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segunda-feira, 09 setembro 2019 07:38

CEO do banco russo VTB emite ultimato à Moçambique com discurso racista

O chefe do segundo maior credor da Rússia, o VTB, lançou um ultimato a "nossos amigos negros de Moçambique", numa discussão recente sobre o crédito de 535 milhões de USD concedido para a MAM (Mozambique Asset Management), uma das famigeradas empresas do calote de 2.2 bilhões de USD.

 

 

"Se os nossos colegas, em Moçambique, não tomarem medidas para acelerar esse processo, teremos que declarar, até ao final do ano, que o país entrou em ‘default’”, disse Andrei Kostin, CEO do banco VTB, falando a repórteres no Fórum Econômico Oriental, em Vladivostok, na quarta-feira. "Eu espero que nossos amigos negros, em Moçambique, ouçam isto".

 

Kostin, um ex-diplomata, tem um histórico de uso de linguagem controversa. Pediu desculpas, no ano passado, ao chamar Boris Johnson, que deixou o cargo de secretário de Relações Exteriores do Reino Unido há dois meses, de “freak, em comentários para estudantes de uma universidade que prepara jovens russos para o serviço diplomático. Em Novembro, ele comparou os regulamentos do banco central a um cancro da próstata.

 

O serviço de imprensa do VTB disse que, ao usar a palavra “negro”, Kostin não quis ser ofensivo nas suas observações, feitas em russo. “O chefe do VTB não tinha intenção de ofender ninguém. Deve-se entender a palavra ‘negro’ como ‘amigo’"; este demonstra atitude amigável e baseada em confiança para com o parceiro. Em russo, a palavra ‘negro’ para descendentes de África tem nenhuma conotação negativa e interpretá-la de qualquer outra maneira é de maneira alguma precisa", considera o serviço de imprensa do banco russo.

 

A maioria dos russos não veria problema com a declaração de Kostin porque não usou uma linguagem ofensiva, de acordo com Alexander Verkhovsky, chefe do crime de ódio, na organização de monitoria Sova Center. Racismo e discriminação por motivos étnicos é um problema arraigado na Rússia, disse ele.

 

Os comentários de Kostin chegam num momento em que Kremlin está ansioso em expandir sua presença em África, e Putin sediará uma Rússia-África, Cúpula co-presidida pelo presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi, no próximo mês, na cidade de Sochi, no Mar Negro.

 

A estatal VTB está ajudando a liderar o processo, tornando África um dos seus mercados internacionais prioritários, depois que foi forçado a reduzir seus negócios na Europa diante de sanções imposta após a Rússia anexar a Crimeia da Ucrânia, em 2014.

 

Moçambique procurou reestruturar cerca de 2 mil milhões de USD de crédito, inclusive da VTB, desde 2016, quando o governo admitiu ter contratado a maior parte deles sem notificar o Fundo Monetário Internacional como era obrigado.

 

A nação africana está tentando cancelar uma garantia do governo em um crédito organizado pelo Credit Suisse Group AG, citando alegações de suborno e propinas. O credor suíço negou qualquer transgressão. (Blomberg)

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