O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal considerou hoje que a missão de formação militar da União Europeia em Moçambique é “muito importante” e servirá para “apoiar” as Forças Armadas moçambicanas na luta contra o “terrorismo na província de Cabo Delgado”.
“É uma missão muito importante que será comandada por um oficial general português e cujo objetivo é contribuir para que as Forças Armadas moçambicanas disponham de uma força de reação rápida que possa apoiá-los no processo de combate à insurgência e ao terrorismo na província de Cabo Delgado”, afirmou Augusto Santos Silva.
O chefe da diplomacia portuguesa falava aos jornalistas à saída do Conselho de Negócios Estrangeiros, que decorreu hoje em Bruxelas, e que aprovou formalmente o lançamento de uma missão de formação militar da União Europeia em Moçambique.
Afirmando que a aprovação da missão constitui “a conclusão formal de um processo que se desenvolveu ao longo” do semestre da presidência portuguesa do Conselho da UE – que terminou em 30 de junho –, Augusto Santos Silva elencou os diferentes passos que culminaram na missão intitulada EUTM Moçambique.
Começando por relembrar que, em janeiro de 2021, o próprio conduziu uma “missão política” em Moçambique enquanto enviado especial do alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Josep Borrell, o chefe da diplomacia portuguesa salientou que, após a viagem, foi aprovado o “quadro político necessário para a abordagem” da crise que se vivencia atualmente em Cabo Delgado.
Depois, seguiu-se a “realização de uma missão de peritos militares a Moçambique, em maio”, e o “endosso, por parte do Presidente [da República de Moçambique, Filipe] Nyusi, da proposta que lhe foi feita”.
“E, depois, ao longo de junho, a aprovação do chamado conceito para a gestão desta crise e a formalização, hoje, desta missão”, sublinhou.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) aprovaram hoje o lançamento de uma missão de formação militar em Moçambique que visa “treinar e apoiar as Forças Armadas moçambicanas” no “restabelecimento da segurança” em Cabo Delgado.
A missão fornecerá “treino militar, incluindo preparação operacional, treino especializado em contraterrorismo, e treino e educação na proteção de civis, respeito pelo direito internacional humanitário e lei dos direitos humanos”, segundo um comunicado publicado pelo Conselho da UE.
Em entrevista à Lusa, o brigadeiro-general do Exército português que irá liderar no terreno a EUTM Moçambique, Nuno Lemos Pires, afirmou que a missão começa a ser preparada agora, mas só estará em pleno funcionamento em final de outubro, data a partir da qual contarão os dois anos do seu mandato.
Nuno Lemos Pires explicou também que “ainda não está definido completamente o número de pessoas” que integrará a EUTM: “isso depois tem a ver com a ‘force generation’, ou seja, quando é que os países estão dispostos a dar”.
“Portugal disse que daria metade destas forças, calcula-se que serão em torno dos 120, 130, 150… Ainda não sabemos bem. Porque o planeamento começou agora. E o que sabemos nesta altura é que provavelmente vamos estar em duas bases: uma a sul, entre Maputo e Catembe, e outra a norte, entre a Beira e o Chimoio, para formar, respetivamente, forças especiais de Marinha e forças especiais de Exército. Esta é a missão principal e, para já, é o que se pode dizer”, realçou.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 732.000 deslocados, de acordo com a ONU. (Lusa)