Pelo menos três pessoas morreram e outras 14 ficaram feridas em manifestações pós-eleitorais em dois dias na província de Manica, centro de Moçambique, disse ontem o diretor clínico do Hospital Provincial de Chimoio (HPC), citado pela Lusa.
“Na tarde e na noite de ontem [segunda-feira] recebemos mais quatro doentes (...). Dois deles tinham lesões abdominais muito graves e foram a óbito pouco depois terem dado entrada no hospital”, disse Juvenal Chitovele, em declarações aos jornalistas, explicando que outros dois feridos foram submetidos a cirurgia e estão estáveis.
A terceira vítima mortal registou-se durante as manifestações da noite de domingo, na mesma província. O diretor clínico explicou que o HPC soma um “cumulativo de 14 atendidos, cinco internados, seis altas e um total de três óbitos” na sequência das manifestações pós-eleitorais em Manica, sendo que a maior parte vítimas foi baleada.
De acordo com o CIP Eleições, tudo começou na segunda-feira no mercado 38 Milímetro, na cidade de Chimoio, em Manica, quando membros da Polícia queimaram a banca de Paulino White, amigo pessoal de Venâncio Mondlane e mobilizador de massas em apoio ao PODEMOS e ao próprio candidato Venâncio Mondlane. Os vendedores revoltaram-se contra os polícias e vários manifestantes queimaram pneus e bloquearam vias.
A publicação assegura que suas fontes afirmam que o número de mortos pode vir a subir porque entre os feridos há alguns mais graves, um dos quais é o chefe da Praça dos Trabalhadores, terminal de transporte da rota Chimoio-Macate. Uma jovem, supostamente vendedeira do mesmo mercado, foi baleada na perna. A bala perfurou e partiu a perna.
Sedes da Frelimo incendiadas
Nos distritos de Dondo e Nhamatanda, em Sofala, diversos bens do partido Frelimo e de seus membros foram vandalizados e queimados durante o final de semana. No Posto Administrativo de Mafambisse, em Dondo, um grupo de manifestantes queimou o mercado pioneiro e a sede do partido Frelimo. O primeiro acto aconteceu na madrugada do último sábado. No total foram 25 barracas queimadas.
Ainda na madrugada desta segunda-feira, cinco membros do partido Frelimo foram ameaçados de morte nas suas residências nos bairros de Munhonha e Mussassa, e uma sede do partido Frelimo foi incendiada.
Em Nhamatanda, desconhecidos foram incendiar, na madrugada de sábado, cinco casas e um alpendre (Machessa) onde funcionava a sede da Frelimo do bairro. Na cidade de Xai-Xai, em Gaza, foi queimada a sede do partido Frelimo num dos bairros e no bairro Santa Isabel, em Maputo, também foi incendiada uma sede do partido.
O número de mortos durante as manifestações entre os dias 13 e 18 de Novembro aproxima-se a 30, a maioria das quais manifestantes. Na segunda-feira, foram confirmados três mortos, incluindo um suposto agente da polícia morto por populares em Murrupula, em Nampula.
Os outros dois óbitos foram em Chimoio e Matola. No total já são 28 mortos, entre 13 e 18 de Novembro. As quatro fases já resultaram na morte de mais de 60 pessoas. (Lusa/CIP Eleições)