Foi adiado, sem qualquer explicação e muito menos data marcada, o debate sobre o futuro do Bispo da Igreja Anglicana de Moçambique e Angola (IAMA), Dom Carlos Simão Matsinhe, na liderança daquela província eclesiástica e da Diocese dos Libombos.
Ontem, a Comissão Permanente da 23ª Sessão do Sínodo Diocesano da IAMA adiou a Segunda Sessão Extraordinária do órgão, que havia sido agendada para a tarde desta terça-feira, no Centro Anglicano de Chamanculo, na Cidade de Maputo.
A reunião, convocada na passada quinta-feira (09 de Novembro), tinha como ponto de agenda a discussão da carta dos Bispos da IAMA, que exigem a resignação imediata de Dom Carlos Simão Matsinhe, do cargo de Bispo da Diocese dos Libombos. Porém, o evento foi adiado sem quaisquer explicações públicas.
Aliás, os jornalistas deslocaram-se ao Centro Anglicano de Chamanculo, mas sem sucesso. Tanto os funcionários, tal como alguns crentes que se encontram na sede da Igreja Anglicana disseram à imprensa que não tinham conhecimento da realização de qualquer reunião naquele recinto. Os jornalistas chegaram a cogitar a possibilidade de mudança de local, devido ao “vazamento” da convocatória nas redes sociais, mas não passava mesmo de uma especulação.
Refira-se que a autoridade religiosa de Carlos Simão Matsinhe, que desempenha as funções de Presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), está a ser posta em causa pelos crentes da Igreja, desde que se absteve, de forma cúmplice, na madrugada do dia 26 de Outubro, na votação que chancelou os resultados finais das eleições autárquicas de 11 de Outubro, que dão vitória à Frelimo em 64 autarquias, das 65 existentes no país.
Aliás, em Carta Pastoral emitida dias antes do anúncio dos resultados finais das VI Eleições Autárquicas, o Conselho Anglicano de Moçambique (CAM) apelou aos órgãos eleitorais, em especial ao Dom Carlos Matsinhe, para observância da Lei Eleitoral e a prática da verdade, durante a fase de centralização nacional e apuramento geral dos resultados de 11 de Outubro.
“(…) Os eleitores esperam de vós a honestidade, integridade, transparência, respeito e a verdade. Jesus Cristo exorta a humanidade para conhecer a verdade, dizendo que a verdade vos libertará”, defenderam os bispos anglicanos, citando o livro do Evangelho de João (capt.8, vers.32).
Porém, debalde! As eleições de 11 de Outubro de 2023, sublinhe-se, são consideradas as mais fraudulentas da história da democracia moçambicana, sendo alvos de contestação em quase todos os municípios do país. Aliás, alguns Tribunais Judiciais do Distrito provaram ter ocorrido irregularidades que colocaram em causa a credibilidade do processo, gerido pelo bispo anglicano, rotulado “Pilatos” pela sociedade moçambicana.
Embora a CNE defenda que a Frelimo ganhou em 64 autarquias, uma contagem paralela do Consórcio Eleitoral “Mais Integridade” dá vitória à Renamo em pelo menos quatro municípios (Chiúre, Quelimane, Matola e Cidade de Maputo). Entretanto, para além destes municípios, a “perdiz” reclama vitória também nos municípios de Marracuene, Matola-Rio, Vilankulo, Moatize, Nampula, Nacala-Porto, Angoche, Ilha de Moçambique e Cuamba. Já a Nova Democracia reclama vitória na autarquia de Gúruè. (A.M.)