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quinta-feira, 14 novembro 2019 11:23

Funcionário da Privinvest justifica contratos com necessidade de se combater pirataria

Um trabalhador da Privinvest, fornecedora de embarcações e materiais para empresas envolvidas no escândalo das dívidas ocultas de Moçambique, justificou os contratos com a necessidade do país em combater "grave problema de pirataria".

 

O alemão Peter Martin Kuhn disse quarta-feira num tribunal de Nova Iorque que trabalhou para a empresa Privinvest como gestor de projetos para a implementação de sistemas de monitorização da zona costeira de Moçambique.

 

 

Antigo militar da Marinha alemã, Peter Martin Kuhn lembrou que “a pirataria era um grande problema” em Moçambique quando a Privinvest foi encarregada de fornecer material para projetos de pesca de atum ou proteção da zona económica exclusiva no país africano.

 

Kuhn, que prestou depoimento indicado pela equipa de defesa do arguido que está a ser julgado, Jean Boustani, descreveu uma série de fotografias em que se mostram embarcações da Privinvest que terão sido enviadas para Moçambique como parte dos contratos assinados.

 

O principal arguido do processo nos EUA é Jean Boustani, vendedor de embarcações da empresa Privinvest.

 

Algumas fotografias eram, segundo Peter Kuhn, a demonstração da capacidade e velocidade das embarcações em 2014 ao público moçambicano, na zona costeira de Maputo, onde existia uma tribuna para altos responsáveis do Estado.

 

Um dos barcos enviados pela Privinvest a Moçambique podia atingir uma velocidade de mais de mil quilómetros por hora e teria de ser usado quando fosse detetada uma “situação anormal” na costa.

 

“Se detetarmos algo, enviamos barcos muito mais rápidos do que os piratas”, disse o antigo gestor de projeto.

 

Peter Martin Kuhn lembrou a missão conjunta da União Europeia com participação NATO lançada em 2008, a missão Atalanta na costa da Somália, para dizer que a pirataria também afetava Moçambique.

 

A testemunha recordou a primeira reunião de trabalho em 2013 com responsáveis de Moçambique, que eram o “cliente” da Privinvest, para a discussão dos projetos de proteção da zona costeira e fornecimento de embarcações para pesca de atum.

 

Depois da reunião, que deixou todos “mais ou menos entusiasmados”, Kuhn disse que a Privinvest começou o trabalho de subcontratação de outras companhias para a realização dos projetos e a formação e treino que iam ser dados a moçambicanos para poderem operar por completo os materiais depois do controlo nos primeiros três anos só pela Privinvest.

 

Uma foto de 2014 apresentada no tribunal de Nova Iorque tem o antigo Presidente de Moçambique Armando Guebuza, no centro, acompanhado de outros indivíduos na tribuna de onde assistiam a demonstração dos barcos da Privinvest.

 

Segundo a acusação, o projeto começou a tomar forma sob o nome de Zona Económica Exclusiva de Moçambique (EEZ, na sigla em inglês), com as primeiras ideias a serem formadas por Jean Boustani e Iskanar Safa, da empresa Privinvest, e a serem apresentadas ao Estado de Moçambique.

 

A Justiça norte-americana acredita que os moçambicanos Ndambi Guebuza e Teófilo Nhangumele foram os principais responsáveis pelas comunicações com o Presidente de Moçambique à altura, Armando Guebuza, para aprovação dos projetos.

 

A investigação da Procuradoria constatou que foram usadas para o efeito três empresas públicas, a Ematum, MAM e Proindicus que, ao longo de vários anos, assumiram empréstimos dos bancos Credit Suisse e VTB e que, depois, entraram em incumprimento e não devolveram o dinheiro aos investidores internacionais.

 

O antigo ministro das Finanças de Moçambique Manuel Chang, que se encontra detido na África do Sul e enfrenta pedidos de extradição para Moçambique e para os Estados Unidos, recebeu pagamentos de cinco milhões de dólares (4,5 milhões de euros), segundo a Procuradoria dos Estados Unidos.(Lusa)

 

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