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segunda-feira, 05 agosto 2024 07:25

Circular de Maputo com problemas de iluminação e sinalização, mas REVIMO não assume culpa

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Há muito que a Estrada Circular de Maputo, construída pela extinta Maputo-Sul, em 2015, e entregue à gestão da Rede Viária de Moçambique, em 2019, reclama de intervenção, desde a sinalização (horizontal e vertical) até à colocação da iluminação em toda sua extensão de pouco mais de 70 Km.

 

O destaque vai para os troços entre o Hotel Radisson e o Nó de Marracuene; do Nó de Marracuene ao Nó do Zimpeto; e da rotunda de Chiango à rotunda do Albazine. A falta de iluminação tem propiciado vários acidentes. Entretanto, a concessionária da Estrada, a Rede Viária de Moçambique (REVIMO), não assume a responsabilidade, mas diz estar a fazer tudo para reverter o cenário, dentro de três a seis meses.

 

A fraca qualidade da iluminação agrava-se mais quando se sai da Costa do Sol para Marracuene. Por exemplo, de Chiango a Marracuene, há vários troços sem iluminação, por avaria e por falta de postes. Em alguns casos, o condutor leva entre 30 a 200 metros sem iluminação. Nesse trajecto, “Carta” contabilizou mais de 200 locais sem iluminação, por avaria e por inexistência de postes e candeeiros.

 

A iluminação nesse trajecto é com luzes fluorescentes, com muita baixa qualidade, alimentadas por painéis solares. Parte do Nó de Marracuene também não tem iluminação. O mesmo acontece do Nó à Vila de Marracuene. No sentido contrário, da Vila de Marracuene a Zimpeto, a situação é ainda preocupante. Há pequenos troços sem energia. Os automobilistas levam entre 500 ou a cerca de 1 km sem iluminação pública.  Aqui, é mesmo por falta de iluminação.

 

Além desses troços, há também falta de iluminação no troço entre a rotunda de Chiango à rotunda de Albazine. Esta situação preocupa os utentes da estrada, peões, automobilistas e, principalmente, transportadores semi-colectivos. Interpelados pelo jornal, os transportadores mostraram-se preocupados com a situação.

 

Para os automobilistas, o agravante é que, por um lado, a fraca iluminação propicia acidentes e, por outro, a situação verifica-se numa via onde todo o utente é obrigado a pagar pela utilização, a cada vez que passa pelas praças de portagens.

 

“Custa acreditar que estamos numa via rápida, uma das principais entradas e saídas da capital de um país, uma via rodoviária sob gestão privada que cobra milhões de Meticais por mês aos automobilistas. Acontece que o estado da iluminação pública entre Miramar – Costa de Sol – Marracuene é caótico, com postes sem nenhum candeeiro, outros só com um para um lado”, relatou um automobilista em anonimato.

 

Transportador na rota “Costa do Sol – Zimpeto” há dois anos, Salvador Manjate diz que a situação da iluminação também não é das melhores. “Sem iluminação de qualidade na via, você é obrigado a acender o máximo, encandeando o outro que vem no sentido contrário, o que propicia acidentes. Além disso, se de repente o carro avaria, corre o risco de assalto”, descreveu Manjate.

 

Num outro troço, entre “Zimpeto – Marracuene”, o jornal interpelou outros utentes da Circular. Trata-se de Cremildo Mutemucuio e Alexandre Nhampossa, transportadores que descreveram o estado da iluminação como péssimo. “A iluminação é péssima e acredito que seja por isso que tem havido muitos acidentes principalmente no período de noite, quase todos os dias”, disse Mutemucuio.

 

“Eu sou utente daquela via sempre. O estado de iluminação não está lá grande coisa e por isso não confere muita segurança”, disse Nhampossa. Ele e tantos outros entrevistados exigem a concessionária da estrada para melhorar a segurança rodoviária, iluminando a estrada e com a sinalização horizontal e vertical da via.

 

Para além da iluminação, a Estrada Circular de Maputo clama para revitalização da sinalização horizontal, praticamente desaparecida do pavimento. Os únicos locais onde a REVIMO tem revitalizado esta importante componente rodoviária é nas proximidades das rotundas, nas saídas e entradas para os Nós e em alguns cruzamentos e entroncamentos.

 

Em entrevista ao Jornal, a REVIMO diz estar ciente do problema. Atirou a culpa ao Estado que construiu a Estrada e concessionou-a com uma iluminação deficiente. Entretanto, nos últimos cinco anos de exploração, a empresa diz estar a investir em obras inacabadas e outras que sequer tinham sido previstas. Desde 2020, a empresa diz já ter investido 7.2 mil milhões de Meticais, parte dos quais para, por exemplo, concluir o Nó de Tchumene, construir as praças de portagens, entre outras actividades.

 

Falando concretamente da falta de iluminação, o Porta-voz da REVIMO, Estaline Machohe, disse estar a par do problema e do seu impacto na segurança rodoviária, tendo assegurado que já há obras em curso para reverter o cenário, dentro de três a seis meses. “No troço entre o hotel Radisson à Costa do Sol, o trabalho consiste na substituição de candeeiros (incandescentes ou amarelos) por fluorescentes (brancas ou LED), que gastam menos energias e são mais amigas do ambiente. Neste troço, acreditamos que até ao fim do ano teremos terminado as obras”, explicou Machohe.

 

Já no troço entre a rotunda de Chiango a Marracuene, o também Director de Assistência e Manutenção para Maputo explicou que decorrem obras de substituição de candeeiros, pois, os que tinham sido instalados ficaram danificados precocemente por estarem próximos ao mar. Mas assegurou que, no âmbito da substituição, a REVIMO já instalou o primeiro lote de candeeiros mais fiáveis e resistentes àquele ambiente, aguardando pelo segundo, até meados do próximo mês.

 

“Quanto ao troço entre o Nó de Marracuene ao Nó do Zimpeto, não havia iluminação, mas começamos a implantar postes com candeeiros abastecidos por painéis solares. É na verdade um projecto progressivo. Isto é, começamos por pontos mais críticos onde ocorriam acidentes com maior frequência. No próximo ano, iremos progressivamente completar a instalação da iluminação noutras zonas”, explicou o porta-voz.

 

Já no troço entre a rotunda de Chiango à rotunda de Albazine, o nosso interlocutor disse ter havido uma avaria do transformador. “Internamente não foi possível obter rapidamente o transformador necessário por isso a reposição levou um tempo. Sabemos que há secções que precisam de intervenção. Por isso destacamos nos últimos dias uma equipa para verificar a iluminação na via e há melhorias”, acrescentou Machohe.

 

Sobre a sinalização, o Porta-voz da REVIMO garantiu também estarem em curso acções para a melhoria da segurança rodoviária. Disse que há obras de colocação de lombas e pintura para a renovação e melhoramento da sinalização horizontal.

 

A fonte apelou aos utentes para a melhor utilização da estrada, evitando a vandalização da iluminação e de outros equipamentos e a opção por uma condução segura que possa evitar acidentes. (Evaristo Chilingue)

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