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quarta-feira, 16 agosto 2023 06:16

Caifadine Manasse declara-se “vítima de uma cabala” e arrasta mais três “camaradas” para a justiça

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Subiu para 26 o número de membros do partido Frelimo arrastados para justiça por Caifadine Manasse, no âmbito da queixa-crime submetida pelo deputado e antigo porta-voz do partido no poder à Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações foram avançadas pelo queixoso, minutos depois de ser ouvido ontem pelo Ministério Público, numa sessão que durou quase 09 horas (iniciou às 09h00 horas e terminou perto das 17h30min).

 

“Nós avançamos com um número de 23, mas submetemos mais alguns nomes (três pessoas) para fazerem parte deste dossier muito complexo”, revelou, sem avançar nomes e suas posições políticas dos novos arrolados, garantindo apenas se tratar de deputados e outros membros do partido no poder.

 

Naquele que é conhecido como o primeiro processo político-judicial movido por um membro da Frelimo contra os seus “camaradas”, Manasse justifica o recurso às instituições de justiça com a necessidade de “limpar” o seu “bom nome”, pois, entende que o mesmo foi colocado em causa. Defende que, na qualidade de antigo porta-voz da Frelimo, função desempenhada entre 2017 e 2022, os seus “camaradas” deviam ter usado outras vias para o atingir.

 

“Vi cá para lavar o meu bom nome, trazer o que aconteceu neste processo todo até chegar onde chegou. Sou membro do partido Frelimo e fiz participação contra cidadãos que tentaram contra a minha imagem, integridade e o meu bom nome e contra o meu partido, pois, sendo alguém que foi porta-voz do partido Frelimo não se podia pôr em causa a imagem desta pessoa, dever-se-ia, se calhar, ter usado outra forma para pôr em causa o meu nome”, defendeu.

 

Por essa razão, o deputado da Frelimo não tem dúvidas de que está a ser vítima de uma cabala, que está a ser levada a cabo por “camaradas” seus. Garante ainda estar disposto a levar o caso até ao julgamento, caso os implicados não se arrependam dos seus actos.

 

“Eu vim à Procuradoria-Geral da República à busca de justiça e, se justiça é ir até ao julgamento, então, o processo irá até ao julgamento. Não tenho que avançar com negociações porque, na verdade, é uma cabala que envolve camaradas, irmãos, e se eles sentirem que, de facto, fizeram mal, podem procurar-me para negociar. Se sentirem que não fizeram mal, então vão trazer as provas das acusações que fizeram”, assegurou.

 

Caifadine Manasse, que foi expulso do Comité Provincial da Frelimo, na província da Zambézia, alegadamente por ter propalado boatos a associar o deputado Hélder Injojo (vice-Presidente da Assembleia da República) ao narcotráfico, afirma que o processo não vai trazer fricções internas, na medida em que é movido contra “cidadãos normais que, mesmo pelas posições que ocupam, têm a responsabilidade de serem íntegros e não criarem injúria ou ataque a qualquer cidadão”.

 

“Tendo servido o partido, não posso ser alguém cuja imagem está a ser posta em causa e eu ficar apenas a olhar”, reiterou o antigo Secretário de Mobilização e Propaganda, garantindo estar a receber muito carinho dentro do seu partido e que “o ambiente, neste momento, é bom”.

 

O advogado de Caifadine Manasse, Custódio Duma, defende estar-se perante um processo complexo, pelo que não consegue estimar o tempo que o mesmo levará em fase de instrução. Sublinha, aliás, que os implicados são deputados com residência fora da Cidade de Maputo, sobretudo na província da Zambézia.

 

O antigo Presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos garante ainda possuir alguns elementos de prova que sustentam a queixa-crime e que serão submetidos ainda esta semana.

 

Lembre-se que Caifadine Manasse acusa os 26 membros da Frelimo, dos quais 23 deputados, de terem ofendido a sua honra e o seu bom nome, depois destes terem imputado a si, de forma pública e consciente, as alegações do envolvimento de um deputado (Hélder Injojo, Primeiro vice-Presidente da Assembleia da República) no tráfico de drogas, na província da Zambézia.

 

A acusação, submetida à PGR no passado dia 31 de Maio, baseia-se no Informe dos deputados da Frelimo, eleitos pelo Círculo Eleitoral da Zambézia, apresentado no decurso da IIª Sessão Ordinária do Comité Provincial da Zambézia.

 

O documento diz: “no decurso da VI Sessão Ordinária da Assembleia da República, o Círculo Eleitoral constatou com tristeza a tentativa de assassinato de carácter, imagem e bom nome do Camarada Hélder Injojo, vice-Presidente da Assembleia da República, ao ser associado ao narcotráfico. Sobre esta matéria, o Círculo Eleitoral tem evidências de que o Camarada Caifadine Manasse foi o autor do conluio, facto que fez com que o Círculo Eleitoral submetesse o seu desapontamento à Direcção do Partido na Província”. (Abílio Maolela)

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