“A decisão do Banco de Moçambique tem criado incertezas e especulações a nível do tecido empresarial e bancário, devido à dimensão do Standard Bank no mercado nacional e a mesma encontrou os agentes económicos desprevenidos, visto que não se tomou conhecimento de nenhum aviso prévio ou de alguma infracção que o Standard Bank teria cometido”, queixa-se a CTA num Boletim de Notícias interno.
De acordo com a nossa fonte, esse clamor foi apresentado semana finda numa reunião que a CTA manteve com o Fundo Monetário Internacional para avaliar o impacto da suspensão daquele que é considerado o terceiro mais importante banco do sistema financeiro moçambicano.
“A CTA partilhou com o FMI esta preocupação e a informação sobre o inquérito dirigido às empresas clientes do Standard Bank, instituição financeira com maior quota de depósitos em moeda externa no sistema financeiro moçambicano. Muitas grandes empresas usam este banco para a realização das suas transacções internacionais, estimando-se que cerca de 45% do volume de importações mensais totais do país são feitas através do Standard Bank”, lê-se no Boletim.
De acordo com a nossa fonte, os resultados preliminares do inquérito conduzido pela CTA indicam que as empresas que realizam transacções em moeda externa (incluindo importações, exportações, recebimentos e/ou pagamentos em moeda externa) têm vindo a ressentir-se dos impactos desta suspensão do Standard Bank, devido ao atraso nas transacções, custos financeiros e congelamento de pagamentos e recebimentos.
O Standard Bank foi suspenso de realizar todas as actividades que envolvam a conversão de moeda estrangeira no mercado cambial, a 30 de Junho último, na sequência das constatações apuradas durante a inspecção on-site em curso, pelo Banco de Moçambique.
Doze dias depois, o regulador do sistema financeiro nacional veio a público comunicar que foram instaurados processos contravencionais contra aquela instituição bancária e dois dos seus gestores, os senhores Adimohanma Chukwuma Nwokocha (Administrador-Delegado) e Carlos Domingos Francisco Madeira (Director da Banca Corporativa e de Investimentos), por infracções graves de natureza prudencial e cambial.
Além disso, o Banco de Moçambique diz ter aplicado sanções ao Standard Bank Moçambique, S.A. no valor total de 290 milhões de Meticais, suspensão até um ano da actividade cambial de conversão de divisas.
Ao antigo Administrador Delegado do Standard Bank, Chukwuma Nwokocha, recaiu uma multa no valor total de 6.3 milhões de Meticais e inibição do exercício de cargos sociais e de funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras no país por um período de 6 (seis) anos.
Por fim, ao Director da Banca Corporativa e de Investimento do mesmo banco, Carlos Domingos Madeira, pesou uma multa no valor total de 14 milhões de Meticais, inibição do exercício de cargos e de funções de gestão em instituições de crédito e sociedades financeiras no país por um período de 6 (seis) anos. (Evaristo Chilingue)