Desde o princípio de 2020, 40 pastores moçambicanos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), que foram enviados à República de Angola no âmbito do trabalho missionário, encontram-se abandonados e entregues à sua própria sorte naquele país do Atlântico.
O facto surge na sequência da cisão da IURD brasileira com o seu ramo de Angola, que culminou com a expulsão de alguns pastores brasileiros ligados ao bispo brasileiro Edir Macedo, o fundador da igreja.
De acordo com as fontes, após a ordem de encerramento dos templos da IURD, emitida pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola, em 2020 – indiciada pela prática de crimes de associação criminosa, fraude fiscal, exportação ilícita de capitais, quebra de confiança e outros actos ilegais – o Governo angolano decidiu também não renovar os vistos dos pastores moçambicanos, tendo informado à IURD Moçambique para repatriar os seus pastores, porém, até ao momento ainda não se pronunciou.
As fontes asseguram que as autoridades angolanas chegaram a equacionar a possibilidade de repatriar os 40 moçambicanos, porém, devido às “boas” relações diplomáticas entre os dois Estados, estas acabaram comunicando a IURD que, no entanto, ainda não se moveu.
As informações reportadas à “Carta” indicam que os 40 pastores continuam a residir nas casas pertencentes à Igreja naquele país, porém, enfrentam necessidade básicas, pois, a ajuda que recebem não chega para custear todas as despesas. Os pastores em causa, sublinhe-se, estão naquele país lusófono há mais de quatro anos.
“Quando contactam a Embaixada moçambicana em Angola, a mesma alega que estes devem ser repatriados por quem os levou para lá e, por sua vez, a Igreja diz que este é um assunto que deve ser tratado pela Embaixada”, conta uma fonte próxima ao processo.
“Se de facto querem voltar, podem escrever uma carta” – José Guerra
A nossa reportagem contactou a direcção da Igreja Universal do Reino de Deus em Moçambique para se inteirar dos factos relatados, porém, esta mostrou-se surpresa com a informação.
José Guerra, Presidente da IURD em Moçambique, disse não ter conhecimento do assunto, mas afirmou que “se, de facto, os pastores querem voltar a Moçambique, não custa nada, podem escrever uma carta a manifestarem o seu desejo de regressar ao país”.
Guerra assegurou que nunca teve conhecimento da carta enviada pela Embaixada moçambicana e, se esta foi enviada, talvez não se terá apercebido, pois, dedica-se mais à gestão da Televisão (Miramar) que da Igreja.
“Não tive informações sobre esta carta. Talvez me tenha passado despercebido, visto que trabalho mais com a Televisão e não com a Igreja. Mas vou procurar saber da mesma”, disse. (Marta Afonso)