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segunda-feira, 18 novembro 2024 06:49

Eleições 2024: PRM volta a impedir manifestação pacífica em Maputo

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Enquanto aos microfones de televisões e rádios, o Governo e outros órgãos de Estado defendem, de unhas e garras, que apoiam as manifestações pacíficas por estarem previstas na Constituição da República, na rua a realidade é outra.

 

Depois de rechaçar a marcha pacífica do candidato presidencial Venâncio Mondlane, no passado dia 21 de Outubro, e de tentar, sem sucesso, impedir médicos de marchar em repúdio à violação dos direitos humanos, no dia 05 de Novembro, a Polícia da República de Moçambique (PRM) voltou a impedir mais uma marcha pacífica, em Maputo, desta vez organizada pelos professores.

 

A marcha dos professores foi anunciada semana finda e o roteiro fornecido à Polícia, mas esta não quis deixar os seus créditos em mãos alheias. Lançou gás lacrimogénio sobre os professores e deteve cinco. A manifestação visava pressionar o Governo a pagar as horas extraordinárias de 22 meses em atraso e a proporcionar melhores condições salariais, além dos devidos ajustes na Tabela Salarial Única (TSU).

 

À “Carta”, os professores confirmaram que a marcha foi comunicada ao Município de Maputo e às autoridades policiais e que o roteiro foi aprovado por elas. “Mas, quando decidimos iniciar a nossa caminhada, fomos imediatamente impedidos e uma voz soou dizendo: Chega de manifestações aqui em Maputo”, parafraseando o Comandante-Geral da Polícia e o Ministro do Interior, que disseram “basta” às manifestações, em violação clara do artigo 51 da Constituição da República.

 

"Hoje, esta Polícia está a disparar contra nós que estamos apenas preocupados em reivindicar os nossos direitos. Diante destas cinco detenções dos nossos colegas, se o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) não resolver os nossos problemas, o processo dos exames ficará condicionado", disse Isac Marrengula, da Associação Nacional dos Professores (ANAPRO), organização que convocou a manifestação.

 

De acordo com a fonte, vários órgãos de comunicação nacionais (sobretudo as emissoras de TV) foram proibidos de cobrir a marcha dos professores. A maior parte dos órgãos de comunicação presentes na marcha eram internacionais.

 

“Os que mandaram boicotar a cobertura da nossa marcha pelas TV de maior expressão devem estar bastante envergonhados neste momento. No entanto, acabaram por nos dar maior visibilidade, principalmente ao nível internacional. Ficou claro que nossas televisões seguem à risca as chamadas 'ordens superiores'”, referiu Marrengula.

 

Vale ressaltar que a marcha aconteceu sob forte vigilância da Polícia, fortemente armada, que escoltou os professores do Museu até à estátua de Eduardo Mondlane, onde os docentes empunhavam cartazes e gritavam: "O professor é povo". Os cinco detidos foram restituídos à liberdade. (M.A.)

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