O Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra que houve uma melhoria significativa da insegurança alimentar, tendo em 2019 registado insegurança alimentar aguda em 29,9% das famílias, que baixou para pouco mais da metade nos dois anos subsequentes, até atingir 9,0% das famílias em 2022. A informação vem contida numa publicação sobre indicadores básicos da Agricultura e Alimentação lançada pelo Instituto Nacional de Estatística, referente ao período 2018-2022. No mesmo período, o número de tractores alocados ao sector agrícola em todo o país passou de 722 para 2728.
A informação apresentada nesta publicação está estruturada em 10 capítulos, que abrangem indicadores sócio-demográficos, económicos, vulnerabilidade e segurança alimentar, unidades estatísticas agrárias, terra e área agrícola, mecanização agrícola, crédito concedido ao sector agrário, produção agrícola, pecuária e pescas, preços e comércio (interno e externo) de produtos agrários e alimentares, entre o período de 2018 a 2022.
Nos indicadores económicos, o peso do sector da agricultura, produção animal, caça, silvicultura e pesca no Produto Interno Bruto estabilizou-se em torno de 26,0%, entre 2018 e 2021. O Orçamento do Estado alocado ao sector continuou abaixo de 10% nos últimos anos, contudo, em 2022, foi fixado em 15,5%.
De acordo com a mesma publicação, o peso do crédito concedido ao sector da Agricultura passou de 3,0% em 2018, para 1,7% em 2022. Na produção das culturas alimentares básicas em 2022, o destaque vai para o milho e a mandioca.
Em relação à cultura de milho, a província de Tete, com 28,3%, seguida das províncias de Zambézia, com 16,4%, e Manica, com 13,5%, foram as que registaram as maiores produções. Na produção da mandioca, Nampula detém a maior quantidade (41,7%), seguida de Zambézia (32,1%).
A produção de culturas de rendimento foi estável no período em referência, facto observado nas mudas de cajueiro produzidas em torno de 5,8 milhões em 2022.
Os produtos pecuários apresentaram, ao longo do quinquénio, um ligeiro aumento na produção. Com efeito, refere a fonte, a carne de frango registou, em 2022, uma produção de 146 684 toneladas, com maior destaque para Maputo (72,3%), e Nampula (12,6%).
Na produção de carne bovina, destacou-se a Província de Maputo com 10 446 toneladas, correspondentes a 52,1% do total da produção do país, em 2022. Em relação ao leite de vaca, Sofala e Manica destacaram-se com 42,3% e 33,4% do total em 2022, respectivamente.
O peixe marinho, com 263 296 toneladas em 2022, teve um peso de 60,9% na pesca artesanal, seguida da produção de peixe de água doce com 121 325 toneladas (28,0%).
No comércio externo, evidencia-se o crescimento acentuado das receitas arrecadadas com a exportação de castanha de cajú em 2022, comparativamente ao ano anterior (93,9%).
Em relação aos indicadores sócio-demográficos, verifica-se que a população de Moçambique cresceu para 31,6 milhões de habitantes em 2022 e pouco mais de 20.7 milhões de habitantes, correspondentes a 65,5%, residem na área rural. As províncias de Nampula e Zambézia detém maior concentração populacional com 6,4 e 5,8 milhões de habitantes respectivamente.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) procede anualmente à disseminação de indicadores básicos de agricultura e alimentação. Trata-se de informação que era publicada, até ao ano de 2019, em forma de base de dados numa plataforma designada “CountryStat”, incorporada nos produtos estatísticos do Fundo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Esta plataforma recolhia um manancial de dados da agricultura e alimentação de vários países do mundo, tendo sido descontinuada em 2019.
A maior parte da informação estatística disponível cobre fundamentalmente a área cultivada, produção e comercialização agrária, com destaque para as culturas alimentares, culturas de rendimento, florestas, efectivo e produtos pecuários e produtos do pescado (artesanal, industrial e aquacultura).
As estatísticas disponibilizadas resultam da compilação dos dados do Inquérito Agrícola Integrado (IAI) e de fontes administrativas, nomeadamente, os Ministérios da Agricultura e Desenvolvimento Rural; da Terra e Ambiente; do Mar, Águas Interiores e Pescas; da Indústria e Comércio; da Economia e Finanças; Banco de Moçambique; Autoridade Tributária de Moçambique e outras instituições.
Os resultados da publicação da agricultura cobrem todo o território nacional, quer ao nível das áreas urbanas, quer ao nível das áreas rurais e o trabalho baseou-se na verificação da consistência dos dados, limpeza e cruzamento da informação das diferentes bases de dados.
Os dados das áreas cultivadas e de produção agrária dos anos 2018, 2019 e 2021 foram estimados pelo MADER, por não ter havido um inquérito específico no período. (Carta)