos públicos não há essa liberdade, mas sente-se a falta de liberdade de imprensa nesses órgãos públicos de comunicação social do nosso país. É assim que eu vejo essa informação. Não sei se poderia parafrasear um pouco o Luís Bernardo Honwana quando uma vez se reuniu connosco na sede daquilo que era o ONJ (Organização Nacional dos Jornalistas) em que ele definiu a Rádio como um meio de comunicação extremamente cinzento. E essa cor acho que define tudo. Faz a destrinça entre o bom e o mau. Nós não temos a capacidade de questionar, falta-nos muito no jornalismo uma coisa que eu acho que é importante e que tu, com o Primeira Mão, estás a querer incutir e caminhar por essa via que é o jornalismo investigativo. Nós não temos isso, tinhas a grande referência que era o Carlos Cardoso e de todos aqueles que gravitaram a sua volta. O Carlos Cardoso desapareceu e ficaram algumas sementes. Na maior parte dos órgãos de comunicação social é difícil ver um artigo que demonstra que isso é trabalho de uma grande investigação. Há bocado, numa pré-conversa estamos a falar de uma unidade de investigação que eu conheço, porque vivi seis anos na África do Sul, que é o Amabhugani que estava ligado ao Mail & Guardian, que prática o verdadeiro jornalismo investigativo. Resumindo, eu acho que temos um jornalismo razoável para o bom de alguns meios da imprensa privada, contrariamente ao que acontece com os órgãos públicos…
1mão: nessa destrinça sabe-se que o meio de comunicação social mais abrangente é a rádio. Existem muitas rádios privadas e comunitárias, mas a Rádio Moçambique continua a ser o meio que chega a mais pessoas…
R: Eu acho que a Rádio Moçambique ainda vai continuar a ser o órgão prioritário do país, pelo menos aquele que é o mais ouvido. Mais há aqui um contrassenso em relação aquilo que é a Rádio Moçambique no que diz respeito a área do jornalismo. A área da produção radiofónica não evoluiu da mesma forma como evoluiu tecnicamente. Hoje em qualquer canto recôndito deste país nós conseguimos ouvir a antena nacional com melhor qualidade possível em estereofonia, contrariamente aos passos lentos que foram dados na progressão que devia haver nos programas que a rádio faz. Parece-me que a Rádio Moçambique ainda está muito agarrada ao poder. Digamos que é difícil fazer a destrinça entre as informações que são veiculadas pela RM porque obedece a regra do poder. Eu raramente vejo na RM, ou sinto na RM, uma crónica criticando seja lá o que for. Parece que é impensável produzir-se uma coisa dessas na RM pois parece que ela obedece a um parâmetro que a rádio fixou para ela ou que o executivo fixou para ela. Por isso este contraponto ao nível de programas que produz e a informação com o lado técnico. O lado técnico evoluiu mais com as questões que eu chamaria mesmo de liberdade de imprensa no que diz respeito a área da informação da RM. O que eu sinto também na RM e uma falta de qualidade e falta de cuidado na realização das coisas. Há pouco dei uma entrevista ao programa compasso par falar dos programas culturais que a RM tem neste momento e de alguns que teve e inexplicavelmente já não tem e que constituem digamos uma alavanca importante para meter na cabeça destas pessoas de que a educação é tudo, a cultura é tudo. Eu vou te dar dois exemplos: nós ao tempo de 1975 de Rafael Maguni (NE: primeiro diretor da RM pós independência) tínhamos o sentido das palavras. Parecendo que não, isso tocava nas pessoas. As pessoas aprendiam a falar correctamente a nossa língua oficial. Esse programa acabou. Tínhamos a poesia e contos de todo o mundo. Onde havia contos e poesia de moçambicanos, africanos e de outras partes do mundo. Esse programa acabou. E um terceiro caso que é das maiores referencias que nós temos, ou tínhamos e que vem do célebre teatro em sua casa da Rádio Clube de Moçambique, que depois, julgo no mandado do Leite de Vasconcelos e se transforma o título em Cena Aberta e que era uma referência do teatro radiofónico deste país. Já não existe. Há anos que já não existe o Cena Aberta. E era uma referência, quer dizer a rádio deixou perder uma série de programas que são extremamente importantes para o desenvolvimento das pessoas e para o desenvolvimento do país.
Por força de natureza comercial, por exemplo, já não existe o Sabadar. O Sabadar foi uma grande referência por onde passaram grandes figuras, que neste país, neste momento assumem cargos de direcção em vários lados. Mas não é só por aí, é que o Sabadar criou inclusivamente um grupo de pessoas, um grupo de amigos do Sabadar, onde se discutiam as expressões da língua portuguesa, da cultura, da política, etc, etc. Hoje com a inexistência do programa, digamos esse fórum desapareceu.
P- Mas existe essa sensibilidade de programas como o Sabadar, indo um bocado também mais, eu sei que João de Sousa fez também com Leite Vasconcelos o Volta a Moçambique...
R- Que é digamos a transposição do Sabadar para a televisão.
P- Exactamente. Será que existe essa sensibilidade de voltar-se a puxar isso?
R- Luís, há dois anos eu fui convidado a ir conversar com alguém na televisão para retomarmos o Volta Moçambique. Já se passaram dois anos e eu continuo sentado, há vontade ou não há vontade para se fazer?
P- Estou a pensar assim, que se calhar um pouco dessas grandes companhias publicitárias, a telefonia móvel por exemplo, penso que elas devem ter um mínimo de sensibilidade de financiar esse tipo de programas, porque também, para além de que vão participar de um programa extremamente educativo, extremamente cultural, para a mente das pessoas eles também iam conseguir colocar as suas marcas, porque a gente vê muitas dessas companhias a fazer publicidades de várias coisas e outras delas dizem muito pouco para a formação do Homem.
R- Exactamente, era aí onde eu queria chegar. Nós por exemplo, quer no Sabadar, quer no Volta a Moçambique, nós tivemos sempre o cuidado de ter o lado publicitário, não como sendo o prioritário do programa, porque o prioritário era o aspecto educativo que o programa transmitia. Caminhávamos nessa linha, a necessidade de saber fazer as coisas associando a algumas instituições da natureza comercial, alguns empresários que sentiam no programa, essa necessidade de colocarem ali os seus produtos e as suas marcas, porque fazendo isso eles também estariam contribuindo com a divulgação da cultura, do conhecimento e do saber. Eu acho que existe sensibilidade para fazer isso, o grande problema que me parece que existe, é um certo receio de fazer isso, porque lembro-me que Anabela teve um programa ai em tempos na televisão que acabou, porque as respostas eram das mais disparatadas possíveis e, isso só denuncia a qualidade do nosso ensino. Quando hoje se vem dizendo e é o próprio ministro que vem dizendo e reconhece que, a qualidade do ensino superior está no nível em que está num programa desta natureza. Eu ouvi universitários a não saber quantos distritos temos no país, quer dizer, depois fica assim uma imagem muito confusa e quando isso, lembro-me que quando Anabela fez esse programa algumas das referências e respostas que eram dadas neste programa pela via das redes sociais iam parar lá para fora, então o nosso nível de desconhecimento era conhecido por toda gente.
P- Já estamos na montra?.
R- É verdade.
P– Mas que saídas o João vê para se ultrapassar essa crise? Porque um dos grandes reflexos disso é que a sociedade esta com uma grave crise de valores que começa fundamentalmente com os problemas de educação…
R- É verdade. Eu não sei que saídas podemos visualizar para estas coisas, mas parece-me que temos que apostar grandemente na formação das pessoas, na educação das pessoas, o Jorge Ferrão caminhou nesse sentido, mas alguém o fez descaminhar, com todo aquele sentido de fazer com que o conhecimento, a ciência, o saber são importantes, porque muitos destes conflitos que nós temos hoje, se tivéssemos um nível de educação eles não ocorriam. Esses fenómenos de superstição que agora vamos atacar os carecas todos, isto não acontecia se nós tivéssemos ciência, conhecimento e saber. Parece-me que há uma tentativa no país de fundamentar isto. Não sei, se é por proliferação de muitas pequeninas associações, quer dizer, as vezes nascem coisas como cogumelos não é. E cada um vai dizendo as coisas a sua maneira, quer dizer o lado científico fica aonde? Quando nos meios de comunicação social, em vários momentos veiculamos a ideia de que o Ningore não sei de onde, veio resolver os nossos problemas de saúde, que se eu for com uma garrafa de água para um determinado local, as minhas mazelas vão passar todas, vão acabar de ter tremeliques e chiliques e outras coisas mais, quer dizer entramos numa paranoia de tal ordem que vai influenciar e, lamentavelmente isto já esta a começar a influenciar as nossas crianças, na nossa juventude.
P- João, parece paradoxal nos primeiros anos sobretudo, na primeira República onde havia um regime de partido único, haviam pontos cardeais, passamos para segunda república multipartidária e parece que estamos a regredir, mas como e que vê isso?
R- Eu vejo com muita apreensão, porque nós estamos a dar valores a juventude que não são os valores que nós aprendemos na tal primeira República, se calhar também não aprendemos muito na segunda República, eu sinto que as coisas começaram a degradar a tal ponto que agora não sei sinceramente por onde vamos pegar para reverter essa situação. É um pouco como o futebol mas hoje enfim, para andarmos aos quatro ventos por essa magnífica e importante vitória frente aos zambianos depois de 42 anos não vencemos essa equipa mas acho que estamos a embandeirar o calcanhar vamos lá ver se o nosso futebol é aquilo? O nosso futebol é aquela vitória que sentes primor para a vitória, para a importância que seleccionador nacional teve, para a importância que os jogadores tiveram, para importância do trabalho que a federação fez, do trabalho para preparação para esse jogo, mas aquela vitória reflete o que é o futebol moçambicano? Hoje as pessoas dizem assim ‘voce gosta mais do Real Madrid ou do Juventus ou do Benfica’ e o nosso futebol? E eu pergunto e o nosso futebol porque caiu? Caiu como estão a cair todas as coisas, lamentavelmente e aquilo que tu dizias na pergunta que formulaste, estamos a perder valores de minuto a minuto e assim não sei onde vamos parar nem tão pouco, qual é a solução para isso. Eu hoje fico um bocadinho atrapalhado quando estou a almoçar ou jantar, e lá em casa aparecem os sobrinhos netos , etc, etc e estão a ver que o pai degolou o filho e, o filho degolou o pai, que os nossos canais de televisão apresentam isso e, então isto fica na imagem das crianças.Estamos a caminhar para onde? Para que lado? Estamos a acreditar nestes apóstolos, já nos chamaram apóstolos da desgraça, mas a esses que desgraçam as pessoas com esses tipos de coisas se oferecem isso, se oferecem aquilo, a dor que eu tenho vai desaparecer, quer dizer , não sei, sinceramente não sei por onde pegar e como pegar, quer acho que há pessoas muito mais atualizadas do que eu, os sociólogos que podem discutir estas questões, os formados, porque o que eu sinto é que isto e uma propagação da tal ordem que está degradação de valores já esta atingir alguma camada que fez parte da tal primeira República, porque é o filho que já vai influenciar o pai, o avô e por aí fora. Quando a nossa base cultural começa a tremer, a esvair-se o resultado é esse. Eu sinto que muitos poucos pais se importam pela educação dos filhos, eu quero me refugiar num exemplo que é um exemplo que acontece muito errado, as pessoas ouvem errado, ouvem o locutor a falar mal, chegam a casa o pai eventualmente diz ao filho ‘não é assim que se diz’ o filho ‘não eu ouvi na rádio’, então aquele Sr. que disse isso é a grande referência para ele. Não é a escola.
A escola onde ele aprendeu o bê-á-ba, a conjugar a verbo, a escrever correctamente aquilo que é a nossa lingua oficial, quando ele se confronta com o que ele ouviu na rádio ou que leu no jornal, acha que é assim que tem que ser dito.
P- Pegou num exemplo para ilustrar esta situação que é real, que está mesmo no terreno, mas vou voltar outra vez para primeira República, porque uma das coisas que houve na primeira república foi da massificação desportiva como algo saudável pelas camadas de formação. Durante muitos anos a gente teve selecções que se sabia de onde estavam a vir os produtos. Muitos destes campos onde nascem muitos destes craques, eu vou dar exemplo do Tico-Tico, começou por jogar onde tem um prédio aqui na avenida Guerra Popular, esses campos desapareceram inclusive na Universidade Pedagógica, viraram salas de aulas ou garagens ou parques de certa forma, isto acabou por…?
R- Ou habitação. Os grandes prédios, as grandes estruturas habitacionais foram ocupadas, os poucos campos que nos tínhamos.
P- Exacto, assim não é possível fazer desporto, não é possível criar…
R- É difícil, é muito difícil. Eu às vezes pergunto-me a mim mesmo onde estão hoje comparativamente com a tal primeira república, aqueles que saíram dos jogos escolares foram para onde? Os que saíram hoje dos jogos escolares, as grandes referências dos jogos escolares vão para onde? E se eu me refugiar na primeira república, muitos dos que participaram em grandes equipas de futebol, de basquetebol, de andebol e de voleibol vinham dos jogos escolares e um pouco como perguntar assim as televisões fazem esta coisa de Fama Show, não sei o que… Ganhou o fulano, o tal onde está? Já desapareceu. Eu lembro-me que houve um primeiro Fama Show que foi ganho por um jovem de Tete, se não me estou em erro…
P- Não. Acho que é um jovem de Maputo, Nelson Nhachungue...
R- Eu não sei onde é que ele está, eu não ouço a música dele pelo menos, não e… esse de Tete também que me estou a referir, também não ouço a música dele, porque bom, lamentavelmente hoje quando a gente liga as diferentes rádios, as vozes da primeira república foram silenciadas? Da mesma forma como estão silenciados aqueles que vinham dos jogos escolares e que fizeram os grandes jogos, porque quando se fala hoje de futebol que esse nosso futebol é isso, é aquilo, não tem comparação nenhuma com aquilo que foi o futebol que nos deram o Gil, Calton, Chababe, o falecido Zé Luís, Nuno Americano… sei lá, tantos e tantos dessa geração. Se calhar alguém que ler isto vai dizer que eu sou saudosista, mas as vezes tem que se chegar ao extremo de ser saudosista para poder fundamentar os meus exemplos. Hoje não fazemos nada disso o que o Luis caminhou um pouco pela vertente do desporto, eu pergunto assim, antigamente, não sei se ainda hoje essa regra existe, os clubes não podiam escrever as suas equipas em determinadas provas, se não tivessem escalões concentrados chamados tecnicamente escalões inferiores, juvenis, juniores. Você hoje vai para um clube da chamada liga moçambicana de futebol e eu pergunto assim esse clube tem equipas de juniores? tem equipas de juvenis? há campeonatos de juniores? há campeonatos de juvenis? Feitos pelas respectivas associações? Não há. Onde estão os Bebeques e os Sobeques que aconteceram por aqui?
Das grandes edicções dirigidas pelo falecido Luis Brito estão ai muitos que jogaram naqueles torneiros. Hoje estamos a fazer as mesmas edições, hoje estamos a fazer os jogos escolares e não temos resultados práticos. Os jogos escolares são de facto o embrião para o lançamento de alguém para alta competição. Da mesma maneira que não temos tanta coisa no país, também no desporto a actividade desportiva se ressente dos grandes problemas que nós temos se calhar, provavelmente, não sei…
P- Estamos a precisar de uma revolução cultural?
R- Eu acho que sim. Agora não sei como fazer isso com um nível de degradação de valores que nós temos, estou a ver que é muito difícil reverter as coisas porque há dirigentes do nosso país que pactuam com este tipo de situações. Eu por exemplo, constranjo-me bastante e às vezes sou criticado porque falo demais sobre isso, mas a mim pouco me importa. A gente vê um locutor de rádio a falar mal e ninguém particularmente o responsável deste sr. que falou mal é capaz de chegar a ele dizer ‘meu amigo, você lembra, porque é que disse isto?, sobre isto ontem, hoje, a bocado. A gente vê. Eu vi no outro dia estava a almoçar e ouvi uma moça da televisão, não importa dizer quem e, nem de que canal a dizer, irraci….
Eu fico assim, essa Sra. não aprendeu na escola a conjugar verbo. Estou convicto do que o telespectador irá se divertir bastante com este artista. Então a uma falta tremenda de autoridade, perdemos autoridade em muitas coisas. Hoje Luis, pegar num papel igual a este de um foca, acho que as pessoas vão saber o que é um foca em jornalismo, rasgar a frente dele e por no caixote de lixo e dizer vai fazer outra vez, não é possível, você fica conectado como sei lá o que, como Hitler, hoje não se pode fazer isso sobre o risco de sei lá, de colocar-nos nas mais viradas cognomes possíveis imaginários. Mas no nosso tempo, o nosso chefe fazia isso sem maldade e aprendemos, hoje não é possível.
P- Ok….
R- Estamos com valores invertidos hoje e ninguém… eu gostava de dizer o seguinte׃ Porque que os nossos responsáveis quando vê que algumas coisas estão mal não actuam? Por medo? Porque vou me refugiar na rádio, televisão, jornal que a gente vê por exemplo escreveu-se alguma coisa muito mal escrito aquilo não é portugues, não é nada. O chefe dele não chama atenção. Porque é que não chama atenção? Já me disseram quando eu perguntei, mas porque que o chefe não chama atenção? Não tem lá o chefe? Não tem lá o revisor? Se calhar o chefe também não sabe e, como não quer que os outros saibam que ele não sabe, ele fica caldo, fica quieto. Agora onde estão os patrões dessas empresas jornalísticas que deviam filtrar as coisas e dizer aqui só entra quem sabe.
Eu não estou a dizer que tudo é mau, mas infelizmente os nossos valores estão completamente invertidos.
P- Bom uma das funções, podia dizer assim, de uma pessoa como o João de Sousa que tem décadas de profissão é deixar legado. Já publicou um livro׃ Fio da Memória. Podemos esperar mais alguma coisa de João de Sousa?
R- Eu estou em contacto com uma instituição no sentido de ver em que medida é que um outro livro pode ser publicado. Eu tenho a noção exacta, de que não tenho muito propensão por escrever um livro. A minha vida toda foi basicamente por escrever para rádio. Escrever para rádio e bem diferente de escrever para um jornal, uma revista, mas enfim . Fui fazendo algumas crónicas e este livro será das crónicas que eu fiz, mas reconheço que não é fácil, porque não temos abertura do mercado para fazer isto, temos que ter patrocínio, o livro é caro, a produção do livro é cara, alguém tem que suportar isso, etc, etc. Eu tenho já um conjunto de crônicas que fui escrevendo depois de 2014 quando regressei da África do Sul, eu gostava de compilar estas crónicas.
P- As que escrevia no Correio da Manhã?
R- Exactamente… escrevia no Correio da Manhã e depois por razões óbvias dos problemas financeiros que estamos todos a passar, tive que interromper a minha colaboração com o Correio da Manhã compreensivamente claro. Mas continuou escrevendo para as redes sociais, etc.
Não com tanta assiduidade como fazia e penso que eventualmente, poderá acontecer agora quando? Eu não quero arriscar a fazer futurologia. (Luis Nhachote)
O Banco Único lança hoje uma Oferta que é muito mais do que uma Conta, e que irá dar super poderes aos seus Clientes. A U-Super Salário. É uma conta SUPER pois os benefícios são verdadeiramente diferenciadores e ÚNICOS no mercado Moçambicano. Permite antecipar até 50% dos salários domiciliados, e Seguro de Desemprego até 5 meses de salário. Trata-se de um super produto diferenciador em relação à oferta tradicional deste tipo de contas e sem dúvida, um das grandes apostas do Único para o final de 2020.
Maputo, 26 de Outubro de 2020 – A nova conta do Banco Único, U-Super Salário que hoje é lançada no mercado dá a quem domiciliar o seu salário no Único, os seguintes benefícios:
Com uma série de novidades em relação às contas equivalentes presentes no mercado, esta conta do Banco Único é a grande aposta de 2020, aliás a propósito deste lançamento Elsa Graça, PCE interina do Único, reitera que “ Esta oferta para todos os clientes é completamente inovadora no mercado, adaptada à conjuntura actual e sustentável a longo prazo. Estamos seguros que irá fazer a diferença no mercado bancário em Moçambique. A construção desta Oferta criou uma onda de entusiasmo dentro do Banco com equipas multidisciplinares a trabalhar com um objectivo comum e irá fazer uma diferença real e mensurável na vida dos nossos Clientes e de todos os Moçambicanos que se irão juntar ao Único, agora reforçado com o accionista Nedbank.”
Sobre o Banco Único
O Banco Único é um Banco Universal inaugurado em Agosto de 2011, que se orgulha de prestar um serviço de qualidade, principalmente orientado para o negócio e para os segmentos médio e alto. Foi fundado com a ambição de se tornar um Banco de referência do sector e vir a contar com uma rede comercial que cubra as 10 províncias do país, estando actualmente presente nas 8 cidades economicamente mais movimentadas do país.
O Banco Único foi inaugurado em 2011, sendo na altura a mais recente entrada no Mercado, mas rapidamente evoluiu da 18ª posição, para se tornar no 6º maior banco do país em apenas 18 meses. Inequivocamente classificado como um dos maiores Bancos em Moçambique é hoje, o Banco moçambicano mais premiado internacionalmente, contando no seu portfólio perto de 50 distinções internacionais.
O Único valoriza um serviço de qualidade e personalizado que aposta na oferta de um serviço próximo, íntimo e disponível, em que a excelência e o perfeccionismo assentam numa base de extrema confiança pessoal entre o Cliente e o Banco. Sendo uma referência no sector bancário moçambicano, é um banco líder na prestação de serviço ao cliente.
Este ano a conferência acolherá 1000 participantes e mais de 60 oradores, localizados em 6 continentes e 10 fuso-horários diferentes
A quinta edição do “Africa Fintech Summit” (www.AfricaFintechSummit.com) acontecerá este ano em formato virtual, na plataforma Accelevents, durante os dias 9, 10 e 12 de novembro de 2020. A conferência decorre no seguimento da pandemia global da COVID-19 que criou uma necessidade sem precedentes de recorrermos ao comércio e finanças digitais, e situou as fintech numa posição-chave para a recuperação económica.
Este ano a conferência acolherá 1000 participantes e mais de 60 oradores, localizados em 6 continentes e 10 fuso-horários diferentes. O tema para cada dia foi pensado para explorar as novas ideias que descobrimos enquanto preparávamos o “Fintech em África: o Estado da Indústria 2020” - um relatório de 63 páginas, prestes a ser publicado, dedicado às mentes brilhantes e às suas inovações.
Focado nos génios por detrás das inovações que estão a liderar a indústria, o painel inclui oradores como: o co-fundador & CEO da Flutterwave, Olugbenga Agboola; o fundador & CEO da PAGA, Tayo Oviosu; o fundador & CEO da Amole, Yemiru Chanyalew; a Senior Fintech Advisor da EcoBank, Djiba Diallo; o co-fundador & CEO do TYME Bank, Coen Jonker; o fundador e General Partner da Future Africa, Iyin Aboyeji; a co-fundadora e Presidente de Ovamba, Viola Llewellyn; e o co-fundador & CEO da ChipperCash, Ham Serunjogi.
AFTS construiu parcerias estratégicas com o Gabinete de Parcerias Globais do Departamento de Estado dos Estados Unidos (GOP), no sentido de ter apoio na promoção de um encontro que trouxesse os visionários da área, dispersos por todo o continente Africano. Isto vem no seguimento da parceria entre o GOP e a AFTS que trouxe a delegação US tech a visitar a ATFSAddis19 em novembro do ano passado.
O dia de abertura da conferência focar-se-á nos mais importantes ecossistemas fintech das diversas regiões de todo o continente, com diferentes sessões dedicadas à África Ocidental, à África Oriental, à África do Norte, à África Central e à África Meridional.
O segundo dia focar-se-á nos modelos de negócio potenciados pelas fintech, analisando como as fintech se tornaram num pilar para a inovação, em sectores como o e-comércio e comércio tradicional, saúde, e agricultura. Também haverá uma sessão dedicada a modelos de negócio PayGo que têm demonstrado um aumento significativo em popularidade, devido à facilidade com que permitem aceder a serviços essenciais e muitas vezes inacessíveis.
“O Negócio das Fintech” é o título do nosso terceiro e último dia. Para este dia, convidámos investidores em finctech, especialistas em DeFi (finanças descentralizadas) e visionários das empresas mais bem sucedidas, para discutir as melhores práticas para os desafios mais comuns na inovação, incluindo expansão de mercado, angariação de capital, aplicabilidade de blockchain, last mile delivery, e avaliação de potenciais parceiros em fintech.
A conferência termina com a semifinal regional e a competição de pitchs para a “Startup World Cup”, sendo que o vencedor seguirá para competir num palco, em Silicon Valley, por US $1M. A Africa Fintech Summmit (AFTS) é estreia nas iniciativas globais dedicadas ao ecossistema fintech Africano. A AFTS é tradicionalmente acolhida em Washington, D.C., em abril, durante a semana da reunião anual da World Bank/IFC, e numa cidade africana diferente a cada novembro (mais recentemente, Lagos e Addis Ababa).
Apoiada pelo comité consultor de visionários e pioneiros de fintech, a AFTS é um espaço único, onde se podem explorar ideias, mobilizar investimentos, e onde parcerias e colaborações são criadas entre diferentes sectores e geografias. Este ano, a AFTS é organizada por uma parceria entre o grupo consultor estratégico Dedalus Global de Washington, D.C. e a consultora Ibex Frontier especialista na Etiópia.
O saxofonista moçambicano Moreira Chonguiça apresentou ao chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, a sua marca de saxofones, instrumento produzido em Moçambique e que visa promover o gosto pela musica entre os jovens.
"O instrumento é uma produção da minha marca, pois temos a ambição, para além de tocar, de estar dentro da cadeia de valor de produção dos próprios instrumentos, de modo a inspirar mais jovens a abraçarem a carreira artística", disse Moreira Chonguiça, após ser recebido pelo chefe de Estado moçambicano na Presidência, em Maputo.
Segundo o artista, trata-se do primeiro instrumento da marca Moreira Chonguiça, mas a ambição é criar outros, promovendo o gosto pela música entre os jovens moçambicanos e facilitando o acesso a instrumentos.
Para o chefe de Estado moçambicano, o projeto de Chonguiça é positivo e o desafio é garantir que mais artistas tenham este tipo de iniciativas, como forma de incentivar a juventude a abraçar a música.
"Como Governo vamos sempre apostar em apoiar o ramo cultural no seu todo, e os jovens têm o dever de tomar iniciativa de introduzir novas formas de pensar o país, uma vez que são eles a maioria no país", disse Filipe Nyusi.
Moreira Chonguiça, 43 anos, é um dos mais notáveis músicos moçambicanos, principalmente no país e na África do Sul, onde obteve a licenciatura em musicologia, somando na sua carreira sete álbuns.
Através da sua empresa de entretenimento, Moreira Chonguiça criou o "More Jazz Series", que tem permitido trazer para atuações em Moçambique músicos de jazz de gabarito internacional, como forma de ajudar a popularizar esta disciplina musical no país. (Lusa)
A Liga dos Campeões da UEFA está de volta e a primeira jornada da edição 2020/21 será marcada por partidas eletrizantes, algumas típicas de verdadeiras finais. Os telespectadores da SuperSport na DStv podem se preparar para a accao sem precedentes da prova milionária entre os dias 20 e 21 de Outubro de 2020, em directo e em exclusivo na DStv.
Na terça-feira, 20 de outubro, o Paris Saint-Germain, finalista vencido da última edição inicia a prova recebendo o Manchester United na capital francesa, com os anfitriões desesperados para vingar a polêmica saída nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões da edição 2018-19, frente aos diabos vermelhos. A partida será transmitida no canal Supersport Premier League, disponível a partir do pacote DStv Grande, a partir das 21horas. Para Tomas Tuchel, técnico do PSG, a falta de contratações torna suas chances de repetir o sucesso da última temporada na UCL uma tarefa difícil.
Ainda na terça-feira, outros pesos pesados como Juventus, Chelsea, Sevilla, Lazio, Borussia Dortmund e Barcelona entram também em acção, enquanto na quarta-feira, 21 de Outubro, o Bayern de Munique abre a defesa do título com um confronto em casa contra o Atlético de Madrid de Diego Simeone, em directo no canal Supersport Variety 01, a partir do pacote DStv Grande Mais. A equipa alemã vai poder contar os préstimos internacional canadiano nascido no continente africano, Alphonso Davies, para mais uma vez inspirar-se com o seu ritmo e compostura defensiva.
Na quarta-feira, 21 de Outubro, o campeão inglês Liverpool defronta o Ajax na Holanda, com os Reds a espera de conter a ameaça de uma jovem e faminta equipe holandesa que tanto impressionou nesta competição há já algumas temporadas. Ainda na quarta-feira, o FC Porto de Sérgio Conceicao defronta o Manchester Ciy de Guardiola em Manchester, para ver no Supersport Máximo 1, pacote DStv Grande Mais, a partir das 21horas.
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Quadro de Jogos e detalhes de Transmissão
Terça-feira, 20 de Outubro
18:55: Zenit St Petersburg v Club Brugge – Em Directo no SuperSport Variety 2
18:55: Dynamo Kyiv v Juventus – Em Directo no SuperSport Premier League and SuperSport Máximo 1
21:00: Chelsea v Sevilla – Em Directo no SuperSport Variety 1
21:00: Rennes v Krasnodar – Directo no SuperSport La Liga
21:00: Lazio v Borussia Dortmund – Em Directo no SuperSport Variety 2 e SuperSport Máximo 2
21:00: Barcelona v Ferencvaros – Em Directo no SuperSport Action
21:00: Paris Saint-Germain v Manchester United – Em Directo no SuperSport Grandstand, SuperSport Premier League e SuperSport Máximo 1
21:00: RB Leipzig v Istanbul Basaksehir – Em Directo no SuperSport Variety 3
Quarta-feira, 21 Outubro
18:55: RB Salzburg v Lokomotiv Moscow – Em Directo no SuperSport Variety 1
18:55: Real Madrid v Shakhtar Donetsk – Em Directo no SuperSport Premier League e SuperSport Máximo 1
21:00: Bayern Munich v Atletico Madrid – Em Directo no SuperSport Variety 1
21:00: Internazionale v Borussia Monchengladbach – Em Directo no SuperSport Variety 2 e SuperSport Maximo 2
21:00: Manchester City v Porto – Em Directo no SuperSport Action e SuperSport Máximo 1
21:00: Olympiakos v Olympique Marseille – Em Directo no SuperSport Variety 3
21:00: Ajax v Liverpool – Em Directo no SuperSport Premier League
21:00: Midtjylland v Atalanta – Em Directo no SuperSport La Liga e SuperSport GOtv La Liga
O jornalista e escritor moçambicano Tomás Vieira Mário lançou, na sexta-feira, 16 de Outubro, a sua mais recente obra, intitulada “Carta ao Meu Pai e Outras Memórias”. Através da obra, patrocinada pela empresa de telefonia Tmcel-Moçambique Telecom, o autor narra as suas vivências, desde a adolescência no meio rural em que nasceu e cresceu, na província de Inhambane, até às peripécias do seu percurso profissional, de mais de quatro décadas.
Dividido em seis capítulos ou ciclos (Nzualo, Maputo, Niassa, Lisboa, Roma e Universal), o livro, prefaciado por Almiro Lobo, é, ainda, uma homenagem aos seus pais (Florinda Namburete Pale e Mário Tene da Silva Nzualo), já falecidos, e marca a celebração dos seus 43 anos de carreira jornalística, iniciada na Rádio Moçambique, em Outubro de 1977.
Tomás Vieira Mário começou a escrever o livro na madrugada de Maio de 2009, movido, segundo contou, por uma imensa necessidade de agradecer ao seu pai e à sua mãe pela vida e pelo carinho, mas acabou por incluir a sua terra natal e a sua profissão na obra.
“Pela sua obra, considero que a minha mãe era uma feiticeira, e os crentes diriam milagreira” e “Papá, ninguém no mundo foi pai como tu” foram as frases que marcaram a intervenção de Tomás Vieira Mário, quando procurava explicar a imensurável dimensão dos seus progenitores.
“Ao escrever este livro, quis realizar três objectivos, nomeadamente celebrar a vida, prestando uma singela homenagem aos meus pais; prestar um singelo tributo à minha terra natal (Nzualo), que me recebeu e criou; e prestar uma homenagem ao ofício da escrita, quer do lado da criação literária, quer do trabalho jornalístico”, explicou o autor.
Na ocasião, o presidente do Conselho de Administração da Tmcel-Moçambique Telecom, Mahomed Rafique Jusob, referiu que o lançamento do livro de Tomás Vieira Mário está inserido no compromisso assumido pela empresa, de dar o seu contributo no desenvolvimento e divulgação da arte, no geral, e da literatura, em particular.
O envolvimento da empresa, prosseguiu Mahomed Rafique Jusob, tem-se notabilizado pelo seu papel na dinamização da literatura e da cultura nacionais, o que contribui para o alargamento do espaço de debate e de interpretação da literatura e arte contemporâneas no País.
“Fomos motivados pela intenção filantrópica, mas os resultados alcançados e a tradição enraizada no panorama cultural nacional transformaram-nos em parceiros e partes relevantes da cultura e das artes. Ao longo destes anos, realizámos concursos literários, exposições artísticas e bienais, entre outras iniciativas”, disse o presidente do Conselho de Administração da Tmcel.
Por seu turno, o secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos, Carlos Paradona, falou do percurso do autor na literatura e no jornalismo, incluindo a sua passagem pelas revistas (Charrua, Tempo, entre outras) e órgãos de informação (RM-Rádio Moçambique e AIM-Agência de Informação de Moçambique) de referência.
Para Carlos Paradona, o talento e a dedicação às duas áreas (literatura e jornalismo) demonstrados, na altura, por Tomás Vieira Mário, davam claras indicações de que seria uma referência no País. “Ao longo do tempo, divulgou, sempre que pôde, os valores da cultura moçambicana. Por isso, estamos em crer que este livro ocupará o lugar que merece na galeria da nossa literatura”.