As duas últimas semanas foram marcadas por uma intensa migração de insurgentes para sul, do distrito de Macomia para o distrito de Quissanga, levando as forças de segurança a reforçar a presença no norte de Pemba. Entretanto, a violência insurgente também continuou no norte da província de Cabo Delgado.
Cerca de vinte insurgentes atacaram a aldeia de Chinda, em Mocímboa da Praia, a 18 de Outubro, queimando cerca de uma dúzia de casas. Mais de 2.500 pessoas fugiram de Chinda e da vizinha Awasse pela estrada N380, segundo Brito Simango, jornalista da emissora estatal TVM. As Forças de Segurança do Ruanda, posicionadas nas proximidades, intervieram rapidamente e ninguém foi dado como morto. O Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria pelo ataque.
Os insurgentes também raptaram várias pessoas nos distritos de Macomia e Mocímboa da Praia. O EI reivindicou o rapto de um homem no dia 15 de Outubro nos arredores de Chicuemba, a cerca de seis quilómetros de Chinda. O EI informou que o homem era cristão, embora afirme sempre que tem visado exclusivamente os cristãos.
No dia seguinte, três homens foram raptados por insurgentes a norte de Awasse, em Mocímboa da Praia, afirmou uma fonte local. Mais dois foram raptados fora da aldeia de Litandacua, em Macomia, quando regressavam da pesca no Lago Nguri, no dia 20 de Outubro.
Uma fonte informou que vários pescadores que regressaram a Pangane, em Macomia, também desapareceram nas últimas semanas e acredita-se que tenham sido raptados ou recrutados para a insurgência. Pangane foi abandonada a 20 de Setembro, depois dos insurgentes terem raptado cerca de 30 pessoas na área.
O movimento dos insurgentes para sul parece ter começado a 19 de Outubro, quando um grupo de combatentes foi visto a passar pelas aldeias de Nambo, Messano e Lumuamua, no posto administrativo de Mucojo, em Macomia, dizendo aos habitantes locais para reconstruírem as suas vidas e que a violência do passado tinha acabado.
No dia seguinte, cerca de 40 insurgentes foram vistos novamente na área de Mucojo e anunciaram o seu plano de se dirigirem ao distrito de Metuge. Dois dias depois, outro grande grupo marchou pela zona de Olumbwa, em Mucojo, e disse aos habitantes locais que eles se dirigiam para Mieze, em Metuge, nos arredores de Pemba, onde muitos insurgentes capturados encontram-se presos. Os insurgentes falavam as línguas locais de Kimuani, Emakwa e Kiswahili, segundo a Carta de Moçambique.
A 20 de Outubro, fontes locais relataram o primeiro avistamento de insurgentes no distrito de Quissanga desde 25 de Setembro do ano passado, na floresta, nos arredores da aldeia de Cagembe, levando alguns a fugirem para Pemba. Cinco dias depois, os insurgentes foram vistos espalhados pelo norte de Quissanga, nas aldeias de Bilibiza, Nivico, Manica e Linde.
Um grupo de cerca de 20 insurgentes foi novamente observado nos arredores de Cagembe nos dias 28 e 29 de Outubro, sugerindo que tinha sido montado um acampamento perto da aldeia. Uma fonte afirmou que transportavam algumas armas brancas e mostravam sinais de fome, enquanto outra disse a Cabo Ligado que os insurgentes tentavam assegurar aos habitantes locais que não deveriam ter medo e deveriam continuar a trabalhar nos campos.
As forças de segurança aumentaram o seu nível de alerta e enviaram mais tropas para Quissanga e Metuge em resposta a estes movimentos. Relatos não confirmados afirmam que um barco com aproximadamente 40 insurgentes tentou desembarcar algures a norte de Pemba no dia 25 de Outubro, mas voltou atrás devido ao aumento da presença das forças de segurança na área.(Cabo Ligado, resumo de 19 a 28 de Outubro)