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quarta-feira, 04 setembro 2019 06:50

Suposta carta do grupo Ahl Sunat Wal Jhamah contra a visita do Papa a Moçambique: Conselho Islâmico condena e não se revê no seu teor

Circula desde o passado fim-de-semana uma suposta carta do grupo extremista Ahl Sunat Wal Jhamah, com operações terroristas na Somália e Paquistão, convidando a comunidade islâmica baseada em Moçambique a não participar da recepção e muito menos da missa a ser orientada pelo Papa Francisco na próxima sexta-feira (06), no Estado Nacional do Zimpeto.

 

O Papa Francisco aterra no Aeroporto Internacional de Maputo, tal como está previsto no programa da visita, quando forem pontualmente 18 horas e 30 minutos, donde seguirá para a Nunciatura.

 

Esta terça-feira, “Carta” procurou ouvir o Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO). Na pessoa do Sheik Aminuddin Muhammad, este órgão foi categórico: “O Conselho Islâmico condena e não se revê nos dizeres que vêm vertidos na carta. Nós nos distanciamos deste grupo sem rosto”.

 

Em conversa com o nosso jornal, contrariando a narrativa da suposta missiva dos Ahl Sunat Wal Jhamah, Sheik Aminuddin Muhammad assegurou que a comunidade islâmica vai sim participar da missa a ser orientada pelo Sumo Pontífice. Aliás, fez questão de recordar que um grupo de jovens que professa a religião islâmica estava, desde a primeira hora, envolvido nos ensaios alusivos à visita da mais alta figura da Igreja Católica Apostólica Romana.

 

A suposta carta aponta numa das páginas, isto no que respeita à figura do Papa perante Allah: “o Papa perante Allah é um inimigo decretado, ou seja, o líder da descrença e saibam mais meus queridos irmãos, cada adoração que se presta fora de Allah por qualquer pessoa, o Papa contribui nesse pecado porque ele do momento é quem incentiva as pessoas na adoração do Profeta Issa (Jesus) e o que deve ser feito ao líder máximo dos descrentes?”. Seguidamente aponta “Combateis os líderes da descrença”, cap. 9 vers, 12 (do livro sagrado).

 

Sobre estes dizeres, Aminuddin Muhammad disse que não são e estão longe de serem os preceitos que norteiam o islamismo. Anotou que a religião islâmica respeita as outras religiões e não é apologista da difusão do ódio entre irmãos.

 

Muhammad disse que a carta está inclinada para um trabalho de agitadores preocupados em criar agitação.

 

“A religião Islâmica respeita as outras religiões. É um trabalho de quem tem o objectivo de criar agitação. Apenas isso. Nós não comungamos com estes dizeres. A religião não dá direito de classificar o outro. É tudo interpretação de quem escreve. O Alcorão (livro sagrado para os muçulmanos) não diz isso”, atirou Sheik Aminuddin Muhammad.

 

O grupo prossegue, sobre a forma como os muçulmanos devem olhar para o Santo Padre: “Papa perante muçulmanos verídicos é injusto,… um ofensor de Allah… Renegador da vida após a morte… E este tipo de pessoa não merece nenhuma honra de quem se prostra perante Allah”. (Carta)

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