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segunda-feira, 15 abril 2024 06:58

Combatentes da Renamo dizem-se “envergonhados” com acções de Venâncio Mondlane e pedem autorização para curá-lo

A Associação dos Combatentes da Luta pela Democracia (ACOLDE), um dos principais órgãos sociais da Renamo, diz estar “envergonhada” e “escandalizada” com as acções protagonizadas por Venâncio Bila Mondlane que, desde Fevereiro último, tem travado uma batalha judicial com Ossufo Momade, líder daquela formação política. A posição foi manifestada na manhã de ontem pelo Presidente da agremiação, Victor Viandro, na abertura da VI Sessão Ordinária do Conselho Nacional da Renamo, que decorre hoje na cidade de Maputo.

 

Discursando na abertura da reunião daquele órgão colegial, o mais importante no intervalo entre os congressos, Victor Viandro afirmou que os guerrilheiros da Renamo estão preocupados com a situação que têm vindo a assistir, em que alguns membros continuam a escamotear a disciplina partidária em nome da liberdade individual. “Para os combatentes, esta forma de proceder desvirtua a nossa luta e a forma de ser e estar da Renamo, algo que nos leva a questionar sobre a agenda deles”, defendeu.

 

Sem nunca pronunciar o nome do deputado Venâncio Mondlane, que em Fevereiro submeteu duas providências cautelares contra Ossufo Momade, uma exigindo a marcação do congresso e outra a anulação das exonerações feitas por este “fora do seu mandato”, Viandro classificou a empreitada do ex-Assessor de Ossufo Momade como uma afronta ao sangue derramado durante a guerra civil.

 

“Este acto [recurso aos Tribunais], que nos escandaliza, envergonha-nos e desmoraliza toda a nossa luta, uma acção que não faz parte da nossa essência, pelo que consideramos como afronta ao sangue derramado por muitos dos nossos irmãos, ao longo da luta dos 16 anos e da revolução. Essas brincadeiras devem ter o ponto final”, defendeu.

 

Os combatentes da Renamo dizem ainda repudiar os pronunciamentos do político que, através das suas redes sociais, supostamente apelidou os guerrilheiros de “simples camponeses” após estes manifestarem seu apoio a Ossufo Momade. “Esta Renamo, à qual se filiou, existe graças a nós, pelo que queremos adverti-lo a parar com as suas investiduras, pois, connosco não se deve brincar”.

 

Viandro defende que os membros da Renamo devem pautar pelo respeito mútuo e convidou a quem não se sente a vontade a retirar-se do partido, pois, “cada um está neste partido por livre e espontânea vontade”. Por isso, “quem não se sente bem, a porta da proveniência está aberta”.

 

A fechar, tal como sublinhou, Victor Viandro pediu autorização para educar Venâncio Mondlane e todos os detractores de Ossufo Momade, porém, sem revelar o remédio a ser usado para tal efeito. “Queremos solicitar luz verde do Conselho Nacional e da direcção máxima do partido a autorização para nos responsabilizarmos por aqueles que andam nas televisões a insultar a liderança, confundindo a opinião pública com propaganda contra o próprio partido. Nós temos remédio para curá-los, se nos autorizar”, atirou.

 

Lembre-se que Venâncio Mondlane, cabeça-de-lista da Renamo na Cidade de Maputo, durante as VI Eleições Autárquicas (de 2023), tornou-se, desde o princípio deste ano, o principal rosto da oposição interna à liderança de Ossufo Momade, tendo recorrido à justiça para que o Presidente da Renamo convocasse o VII Congresso do partido, agendado para os dias 15 e 16 de Maio.

 

Ausente na reunião que decorre este domingo, em Maputo, Venâncio Mondlane acabou sendo o principal alvo das intervenções do dia. Ivan Mazanga, Presidente da Liga Juvenil da Renamo, foi o primeiro a se dirigir ao político.

 

Aos “conselheiros” do partido, Ivan Mazanga defendeu que os problemas do partido devem ser discutidos e solucionados dentro dos órgãos, pois, “se não faz sentido a existência dos órgãos, então não faz sentido a existência do partido”.

 

“Estar em guerra contra todos os órgãos do partido é estar em guerra contra o partido e nós não comungamos com a ideia que ‘qualquerizar’ o partido a favor do egocentrismo”, defendeu o líder da juventude da Renamo, para quem “sem acções colectivas, cometemos suicídio colectivo”.

 

Por sua vez, o porta-voz da Renamo, José Manteigas, esclareceu que Venâncio Mondlane não se faz presente no evento porque não tem assento no Conselho Nacional do partido. Manteigas, cujas relações com Venâncio Mondlane encontram-se extremadas, garantiu que só se participa do evento como membro com assento no órgão ou como membro convidado.(A. Maolela)

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