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segunda-feira, 18 março 2024 03:24

Cabo Delgado: Embarcação com produtos alimentares afunda perto da ilha do Ibo

Uma embarcação carregada de diversas mercadorias que navegava no sentido Pemba-ilha do Ibo naufragou, na última sexta-feira (15), na zona de Mujaca, que fica entre as ilhas de Matemo e Ibo. O incidente resultou na perda de maior parte dos produtos, destinados a minimizar a fome na vila do Ibo.

 

Trata-se de uma das quatro embarcações autorizadas pelas autoridades da cidade de Pemba a transportar produtos alimentares face à crise alimentar que assola as ilhas do arquipélago das Quirimbas, desde que os terroristas atacaram Quissanga-sede e a ilha Quirimba no princípio de Março.

 

"Só recuperaram dez galões de óleo alimentar. Contudo, os outros três barcos que iam a Matemo chegaram sem problemas. Só a embarcação que ia para Ibo é que afundou", disse um residente local, que apenas se identificou por Momade, tendo confirmado que ninguém morreu durante o naufrágio.

 

Outra fonte disse à “Carta” que o naufrágio aconteceu no princípio da noite de sexta-feira e aponta-se como causa o mau tempo e o fraco domínio das ondas de Mujaca, uma zona tida como perigosa para a navegação marítima.

 

Nas ilhas Quirimba, Quirambo e a sede do distrito do Ibo, centenas de pessoas estão a passar fome devido à falta de abastecimento de produtos alimentares pelos comerciantes locais, uma situação agravada pela proibição de circulação de embarcações de civis daqueles pontos à cidade de Pemba e vice-versa, em virtude da existência ainda de terroristas na zona.

 

População relata momentos difíceis

 

Os residentes das ilhas Quirimba, Matemo e Ibo relatam que a situação de fome se agravou nos últimos dias devido à falta de produtos alimentares. “Há dias em que as melancias e abóboras são a única refeição do dia", disse um chefe de família na aldeia Quirimba, no distrito do Ibo.

 

Outro residente disse que a pouca quantidade de comida que chegou nos últimos dias, por vias alternativas, além de ter acabado rapidamente, foi vendida a preços especulativos.

 

"De Pemba trouxeram há dias arroz até Nanhoma e de lá usaram mota até Arimba e mais tarde até Quirimba. O quilo de arroz era vendido a 90 meticais, mas mesmo assim acabou em pouco tempo". Relatos idênticos chegaram da ilha Matemo, também no distrito do Ibo.

 

"Carta" soube que na semana passada uma mulher perdeu a vida alegadamente devido à fome na ilha Quirimba, onde os terroristas saquearam quase tudo.

 

Entretanto, diversos produtos alimentares chegaram de navio no último sábado (16) à vila de Mocímboa da Praia, enquanto outros carregamentos ainda estão a caminho, confirmaram fontes locais.

 

"Sim, já temos comida aqui na vila. Chegou muito arroz, óleo, farinha e outros produtos, mas o problema é o preço que está muito alto. Estamos a comprar açúcar a 120 meticais, mas outros vendem por 150 e arroz varia entre 60 e 90 meticais", disse Adala Faquih, de Milamba. Acrescentou que as quantidades disponíveis são insuficientes porque os distritos vizinhos, como Palma, também dependem de Mocímboa da Praia, onde ainda há escassez de combustíveis, entre outros produtos essenciais. (Carta)

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