Catorze milhões de angolanos foram chamados, na última quarta-feira, a eleger o novo Chefe de Estado e novos deputados da Assembleia Nacional, numa disputa que promete mudar o cenário político daquele país lusófono.
Com os resultados preliminares a indicarem para uma vitória “apertada” do histórico Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e o seu candidato presidencial João Lourenço, “Carta” foi à busca de comentários de internautas moçambicanos em torno do processo eleitoral no país do Atlântico, que contou com a observação eleitoral moçambicana, constituída maioritariamente por membros seniores da Frelimo, partido-amigo do MPLA, a força política que governa Angola desde a independência, a 11 de Novembro de 1975.
Alguns internautas entendem que os resultados obtidos pelo MPLA resultam de “manipulação” da Comissão Eleitoral Angolana, com patrocínio dos observadores moçambicanos, com destaque para o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano. Outros internautas defendem que os resultados espelham a “ditadura” instalada nas duas nações lusófonas da África Austral.
Jorge Chadimba defende que os “angolanos ainda vão sofrer” e que, no próximo ano, em Moçambique, “os resultados de votos serão diferentes”, pois, “nós vamos ficar nas urnas de voto até o último voto ser contado”.
Henriques Alberto defende não haver diferença entre Moçambique e Angola, pois, “quando se trata de partidos do poder, não querem sair”.
Por sua vez, Marcelo Victor é mais contundente: “Onde a oposição de Angola ganhar, a Frelimo também estará comprometida nas próximas eleições”.
Já Pedro Cardozo endereça os seus parabéns ao MPLA e afirma que “os moçambicanos saberão direccionar o voto” em 2023 e 2024, em referência às próximas Eleições Autárquicas e Gerais, respectivamente.
David Sitole entende que a diferença apenas está nos nomes dos partidos, pois, “MPLA pode concorrer aqui em Moçambique e ganhar de qualquer jeito e Frelimo pode concorrer em Angola e ganhar. Mas onde buscam esses truques afinal?”, questiona o internauta.
Resultados desacreditados e observação eleitoral moçambicana colocada em causa
Enquanto isso, outros defendem que os resultados foram falseados. Núria De Melo é uma delas: “O regime ditatorial em Angola caiu a olhos vistos. Esses resultados são mentirosos e fraudulentos como sempre”, afirma, secundada por Pedro Obra, de Quelimane: “tudo mentira para confundir as pessoas e a opinião pública e agradar o regime do dia. A verdade manda dizer que a UNITA ganhou e bem, com todas as dificuldades que tentaram impor. Deus é fiel, no momento certo vai agir”.
Por sua vez, Esmenia Santos entende que os líderes moçambicanos não podem ser observadores eleitorais, pois, “esses são má influência”. A opinião de Esmenia é secundada por Guifty Neca: “Logo com o Chissano como observador, já era de se esperar...”.
“Enquanto Chissano está lá em Angola, a oposição será roubada. O manipulador moçambicano está lá dito Chissano”, defende Gabriel Wahala, enquanto Lázaro Cossa afirma: “é por isso que o Camarada Chissano disse que «os angolanos devem aceitar os resultados» mesmo sendo um roubo autêntico de votos”.
Oly Waka Banze também entende que a CNE angolana não escrutinaria outro resultado além da vitória do MPLA, devido à presença de observadores moçambicanos. “Eu sabia que assim seria, porque os nossos lá estão, os inventores e manipuladores da maior e melhor máquina de fraude eleitoral que já se viu no mundo”, defende.
“Vi Chissano lá, vi Tomaz Salomão lá, vi Comissão Nacional de Eleições de Moçambique lá, e qual seria o resultado esperado? Quando o MPLA viu perigo iminente pela UNITA chamaram os gajos mais loucos em fraude a nível mundial, a cúpula da FRELIMO, a grande máquina, 60 anos de experiência em encher urnas para dar solução ao seu irmão MPLA”, rematou Joaquim Alfândega.
Aliás, não é só em Moçambique que Chissano está a ser vítima de críticas. Em Angola, também está a ser “enxovalhado”.
Numa publicação da Voz da América, na qual o antigo Chefe de Estado moçambicano analisa o processo eleitoral angolano, alguns angolanos pediram a saída de Joaquim Chissano do seu país. Um dos pedidos veio de Manuel De Sousa: “Joaquim Chissano, com todo o respeito, sai do nosso país”.
Esta posição é secundada por Edgar da Silva: “Outro corrupto, regressa para o teu país. Qual democracia que está a crescer? Qual é a guita que prometeram? A nossa consciência jovem é a alternância, sim!”.
“Moçambique, vem só buscar o vosso político, ya”, atira João Silva.
Refira-se que, até ao fecho desta reportagem, o MPLA liderava a contagem dos votos com 52,08% contra 42,98% da UNITA, quando estavam contabilizados 86,41% dos votos. (Carta)