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segunda-feira, 19 agosto 2019 06:24

Junta militar da Renamo quer renegociar acordos com Governo moçambicano

A autoproclamada Junta Militar da Renamo (JMR) vai renegociar com o Governo os acordos de Paz e de cessação das hostilidades militares, após considerar “nulo e sem efeitos” os dois acordos assinados pelo Presidente moçambicano e o líder da Renamo.

 

Para o grupo, os dois acordos, que classifica de “secretos” e que não os vincula, são “fruto de um ato de traição”, por terem sido assinados à revelia do Conselho Nacional do partido, a bancada na Assembleia da República e do Estado-Maior General da Renamo, além de violarem o espírito do acordo assinado pelo líder histórico, Afonso Dhlakama, falecido em 2018.

 

 

“É um acordo de rendição incondicional”, precisou João Machava, porta-voz da JMR, em alusão ao acordo de Paz Definitiva, acusando o líder da Renamo, Ossufo Momade, de ter mantido o acordo “oculto” e recusado revelar o seu teor até ser remetido à Assembleia da República, para ser transformado em lei.

 

Defendeu, contudo, que um negociador “válido” do grupo, a ser eleito no conselho extraordinário da Junta Militar, que decorre desde sábado na Gorongosa, deverá interpelar a aprovação do acordo junto ao órgão legislativo, por o governo ter assinado com um interlocutor contestado, após avisos para romper com as negociações.

 

“Assim pronunciamos o Tenente General Ossufo Momade culpado de traição e destituído de todos os seus cargos e patentes”, anunciou no sábado João Machava, na abertura do conselho extraordinário.

 

O grupo, prosseguiu João Machava, conta agora com um apoio de 500 guerrilheiros que estão nas 11 unidades militares provinciais, e não tem financiamento interno ou externo.

 

Reiterou que o grupo não vai entregar as armas no quadro do acordo de paz assinado com o Governo sob liderança de Ossufo Momade, acrescentando que pretende assumir oficialmente todos os poderes de decisão e administração ligados à Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) da Renamo.

 

“Nós vamos continuar nas matas com armas, que têm munições e operacionais”, frisou João Machava, caso o grupo não lidere o processo de desarmamento, desmobilização e reintegração da ala militar, declinando alegações sobre negociações internas para consensos no partido.

 

Ainda segundo o responsável, o grupo que fez a entrega das armas no arranque do processo regressou às bases do partido.

 

O braço armado da Renamo acusa Ossufo Momade de estar ao serviço do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) e de ter sido eleito por “maioria ilegítima” e “infiltrado” pelo SISE (serviços secretos) moçambicanos, no congresso de janeiro.

 

A Junta Militar da Renamo encontra-se reunida desde sábado no conselho nacional extraordinário, à revelia da estrutura oficial do partido, para eleger o presidente e o presidente interino do grupo. No sábado, o grupo elegeu o seu porta-voz.

 

A reunião que junta mais de 80 guerrilheiros decorre próximo a uma nova base do grupo, numa mata do interior de Piro, nas encostas da serra da Gorongosa, e termina na segunda-feira com o anúncio dos novos órgãos. (Lusa)

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