O Presidente de Moçambique disse ontem que a Exxon Mobil está a "mobilizar recursos e financiamento" para retomar o seu projeto em Cabo Delgado, e o executivo moçambicano atualizou, em Washington, a multinacional sobre a segurança no norte.
“Eles estiveram mais interessados também pela situação da segurança, mas não foi muito difícil explicar-lhes (…) Eles estão com vontade de retomar. Estão numa fase de mobilizar os recursos e financiamento”, declarou Filipe Nyusi, em declarações aos jornalistas em que fez um balanço da sua visita desta semana a Washington.
A Exxon Mobil considerou em julho passado que o investimento no gás natural de Moçambique está encaminhado para ser tomada uma Decisão Final de Investimento em 2025, começando a produzir no final da década.
"Muito depende ainda da situação de segurança, que tem estado a ser muito bem gerida", ressalvou na altura o vice-presidente da companhia para a exploração de petróleo e gás, Peter Clarke, numa conferência em Vancouver.
Segundo Filipe Nyusi, o executivo moçambicano mantém “conversas quase permanentes” com a multinacional.
O vice-presidente da Exxon Mobil Walter Kansteiner disse, na quarta-feira, em Washington, que a administração da petrolífera norte-americana está a analisar “cuidadosamente” as datas sobre o anúncio da Decisão Final de Investimento para o gás natural de Moçambique.
“O nosso conselho e a nossa empresa estão analisando todas essas datas com muito cuidado”, disse Walter Kansteiner, vice-presidente para as relações exteriores, questionado pela Lusa após uma reunião com o Presidente de Moçambique.
O projeto da Exxon em Cabo Delgado - província a norte afetada há mais de seis anos por ataques terroristas - previa uma produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, mas a companhia antevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas atualmente.
Moçambique tem três projetos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projetos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).(Lusa)