O laudo pericial da autópsia ao corpo do ex-Procurador Adjunto da República, Januário dos Santos Necas, que atribui a sua morte a causas naturais, ainda não pode ser conclusivo, disse à “Carta” um dos especialistas mais cotados em Medicina Legal em Moçambique, o Dr. Eugénio Zacarias.
Numa breve conversa com o nosso jornal, ele fez questão de estranhar o facto de a revelação dos resultados, apontando para morte natural, ter sido feita sem a presença de dois exames cruciais, nomeadamente o exame toxicológico, que serviria para descartar a hipótese de envenenamento, como foi levantada por causa da presença de espuma na boca e o exame histológico, que serviria para descartar outras doenças, como por exemplo no coração, pulmões e vasos sanguíneos.
“Sem estes exames, o relatório ainda é inconclusivo”, disse Zacarias. “Dizer que morreu de infarto do miocárdio não basta. Se morreu de infarto é preciso que se diga claramente quais foram os sinais disso”. Zacarias diz esperar que as autoridades investiguem até ao fundo e evitem tirar conclusões sem se esgotar as formas profissionais de averiguar as causas da morte de Januário Necas. Aliás, dado a sua posição como procurador, disse ele, o Ministério Público deveria trazer informação assertiva sobre o assunto, rematou. (M.M.)