A agência de notação financeira Fitch Ratings decidiu hoje manter o 'rating' de Moçambique em CCC, antevendo um crescimento negativo da economia de 1% e a dívida pública a subir para 120% este ano.
"O rating CCC reflete as limitadas opções de financiamento em conjunto com altas necessidades de financiamento externo e orçamental, que foram exacerbadas pela choque da pandemia, a elevada dívida pública e as questões ainda por resolver relativamente às vulnerabilidades do setor público", lê-se na nota que acompanha a decisão.
A Fitch Ratings, detida pelos mesmos donos da consultora Fitch Solutions, decide assim manter Moçambique no terceiro pior nível de avaliação da qualidade de crédito antes do 'default', do qual saiu na sequência do acordo alcançado com os credores dos títulos de dívida soberana para a reestruturação desta dívida.
"A Fitch antevê que o PIB real se contraia 1% em 2020, depois de um crescimento limitado de 2,2% em 2019 devido aos estragos causados pelos dois ciclones", explicando que a previsão "reflete a expectativa de que o crescimento moderado no setor agrícola só parcialmente compensou o fraco desempenho das indústrias extrativas, afetadas pelos preços baixas e pela limitada procura das exportações mineiras moçambicanas".
Para 2021 e 2022, a Fitch Ratings prevê uma aceleração do crescimento para 2,8% e 3,3%, respetivamente, alicerçada na retoma dos projetos de infraestruturas que foram adiados este ano, mas ressalva que "a incerteza sobre o calendário dos projetos mantém-se" e acrescenta que "os persistentes constrangimentos de financiamentos que afetam o setor público e privado, bem como as tensões de segurança no país, vão influenciar a atividade económica".
No que diz respeito à evolução do rácio da dívida pública face ao PIB, a Fitch Ratings estima que o valor aumente de 94% em 2019 para 120% este ano "devido às elevadas necessidades de financiamento e à depreciação do metical", que influencia o valor já que 86% da dívida pública está em moeda estrangeira.
"O Governo está a discutir uma possível reestruturação da dívida para além da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) com alguns credores oficiais bilaterais, e a Fitch considera que as autoridades não tencionam incluir a dívida comercial na reestruturação e no alívio da dívida", concluem os analistas. (Lusa)