Membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) afectos no posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, em Cabo Delgado, são acusados de matar três (3) civis entre terça e quinta-feira da semana passada.
Fontes disseram à "Carta" que a primeira vítima, natural da aldeia Nacutuco, foi interceptada na terça-feira pelos militares, a caminho de Mucojo-sede, onde ia receber um saco de mandioca seca, mas não escapou à morte perpetrada pelas FADM.
"Quando os familiares se aperceberam, alguns membros da autoridade local explicaram aos militares que a pessoa capturada não era inimiga. Ia levar mandioca seca para consumo, mas já era tarde, os militares já tinham executado a pessoa", disse Adala Faque, descrevendo outras mortes de civis nas aldeias Rueia e Nambija 2.
A segunda vítima foi um pescador que, ao passar próximo do Quartel a caminho da praia, foi capturada e de seguida morta pelos militares posicionados em Mucojo-sede. O Quartel das FADM está ao lado do caminho usado pelos residentes da aldeia Rueia, para acesso à praia.
A terceira vítima, também um pescador da aldeia Nambija 2, foi morta pelos militares, acusada de ser membro do grupo terrorista que actua na zona. "As pessoas foram à procura da pessoa e infelizmente já tinha sido atingida mortalmente", disse Saide Pira.
A deterioração das relações entre a população e os membros das FADM afectos em Mucojo-sede acontece numa altura em que os terroristas tentam ganhar a confiança dos residentes, em especial no estabelecimento de trocas comerciais. Alguns residentes de Macomia-sede confirmaram este domingo (14) à "Carta" que, no sábado, um grupo de terroristas escalou, mais uma vez, a sede da localidade Pangane, em Mucojo, mas sem registo de actos de violência contra civis. (Carta)