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quarta-feira, 03 julho 2019 06:15

Polémica em torno dos mandatos no “Frelimistão”: Renamo avança para Conselho Constitucional

A polémica à volta do número de eleitores registados, na província de Gaza, também conhecida como “Frelimistão”, usado para cálculo do número de mandatos, divulgados, no passado dia 24 de Junho, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), ainda vai fazer correr muita tinta.

 

É que, depois de contestar, na praça pública, imediatamente a seguir à sua divulgação, a Renamo avançou, desta feita, para um novo estágio, no caso para uma batalha jurídica.

 

 

O palco escolhido é o Conselho Constitucional (CC). O partido liderado por Ossufo Momade, através do seu mandatário nacional, Venâncio Mondlane, submeteu o expediente contestatário aos números do “frelimistão”, na passada segunda-feira, 01 de Julho.

 

No expediente enviado ao CC, a Renamo diz que os números de eleitores registados pelo Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) são “fantasmas” e solicita a anulação da deliberação que ostenta a referência nº 88/CNE/2019, de 23 de Junho.

 

Entende, esta formação política, que o STAE, em conluio com a CNE (Comissão Nacional de Eleições), inflacionou o número total de habitantes naquela província em 980 mil pessoas, realidade que contribuiu para que o número de mantados subisse para 22.

 

Dados saídos do IV Recenseamento Geral da População e Habitação de 2017 apontam a existência, na província de Gaza, de 1.422.460 habitantes.

 

Atira, igualmente, que para chegar à presente distribuição de mandatos naquele círculo eleitoral, o STAE recorreu a uma base populacional de dois milhões e duzentas mil pessoas, o que justifica a actual distribuição.

 

Números divulgados pela CNE apontam que a província de Gaza registou um total de 596.729 eleitores e, por via disso, vai eleger um total de 22 deputados para Assembleia da República (AR).

 

Na legislatura prestes a terminar, no caso a VIII, a província de Gaza, onde o partido Frelimo sempre ficou com todos os mandatos existentes, elegeu 13 deputados, menos três se comparado com a legislatura anterior, a de 2010-2014, visto que elegeu um total de 16 deputados.

 

A deliberação, cuja anulação é solicitada pelo maior partido da oposição no xadrez político nacional, foi aprovada graças aos votos da Frelimo e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), na sessão havida no passado dia 23 de Junho. A Renamo votou contra.

 

Concretamente, segundo a CNE, foram recenseados pouco mais de 12,9 milhões de eleitores, o correspondente a cerca de 91.39 por cento da população em idade eleitoral activa. São estes que, a 15 de Outubro que se avizinha, vão às urnas eleger o Presidente da República, os deputados da Assembleia da República e os membros das Assembleias Provinciais, de onde sairão os Governadores de província.

 

Em consequência dos problemas técnicos registados durante o processo, aliados aos ciclones Idai e Keneth, pouco mais de 1 milhão de eleitores não foram inscritos.

 

Distribuição de mandatos pelas restantes províncias

 

Em relação à legislatura prestes a findar, a província do Niassa, em virtude de ter inscrito um total de 309.047 eleitores, vai eleger 23 deputados, depois de ter eleito 14, em 2015. Por sua vez, a província de Nampula, o maior círculo eleitoral, destaca-se na perspectiva inversa, ao ter direito de eleger 45 deputados, menos quatro que a legislatura passada. A província recenseou 1.270.201 eleitores.

 

Zambézia, o segundo maior círculo eleitoral, em relação à presente legislatura, perde dois mandatos por ter recenseado 1.186.223 eleitores. Assim, na próxima legislatura, vai eleger 41 deputados. A província de Tete registou 593.139 eleitores e, por isso, vai eleger 21 deputados, perdendo, desta feita, um assento em relação à presente legislatura.

 

Quem também perde, se comparado com a legislatura em curso, é a província de Sofala. Esta província do centro do país registou 401.140 eleitores e vai colocar 20 deputados da AR, perdendo dois assentos. Em perspectiva contrária, destaca-se a província de Manica, que vai eleger mais um deputado que na legislatura prestes a findar, uma vez ter registado 396.449 eleitores.

 

Na região sul do país, as províncias da Inhambane e Cidade de Maputo destacam-se por terem perdido, numa perspectiva comparativa com a presente legislatura, um e três  mandatos, respectivamente. Inhambane vai eleger 13 ao invés de 14 e a Cidade de Maputo, que registou 84.830 eleitores, colocará 13 deputados no Parlamento, depois de, na presente, ter colocado 13.

 

A província de Maputo, que registou 295 473 eleitores, ganhou mais três deputados que na actual legislatura. Passa dos actuais 17 para 20 deputados. Já a província de Cabo Delgado, em relação à VIII legislatura, perde nove mandatos, passando a eleger apenas 13.

 

Referir que a província de Cabo Delgado, outro bastião da Frelimo, sofrerá uma redução de nove mandatos, relativamente à presente legislatura. Para a IX Legislatura, Cabo Delgado irá eleger 13 deputados, contra os actuais 22. (Ilódio Bata)

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