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BCI
sexta-feira, 16 agosto 2019 07:07

“Guerra aberta” na Comunidade Hindu: Membros acusam-se de tribalismo, ilegalidade, abuso de poder e terminam no Tribunal

O “copo de água transbordou” na Comunidade Hindu em Moçambique. Aquilo que devia ser uma organização de irmandade, exaltação dos princípios culturais e preservação da identidade, hoje chegou às portas da 5ª Secção do Tribunal Judicial da cidade de Maputo (TJCM), onde os membros se acusam de ilegalidade, abuso de poder, desprezo, tribalismo e agitação, conforme consta na providência cautelar na posse da “Carta”, submetida naquela instância judicial, em Abril último.

 

 

De acordo com o documento em nossa posse, tudo está em volta da tomada de posse do novo elenco para o biénio de 2019 a 2020, presidido por Asmucrai Chunilal. Constam também da lista dos contestados os elementos que compõem a actual Comissão de Eleições e sócios.

 

No documento em alusão, a mesa da Assembleia-Geral é acusada de ter excedido, nos últimos mandatos, o prazo previsto nos estatutos da Comunidade Hindu em Moçambique, que estabelece, no artigo 13º, que são dois anos por mandato. O queixoso, de nome Chandracant Meggi, refere que esta questão não tem sido observada, havendo determinadas pessoas favorecidas que vêm do mandato anterior.

 

Segundo consta no documento, o actual elenco já havia começado em Novembro de 2018 e numa Assembleia-Geral foram propostos dois candidatos ao cargo de presidente do órgão que viriam a ser apurados, sendo Asmucrai Chunilal, da casta Vanja-diu e Chandracant Meggi, da casta Kadia-diu. Entretanto, segundo o queixoso, não houve candidato para presidente do Conselho Fiscal e de Direcção.

 

No entanto, a Comissão de Eleições não fez a segunda chamada para concluir o seu trabalho, dentro do rigor e como de costume, para os órgãos em falta. Na altura dos factos, o responsável pela AG, Pragnesh Himatlal, começou a sentir interferências, pressão e ocultação de informação, assim como não foi disponibilizada a lista geral dos sócios e a relação completa com os novos sócios admitidos com isenção de quotas. O Conselho Fiscal, liderado por Ashvin Parshotam, não tomou nenhuma medida de precaução contra a ilegalidade estatutária da CHM.

 

O facto acima mencionado levou os membros da Comissão de Eleições a desistir um por um, até que Pragnesh Himatlal ficasse sozinho.

 

Outra acusação constante do documento é de que o actual presidente da mesa da AG ocupa o cargo desde 2010, tendo renovado o mandato mais uma vez. Na óptica do queixoso e conforme previsto nos estatutos da agremiação, isso constitui uma irregularidade grave, pois viola o artigo 14º, para além de ser a mesma família a fazer a rotatividade, ou seja, “sai a esposa, entra o esposo e vice-versa”. Entretanto, diante destes factos de morosidade no poder, o Conselho Fiscal nunca sancionou Asmucrai Chunilal que, segundo o queixoso, terá se demitido, mas mesmo assim, voltou a ocupar a função, o que os estatutos da CHM não permitem.

 

De acordo com o documento, a casta vanja-diu tem discriminado os membros das outras castas, que até para concorrer às eleições internas são ludibriados e afastados sem justificação plausível, ou seja, Asmucrai Chunilal tem feito permuta constante com a mulher Prafulata Jentilal. Entretanto, os queixosos pedem a repetição das eleições e a revogação de todos os aspectos negativos aprovados pela actual direcção.

 

Portanto, devido à falta de entendimento na CHM, o processo encontra-se a ser dirimido no TJCM. “Carta” procurou ouvir os membros da actual direcção que, no entanto, não mostram interesse em falar do assunto, já lá vão mais de três meses. (Omardine Omar)

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